Arroz: forte alta dos preços mundiais

Publicado em 11/07/2017 11:04
Patricio Méndez del Villar, pesquisador no CIRAD, Franca

Em junho, os preços mundiais registraram altas duas vezes mais fortes em relação ao mês anterior, que havia marcado o maior aumento mensal desde meados de 2014. Os preços tailandeses continuam impactando as tendências internacionais. Os preços vietnamitas também deram um salto significativo. Em contraste, os mercados nos EUA, Índia e Paquistão tiveram altas moderadas.

As tendências altistas se devem à diminuição das disponibilidades de exportação e à reativação da demanda dos países
importadores asiáticos, que buscam reconstruir seus estoques de segurança. A demanda do Oriente Médio e da África subsaariana também pesam sobre o comércio mundial, que deve aumentar 6% em relação a 2016. Desde já, os exportadores asiáticos apontam avanços confortáveis nas suas vendas externas em relação ao ano anterior, na mesma época.

Em junho, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) subiu 14,5 pontos para 208,6 pontos (base 100 = janeiro de 2000) contra 194,1 pontos em maio. No início de julho, o índice IPO tendia a cair para 206 pontos.

Produção e Comercio Mundiais

De acordo com a FAO, a produção global em 2016 aumentou 1,6% para 750 milhões de toneladas de arroz em casca (500Mt base beneficiado) contra 740Mt anteriormente. Este aumento se deve, principalmente, ao aumento das áreas semeadas, que se beneficiaram de condições climáticas normais graças a chuvas abundantes, especialmente no sul da
Ásia. Já no Sudeste Asiático e nas regiões orientais, os resultados foram fracos, principalmente na Indonésia, Vietnã e China.

Na África, as colheitas foram satisfatórias em quase todo o continente, exceto nas regiões do Sul, onde as culturas foram afetadas pela seca causada pelo El Niño. Esta anomalia climática também impactou a produção na América Latina e no Caribe. No Mercosul, as colheitas foram, em geral, boas neste ano, especialmente no Brasil, onde a produção cresceu 14%. A produção norte-americana pode diminuir em 2017 devido a uma redução nas áreas de cultivo de arroz.

Em 2016, o comércio mundial diminuiu 7% para 41,6Mt. Este é o volume mais baixo dos últimos cinco anos, uma consequência da redução da demanda asiática e do escasso crescimento da demanda africana. Do lado da oferta, todos os exportadores foram afetados pela redução do comércio global, exceto Tailândia e Paquistão, onde as exportações se
mantiveram relativamente estáveis. De acordo com as últimas projeções, o comércio mundial em 2017 deve aumentar 6%, superando 44,2Mt.

No entanto, esse nível seria inferior ao recorde de 45,5Mt em 2014. Os estoques mundiais de arroz no fim de 2016 teriam diminuído 2% a 171Mt. A contração afetou principalmente Índia e Tailândia, onde as autoridades públicas continuam liquidando seus estoques antigos. Em 2017, as reservas globais poderiam permanecer estáveis, em torno de
171Mt; um nível considerado confortável, equivalente a um terço do consumo mundial.

Atualidade do mercado mundial

Na Tailândia, mais uma vez, os preços do arroz subiram significativamente, acumulando uma alta de 20% nos últimos dois meses. É o maior aumento observado desde meados de 2014. A demanda externa segue ativa e as disponibilidades de exportação continuam caindo. O governo continua oferecendo seus antigos estoques para usos
industriais. Estes poderiam desaparecer completamente, antes da chegada da nova safra, a partir do último trimestre do ano.

Em junho, as exportações ficaram ao redor de 1Mt, contra 0,75Mt em maio, avanço de 8% sobre o ano anterior, no mesmo período. Em 2017, as exportações totais poderiam oscilar entre 10,5 e 11Mt. Em junho, o Tai 100% B subiu para US$ 451/t Fob contra $ 408 em maio. O Tai parboilizado também se valorizou fortemente a $ 450 contra $ 406. O arroz quebrado A1 Super aumentou 7% a $ 348 ante $ 324 em maio. No início de julho, os preços tendiam a cair.

No Vietnã, os preços do arroz saltaram de 12% em um mês. As vendas externas subiram fortemente para 700.000 t contra 550.000 t no mês anterior. No primeiro semestre do ano, as exportações vietnamitas atingiriam cerca de 3Mt, avanço de 15% em relação a 2016, na mesma época. A demanda asiática se mostra ativa, uma vez que os países importadores buscam reconstituir os estoques de segurança. Em junho, o Viet 5% subiu para $ 410/t contra $ 362 em maio. O Viet 25% subiu para $ 375 contra $ 342. No início de julho, os preços tendiam a diminuir ligeiramente.

Na Índia, os preços externos tiveram aumentos moderados em relação a outros concorrentes asiáticos. As disponibilidades de exportação se retraíram, mas as perspectivas de colheita em 2017 se anunciam promissoras graças a boas condições climáticas. A produção arrozeira pode aumentar 4% para um recorde de 108Mt (arroz beneficiado). Em
junho, o arroz indiano 5% subiu para $ 409/t contra $ 396 em maio. Já o arroz indiano 25% se manteve estável em $ 366. No início de julho, os preços permaneciam estáveis.

No Paquistão, os preços de exportação se mantiveram firmes, revalorizando em média 3%. As exportações estão progredindo lentamente e as perspectivas de vendas para 2017 indicam uma contração de 7% a 4Mt contra 4,3Mt em 2016. Em junho, o Pak 5% foi cotado a $ 433/t contra $ 418 em maio. No início de julho, os preços se mostravam firmes.
Nos Estados Unidos, os preços de exportação aumentaram 5% em um mês. As vendas externas têm diminuído, atingindo cerca de 265.000 t contra 275.000 t em maio. Em junho, o México foi novamente o principal destino para o arroz dos EUA. As vendas também progridem para a África Ocidental, Coréia do Sul e Japão. O preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 foi cotado a $ 500/t contra $ 477 em maio.

Na Bolsa de Chicago, os preços futuros do arroz paddy foram revalorizados em 8,4% marcando uma média mensal de $ 252/t contra $ 232 em maio. No início de julho, os preços futuros seguiam firmes em torno de $ 262/t. No Mercosul, os preços externos subiram 2% em um mês. Globalmente, a produção de arroz aumentou graças aos bons rendimentos, especialmente no Brasil e no Uruguai, onde níveis históricos são anunciados. Em vez disso, a colheita na Argentina caiu devido a uma redução nas áreas plantadas.

No Brasil, as exportações têm um atraso de 50% frente ao mesmo período do ano anterior. Em junho, o preço indicativo do arroz em casca no Brasil se manteve relativamente estável em $ 242/t. No início de julho, o preço do arroz em casca permanecia estável em $ 244. Na África Subsaariana, a produção de arroz teria aumentado 3% em 2016, graças a uma expansão das áreas arrozeiras e uma boa quantidade de chuvas, especialmente na África Ocidental. As ofertas nos mercados nacionais têm sido abundantes e as importações permaneceram relativamente estáveis, atingindo um dos mais baixos níveis de importação nos últimos cinco anos.

A redução das importações foi significativa sobretudo nos principais importadores (Nigéria, Costa do Marfim e Senegal). No entanto, as primeiras projeções para 2017 indicam um aumento de 2% das importações africanas de arroz.

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Patricio Méndez del Villar

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