Clima seco castiga estados do oeste do Corn Belt nos EUA
O Centro-Norte dos Estados Unidos já vem registrando, há alguns dias, uma padrão de tempo mais quente e com chuvas irregulares, o qual vem deixando os produtores norte-americanos ainda mais apreensivos.
"A situação não está legal para o produtor rural. Ele já está apreensivo desde o começo de junho, quando começamos o Tour de Safra e trouxemos as informações de um período de estiagem e eram visíveis os sinais do stress hídrico. As chuvas projetadas naquele período já não agradavam o produtor", relata o analista de mercado Matheus Pereira, da AgResource Brasil (ARC Brasil), direto de Chicago, em Illinois.
Neste momento, a maior parte das lavouras começa a entrar em estágios de reprodução e, até o final do mês, a maioria da safra no Corn Belt já estará nas fases de floração e polinização, períodos em que a umidade é determinante.
Segundo explica o agrometeorologista e analista do portal internacional DTN, Bryce Anderson, há alguns anos não se observava um tempo como este que está sendo previsto para o meio de julho como estamos observando neste ano. E a região que mais preocupa neste momento é a Oeste do Meio-Oeste americano, além das Planícies, principalmente os estados de Nebraska, Kansas, oeste da Iowa e mais as Dakotas.
"Ainda há algumas divergências entre os modelos climáticos norte-americano e europeu, mas em geral, convergem sobre a pontuação de um sistema de alta pressão sobre o Oeste e Sudoeste dos Estados Unidos. E isso identifica um padrão de tempo quente e seco para o Corn Belt", diz Anderson.
Assim, para o agrometeorologista as lavouras dessa região tendem a passar por algum estresse durante este período. "E o milho é a cultura mais propensa, agora, a este estresse, já que se encaminha para fase de polinização", completa, afirmando ainda que o ponto alto desse padrão pode ser observado em mais algo próximo a 7 dias.
Ao ser questionado se esse quadro poderia resultar em uma expressiva redução na colheita de milho, Anderson é enfático e diz que certamente sim. "Esta perspectiva é o resultado de uma evolução da área de milho nos últimos 10 a 20 anos, que trouxe mais a cultura para a região das Planícies do Norte. "E como sabemos, essa é a área que mais sofre agora com condições de seca, neste momento, nesta temporada" explica o especialista.
Um gráfico elaborado pela agência internacional Bloomberg mostra a evolução das áreas de milho, soja e trigo nos Estados Unidos, baseado nas últimas informações trazidas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Os destaques no milho ficaram por conta da Dakota do Norte, com um aumento de 400 mil acres (161,88 mil hectares) e Kansas, que apresenta um incremento de 100 mil acres (40,47 mil hectares), ambos localizados no Oeste do cinturão.
Ainda assim, também de acordo com dados do USDA, o índice das lavouras do cereal em boas ou excelentes condições subiu 1 ponto percentual em uma semana, passando a 68%. A melhora pôde ser observada em sete estados, enquanto outros sete indicaram uma piora. As 'piores' condições são observadas justamente nas Dakotas, Indiana, Ohio e Kansas.
O USDA estima ainda que a área 2017/18 de soja dos EUA seja uma das maiores da história, com 36,2 milhões de hectares, 7% a mais do que na temporada anterior. Entre os estados produtores que mais ampliaram seu espaço dedicado à oleaginosa estão Illinois, com mais 200 mil acres, a Dakota do Norte, com 300 mil e o Missouri, com 350 mil acres a mais.
E com 64% das lavouras norte-americanas em boas ou excelentes condições - 2% a menos do que o observado na semana passada - os estados que indicaram uma piora em seus índices foram também as Dakotas, Indiana, Ohio e o Missouri. As melhores classificações estão no Tennessee, Carolina do Norte, Mississipi, Kentucky e Louisiana, regiões mais ao leste - onde as chuvas estão mais regulares e onde as áreas semeadas com soja são menores.
Umidade do Solo
O índice nacional de umidade do solo caiu na última semana. Dados apontam que enquanto apenas dois estados indicaram uma melhora no nível de umidade, outros 16 apontaram números menores. "A melhora na umidade do solo foi observada somente em Iowa e no Missouri, enquanto em todo o Corn Belt pôde ser observada essa piora. Os menores índices estão nas Dakotas, Nebraska, Iowa e Illinois.
Mapas do portal AgWeb mostram, na sequência, que até esta quinta-feira, 6 de julho, há estados na região oeste do Meio-Oeste americano com o solo e o subsolo "excessivamente secos".
Os pontos em laranja e vermelho na imagem abaixo indicam onde a umidade é mais necessária neste momento.
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