Comercialização de soja atrasada na Argentina com chuvas dificultando escoamento da safra e preços pouco atrativos ao produtor
O analista de mercado Sebastián Gavalda, da Globaltecnos, conversou com o Notícias Agrícolas nesta quinta-feira (8) para comentar o andamento da colheita de soja na Argentina e as consequências que as chuvas têm trazido para a produção.
É um ano muito particular no país para o cultivo. Na Zona Núcleo da Argentina, a maior região produtora, composta por partes das províncias de Buenos Aires, Santa Fe e Córdoba, os caminhos estão impossibilitados para o transporte. Assim, a soja enfrenta um problema logístico grande. Há 2,5 milhões de hectares concentrados nessas áreas.
A colheita de soja no país, que está em 85% (dados de 1 de junho), está atrasada em algumas áreas, mas não deve haver problemas expressivos com perdas de rendimento ou de qualidade. Até o momento, o rendimento médio se encontra em 3200kg por hectare. No centro-norte, a colheita já está praticamente finalizada.
As dificuldades logísticas, por sua vez, atrapalham o avanço da comercialização de soja. Segundo Gavalda, há um compromisso de comercialização de 22 milhões de toneladas, das quais foram entregues apenas 12,1 milhões de toneladas até o momento. No ano passado, para essa mesma data, o compromisso era de 25,6 milhões de toneladas, com 18,3 milhões de toneladas entregues.
Hoje, a soja na Argentina está sendo negociada em torno de US$250. Este é um preço considerado baixo, tendo em vista que não cobre o custo de produção. As últimas altas em Chicago já estimularam vendas de cerca de 2 milhões de toneladas de soja, mas essas negociações ainda são isoladas.
Ainda há um percentual alto de direitos de exportação sobre a soja argentina, as chamadas 'retenciones', de 30%. A partir de janeiro de 2018, as retenciones terão uma diminuição de 0,5% ao mês, chegando a 18% em dezembro de 2019, melhorando a situação do sojicultor argentino. Entretanto, sem incentivo e sem rentabilidade para os produtores, a área deste ano não deve crescer, com produtores optando pelo milho.
O trigo, por sua vez, deverá também sofrer uma queda na área por questões de logística e de excesso de chuvas.
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