Por incertezas, volume de negócios do boi gordo na BM&F quadruplica mesmo com queda no preço

Publicado em 01/06/2017 12:04
Daniel Latorraca Ferreira - Superintendente do Imea - Cuiabá/MT
No MT, 42% dos animais que seriam confinados ainda não foram adquiridos. Receosos pela liquidez, produtores estão desistindo de confinar
 

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Daniel Latorraca Ferreira - Superintendente do Imea

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Cenário de incerteza é a definição exata para explicar a atual dinâmica no mercado do boi gordo. Desde o começo do ano, os futuros do boi na BM&F vinham precificando valores pouco atrativos, fator que foi determinante para redução no volume de contratos.

Mas, desde o fatídico 18 de maio - data da divulgação dos áudios do empresário da JBS, Joesey Batista, com o presidente, Michel Temer - o volume de contratos na Bolsa quadriplicou, ao passo que os preços caíram 3,12% de 18 a 26 de maio. Atualmente, o outubro/17 está cotado a R$ 132,69/@ perdendo 0,05% por volta das 10h00 (horário de Brasília).

Segundo o superintendente, Daniel Latorraca, do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), os agentes de mercado operaram com mais intensidade nos últimos dias, em função das incertezas quando ao mercado nos próximos meses.

"Esse aumento na média diária também foi conseqüência de alguns contratos maio/17 que foram rolados para outubro/17. Mas, o ponto mais importante é que há nesse momento uma expectativa de que os preços possam cair mais nos próximos meses, por isso todos - indústrias e até pessoas físicas - estão se protegendo", diz Latorraca.

Considerando o preço atual indicado na Bolsa de R$ 132/@ para outubro e o diferencial de base São Paulo, a cotação real da arroba no Mato Grosso, para esses contratos travados seria de R$ 117/@, contra R$ 121/@ praticado nessa semana no mercado físico.

Tanto no spot, quando os futuros, estão pressionados e os produtores sem muita definição de como será os próximos meses. Por isso, a expectativa do Imea é de que o confinamento possa reduzir significativamente em 2017. Segundo levantamento da Acrimat (Associação dos Criadores do Estado), a intenção de confinar recuou 7%, isso considerando apenas as conseqüências da operação Carne Fraca.

"Com toda a preocupação da JBS - que em minha opinião é um problema muito maior para o setor, do que a Carne Fraca - é possível que essa intenção caia ainda mais", ressalta o superintendente.

Segundo ele, das 700 mil cabeças estimadas inicialmente pelo Imea e Acrimat, apenas 58% desses animais estavam adquiridos, os outros 42% restam ser comprados. "Esse volume é significativo, sendo possível pensar que diante de tantas incertezas o produtor que ainda não fez essa programação, deixe de confinar neste ano", acrescenta Latorraca.

A grande preocupação é quanto à liquidez desse mercado, mesmo que os custos sejam menores neste ciclo. Os recentes escândalos envolvendo o Presidente da República trouxeram novamente o sentimento de dúvida em relação à recuperação economia.

No mercado internacional, o dólar pode ser o fator de alento para esse escoamento da produção. "Acredito que com esse dólar mais atrativo, consigamos recuperar nossas exportações, mas de qualquer forma, ainda é incerto o andamento do mercado interno."

A verdade é que o cenário ainda é obscuro, e os produtores estão procurando se precaver com as ferramentas que detêm.

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Por:
Larissa Albuquerque
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • luiz ricardo lacerda Goiânia - GO

    Já que os pecuarists não querem vender direto para a JBS a mesma se delicia na BMF. Pra variar derrubando os preços. Infelizmente no Brasil os velhacos sempre tem uma maneira de enganar os ingênuos. Espalham o pânico.

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