Café: Cotações caem na Bolsa de Nova York à medida que previsões de colheita melhoram no Brasil

Publicado em 31/05/2017 17:39

As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam a sessão desta quarta-feira (31) com baixa de mais de 250 pontos e alguns vencimentos voltaram a ficar abaixo do patamar de US$ 1,30 por libra-peso. Além de questões técnicas e gráficas, o mercado recua, principalmente, à medida que melhoram as expectativas em relação à colheita da safra 2017/18 do Brasil.

O contrato julho/17, referência de mercado, fechou a sessão cotado a 129,35 cents/lb com queda de 275 pontos, o setembro/17 registrou 131,70 cents/lb com recuo de 270 pontos. Já o vencimento dezembro/17 encerrou o dia com 135,25 cents/lb e desvalorização de 270 pontos e o março/18, mais distante, também caiu 270 pontos, fechando a 138,65 cents/lb.

"Em um dia de bom volume de negócios, 48.056 lotes, os preços do café arábica fecharam em baixa na Bolsa de Nova York. Na abertura, as cotações trabalharam em alta chegando na máxima de 133,40 cents/lb (alta de 130 pontos), porém o movimento não teve sustentabilidade vindo a reverter chegando na mínima de 128,30 cents/lb (baixa de 380 pontos, abaixo de 130,00 cents", disse em relatório o analista de mercado da Origem Corretora, Anilton Machado.

As previsões que rondam o mercado do café arábica e pressionam os preços, segundo agências internacionais de notícias, apontam colheita melhor do que o esperado inicialmente pelos operadores no Brasil, que é o maior produtor e exportador da commodity no mundo. A Citi Research, do banco Citibank, atualizou sua previsão de colheita no Brasil para a temporada 2017/18 para 48,3 milhões de sacas.

A empresa disse ainda que o clima favorável tem ajudado a cultura em estados como o Espírito Santo e Bahia. A Citi espera que a demanda global ultrapasse a oferta em 3 milhões de sacas.

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima que a safra de café do Brasil neste ano fique em 45,5 milhões de sacas de 60 kg do produto beneficiado, com uma redução de 11,3% quando comparado às 51,4 milhões de sacas de 2016. O café arábica, 78% do total produzido no país, deve recuar 18,3%, estimando-se que sejam colhidas 35,4 milhões sacas, e o conilon que responde por 22% do total produzido, deve registrar crescimento de 26,9% frente ao ciclo anterior, com uma produção estimada de 10,1 milhões de sacas.

Já o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou recentemente em relatório que a produção do Brasil deve ficar em 52,1 milhões de sacas neste ano. O número representa uma queda de 4 milhões de sacas ante a safra anterior. O adido traz que as "floradas adequadas e condições climáticas favoráveis na maior parte das regiões produtoras provavelmente vão contribuir para boas produtividades".

"O café arábica está entre as culturas mais impactadas e sensíveis à depreciação do real brasileiro", disse a Citi Research ao site internacional Fox Business, acrescentando que os preços abaixo de US$ 1,30/lb parecem estar sobrevendidos além dos fundamentos do mercado. A turbulência política no Brasil pesou bastante sobre a moeda nos últimos dias.

O dólar comercial fechou a sessão desta quinta com queda de 0,79%, cotado a R$ 3,2364 na venda, repercutindo a formação da Ptax de final de mês. Em maio, no entanto, a divisa acumulou alta de 1,94% com os reflexos da crise política que afetou o governo o presidente Michel Temer. O câmbio impacta diretamente as exportações da commodity.

As chuvas no Brasil nos últimos dias atrapalharam o andamento dos trabalhos de colheita no campo das principais regiões produtoras. De acordo com dados do Sismet (Sistema de Monitoramento Meteorológico Cooxupé), até o dia 30 de maio, a cidade de Guaxupé (MG), no Sul de Minas Gerais, registrava 114,2 milímetros de chuva acumulada. Em Coromandel (MG), no Cerrado Mineiro, o acumulado no mês foi um pouco menor, de 91 mm, e em São José do Rio Pardo (SP) há dados de chuvas acumuladas no período de 111,4 mm.

"Produtores que já haviam iniciado a colheita de cafés precoces da temporada 2017/18 tiveram que interromper as atividades, e aqueles que planejavam iniciar os trabalhos decidiram esperar. Os reais prejuízos quanto à qualidade da bebida ainda não foram calculados, o que deve acontecer nos próximos dias", explicou em nota o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, Esalq/USP).

As chuvas já diminuíram ao longo da semana passada e a expectativa é de que as atividades sejam intensificadas nos próximos dias, favorecidas pela previsão de tempo mais seco, segundo a Climatempo.

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Mercado interno

Apesar da colheita já acontecer em algumas regiões produtoras do Brasil e com os preços do grão tendo alguns picos de alta no final da semana passada, o mercado interno do café arábica segue com negócios lentos nas principais praças de comercialização.

"Os negócios com o arábica seguem lentos e ainda tem pouco café novo disponível no mercado. A busca dos compradores neste momento é por cafés desse tipo. Do outro lado, os produtores seguem descontentes com os atuais patamares de preço", explica Renato Garcia Ribeiro, analista de café do Cepea.

O café tipo cereja descascado registrou maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com queda de 2,88% e saca cotada a R$ 505,00. A cidade teve a maior oscilação dentre as praças no dia.

O tipo 4/5 anotou maior valor de negociação em Franca (SP) (-1,06%) e Varginha (MG) (-1,06%), ambas com 465,00 a saca. A maior oscilação dentre as praças no dia ocorreu em Poços de Caldas (MG) com queda de 2,77% e saca a R$ 457,00.

O tipo 6 duro anotou maior valor de negociação em Araguari (MG) (estável) com R$ 470,00 a saca. A maior oscilação no dia ocorreu em Patrocínio (MG) com baixa de 3,30% e saca a R$ 440,00.

Na terça-feira (30), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 458,54 e alta de 0,21%.

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Por:
Jhonatas Simião
Fonte:
Notícias Agrícolas

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