O agronegócio e as crises interna e externa: Desafios e oportunidades, por Geraldo Barros
Há um grande interesse em nível mundial a respeito de como o agronegócio brasileiro vai reagir à crise interna pela qual o País vem passando. Quão dependente é o agronegócio do apoio do governo e como suportará as restrições fiscais que deverão perdurar por vários anos? Outra questão que vem sendo posta refere-se ao impacto que uma possível desaceleração no crescimento da China teria sobre o agronegócio do Brasil. Tendo a China como principal destino de suas exportações, como o agronegócio brasileiro reagiria a uma queda de demanda desse país, com especial destaque para a soja?
Do lado fiscal, é importante esclarecer, antes de mais nada, que o apoio recebido pelo agronegócio não é expressivo o suficiente para que o setor venha a se ressentir significativamente do endurecimento fiscal, desde que sejam mantidos os modestos investimentos em ciência e tecnologia e as também parcimoniosas políticas nas áreas de gerenciamento de risco, mudanças climáticas, agricultura de baixo carbono, e as voltadas para aspectos sanitários, por exemplo.
Depois da década de 1980, o grau de proteção e apoio público dado à agropecuária nacional caiu aos menores níveis mundiais. Um fator fundamental para o agronegócio, entretanto, é a infraestrutura – que não se inclui nas aplicações agrícolas no orçamento público, que demanda vultosos investimentos, para os quais o governo não conta com recursos. Aqui, a solução é o desenho de novos modelos envolvendo o setor privado e que superem os entraves que essas iniciativas têm enfrentado.
Quanto às mudanças no mercado externo, o agronegócio brasileiro deve ficar atento para as ameaças e oportunidades que devem emergir da nova configuração dos padrões de comércio mundial, principalmente as relacionadas ao reposicionamento ainda imprevisível dos Estados Unidos sob a administração Trump. Em relação à possível desaceleração da China, as expectativas são de que seja moderada, mantendo-se esse país como principal destino das exportações brasileiras.
Ademais, o agronegócio tem-se mostrado resiliente às mudanças nas condições mercado. O setor opera numa perspectiva de longo prazo, mantendo o contínuo empenho na busca de produtividade e eficiência, o que tem garantido um crescimento sustentável ao longo de décadas, sem pressão importante sobre os seus preços relativos – e, portanto, sobre a inflação – no mercado interno. A tendência é a de que, havendo um crescimento razoável no mercado internacional, o setor mantenha-se viável, garantindo, ao mesmo tempo, o abastecimento nacional. Ou seja, a recessão tem atingido o setor, como regra, de forma suportável no curto prazo. Clima e ocorrências de pragas e doenças têm sido os fatores que mais ameaçam o setor. É ilustrativo o crescimento esperado na safra corrente. É claro, de qualquer forma, que as perspectivas atuais de alguma recuperação da economia nacional são bem-vindas para o agronegócio.
Nunca é demais destacar que o agronegócio tem papéis fundamentais para a sociedade brasileira, o que não ocorre nas economias mais desenvolvidas com as quais compete no mercado internacional. Por ser um país de renda média e com elevado grau de concentração de renda e pobreza, um agronegócio eficiente – que produza volumes crescentes a preços estáveis ou decrescentes, como é o caso do Brasil – é instrumento essencial para tornar eficazes as políticas distributivistas de transferência de renda e de salários. Não se pode deixar de lembrar, a propósito, que o índice de pobreza no meio rural é praticamente o dobro do observado no País como um todo, questão que deve estar como prioritária na agenda dos formuladores de política pública. Como incluir produtivamente em torno de 70% dos agricultores brasileiros?
Para a sociedade como um todo, o importante é ter em conta que o governo distribui dinheiro e o agronegócio ajuda a transformar esse dinheiro em renda (capacidade de consumo). No Brasil, o agronegócio também representa fonte de 21% do PIB e de 21% do emprego, tendo um potencial não desprezível para ajudar na recuperação econômica do País. O setor é, ainda, supridor de imprescindíveis reservas internacionais. Mais do que oportunidades legítimas de ganhar dinheiro para os empreendedores, o agronegócio tem um papel social da mais alta relevância no Brasil.
*O conteúdo deste artigo se refere à apresentação realizada no dia 23 de fevereiro pelo coordenador científico do Cepea, Geraldo Barros, na 93ª edição do Agricultural Outlook Forum (Panorama da Agricultura, em tradução livre), realizado pelo USDA (Ministério de Agricultura dos Estados Unidos).
1 comentário
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Dalzir Vitoria Uberlândia - MG
Acabo de ler no site da globo e prejuizo monstro da BRF no ano passado.. mas para quem conhece o negocio sabia que as atitudes tomadas levaria a esta situação..
1)Contratar ILUMINADOS...e SUPER INTELIGENTES mas sem a devida BAGAGEM sobre o setor e a cadeia em que a empresa trabalha é o primeiro passo a para o PREJUIZO... 2) Encontrei dia destes uns auditores numa transportadora que presta serviço a BRF...era de chorar tanta burrice..incompetencia e INOCENCIA...como comandei e área na Perdigao mais de 10 anos conheço o metiê...perguntei a eles onde tinham ido pessoas competentes de minha equipe e da Sadia que conhecia...me disseram que foram demitidos a maioria...ou seja demitiram quem conhece..sabe..e contrataram outros pela metade do valor...ou seja outro grande caminho ao prejuizo.. 3)Me contaram ainda que a BRF tinha contratado um diretor de uma fabrica de cimento...diziam tratar se de um prodigio em inteligencia...mas suas atitudes eram de um IDIOTA ou seja tomar uma descisão em uma agroindustria que envolve toda a cadeia é diferente de uma industria de cimento...mais um caminho ao PREJUIZO.. 4)Vejo produtores rurais em Uberlandia com os (integrados a BRF) com barracoes de produção de perú jogados as traças...vejo no Alto vale do Itajai em Taio..Salete..Rio do Campo etc mais de 400 aviarios abandonados pela BRF..estes aviarios no alto vale tinham um custo de logística mais alto..mas em contrapartida tinham custos menores em face ao desempenho dos lotes de aves devido a excelentes condições de clima...ou seja igualavam os custos a 40 Km de distancia da industria...ou seja abandono de parceiros da forma que fizeram levam ao PREJUÍZO...duvido que Seu Atilio e Seu Saul tomariam esta atitude..e olha que eles construiram as duas empresas...ou sejam tinham respeito as pessoas..tanto parceiros como funcionarios... 5)E por último a Seara em empresa onde trabalhei por mais de 10 anos tem na avicultura um desempenho exepcional no sistema integrado..onde apesar das divergencias que tive com Dr Benhur nesta area o desempenho é fora de serie... 6) Por último o Abilio Diniz diz ter formado um comitê para superar a crise..ora esta comitê tem dois membros da sadia...e ambos tem baixa eficacia em competencia a sair da crise pois a mairia dos executivos Sadia é xerox do hino nacional..deitado eternamente em berço esplendido...e isto leva ao prejuizo... 7)As trocas de experiencia por iluminados IDIOTAS..levam a situaçoes de jogar os prejuizos aos fornecedores como estrategia já colocadas no site..e também ficar com silos vazios de milho enquanto o preço disparava de 15 para 60,00 o saco...isto tudo GERA LUCRO!!!!!! vão ser incopetentes lá em Salto Veloso...Lindoia...etc...e se acham o rei da Cocada Preta..Parabéns Sr. Dalzir ! O Sr. deveria enviar seu comentário ao Sr. Abílio , acho que ele iria gostar ! Me lembra o Sr. Eike quando queria ser o maio do mundo , contratando gênios que o levaram a bancarrota !
se me disserem como faço para chegar até o Abilio Diniz...me informem que repasso a ele...
DALZIR tente via faceboock