A Parceria Transpacífico (TPP) é uma oportunidade para o Brasil, por Marcos Jank
O Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) – publicou a "Agenda de Política Comercial" do presidente Trump para 2017. O teor do texto indica que os americanos podem retomar as práticas do período que antecedeu a globalização dos anos 1990, que o famoso economista Jagdish Bhagwati denominou de "unilateralismo agressivo". Grosso modo, os EUA decidiam, de forma soberana e não recíproca, quais países estariam praticando "comércio desleal" e exigiam compensações sob a ameaça de sanções unilaterais.
O paralelismo com o momento atual é inevitável. Nos anos 1970 e 1980, o motivo da proteção americana era a concorrência alegadamente desleal do Japão e dos tigres asiáticos. Hoje são a China, o México e a Parceria Transpacífico (TPP).
Embora potencialmente prejudicial para a economia global, o novo protecionismo americano pode criar oportunidades para o Brasil. Mas, para capturar seus benefícios, temos de nos mexer – e rápido!
Já perdemos a chance de criar a Alca, nosso primeiro "mega-acordo", e atrasamos, de forma exagerada, as negociações com os europeus. De 2008 para cá, ficamos órfãos da Rodada Doha e deixamos de participar de vários acordos plurilaterais que se cristalizaram desde então, a maioria sob a liderança dos Estados Unidos e da União Europeia.
Com a nova posição americana e o "brexit", abre-se um vácuo de poder e liderança no mundo. A pergunta é: vamos apenas observar ou assumiremos um papel protagônico?
Os países que cercam o Pacífico – da Ásia, Oceania e América Latina - parecem desnorteados, mas não ficarão paralisados. Um exemplo é a primeira reunião ministerial da TPP após o desligamento dos EUA, em Viña del Mar, Chile, nos dias 14 e 15. China e Coreia do Sul já confirmaram presença como observadores. Por isso, Brasil e Argentina não podem perder essa oportunidade para entender como ficará a TPP e se posicionar. O México, que poderia tomar as rédeas desse processo, encontra-se paralisado pela "renegociação" do Nafta.
O fato é que, ao contrário do que parece ocorrer nos EUA e na UE, a Ásia e as economias mais dinâmicas da América Latina continuam querendo se integrar cada vez mais.
Além dos 12 países da TPP que vão se reunir no Chile, há a integração potencial dos 21 países da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico) e dos 16 do RCEP, megabloco asiático oficialmente liderado pela Asean (10 países do Sudeste Asiático), porém extraoficialmente pela China. Ou seja, não faltam tabuleiros para o Brasil jogar nessa região, que abriga 60% da população do planeta.
Nesse contexto, o governo brasileiro deveria participar ativamente da reunião da TPP no Chile, entender a nova dinâmica do comércio global e avançar o mais rápido possível na estratégia de novos acordos.
A Ásia é vista como a grande janela de oportunidade de integração para o agronegócio, respondendo por quase metade das exportações do setor. Barreiras comerciais e burocráticas impedem o crescimento, a diversificação e a adição de valor das nossas exportações agroindustriais para aquele continente.
Já a indústria vê oportunidades mais imediatas na Europa como um todo, EUA, Canadá e Aliança do Pacífico (México, Colômbia, Peru e Chile). Contudo, é importante o setor industrial olhar a Ásia mais como fonte de ganhos do que de perdas comerciais. Japão e Índia são dois exemplos e há oportunidades comerciais e de atração de investimento pouco exploradas nos demais membros da TPP – Austrália, Cingapura, Nova Zelândia, Malásia e Vietnã.
A agricultura é parte fundamental e dinâmica da indústria brasileira. O interesse de ampliar o comércio e os investimentos é convergente nesses dois setores, assim como o pleito para que o país aproveite o vácuo de liderança nas políticas comerciais e assuma presença e protagonismo em todas as frentes possíveis de negociação.
Como diz a expressão latina, "tempus fugit". A hora é de ação.
(*) Marcos Sawaya Jank é especialista em questões globais do agronegócio. Escreve aos sábados, a cada duas semanas.
(**) Diego Bonomo é gerente executivo de comércio exterior da Confederação Nacional da Industria (CNI).
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Guilherme Frederico Lamb Assis - SP
Aqui tem um artigo escrito por Filipe Martins detalhando o assunto:
http://sensoincomum.org/2017/01/23/donald-trump-protecionista-tpp/Guilherme Frederico Lamb Assis - SP
Acho importante esclarecer o que é o tal acordo TransPacifico (o que não esta sendo feito na pratica para os leigos): O tal acordo não trata necessariamente de livre mercado e sim de um mercado regulamentado por um organismo que pretende tirar autonomia dos países. O tal acordo tem 5.000 paginas e é um emaranhado de burocracias... ao meu ver, o que oferece maior risco a soberania dos países é uma das cláusulas onde diz que o países membros devem aderir bovinamente às regras acordadas dentro do tratado (uma lei ambiental criada por esses burocratas, por exemplo, vai ser aplicada automaticamente a todos os países membros sem que os representantes do povo de cada um desses países tenham o direito de veto)... O melhor resumo do tal acorda esta aqui, https://www.youtube.com/watch?v=y02vSRssi4E&feature=youtu.be
Em vídeo, Filipe G. Martins que traduziu e analisou o tratado para o governo Brasileiro explica a armadilha.