Produção brasileira deve reduzir déficit global de açúcar e segurar preços
O rali que elevou os preços do açúcar bruto no final de 2016 deverá ficar sem fôlego este ano, já que a principal região produtora do Brasil parece estar pronta para uma produção recorde que reduziria o déficit da oferta mundial.
O déficit desaparecerá no próximo ano agrícola de 2017/18, de acordo com sondagem da Reuters feita junto a 18 empresas, analistas e especialistas do setor, já que o movimento dos preços no ano passado aumentou as expectativas de produção. O mercado global mudou para déficit no ano passado, depois de meia década de produção excedente.
A safra excelente do Brasil pode limitar os ganhos adicionais nos preços de referência do açúcar bruto na ICE Futures EUA, que se esperava que fosse pouco alterada em 21 centavos por libra no final do primeiro trimestre, de acordo com a estimativa mediana.
Os entrevistados fixaram o preço em 21,25 centavos até ao final do ano, um aumento de 1% em relação aos actuais níveis. Os preços tocaram um pico de mais de quatro anos perto de 24 centavos em outubro.
As usinas da principal região centro-sul do Brasil direcionarão mais de 47% de sua safra de cana para a produção de açúcar na safra 2017/18, que começa em abril, de acordo com a pesquisa.
Essa seria a maior parte da safra que eles dedicaram ao adoçante desde a temporada 2012/13, de acordo com dados da indústria de cana-de-açúcar.
A estimativa média fala numa produção de açúcar do centro-sul do Brasil em mais de 35 milhões de toneladas na próxima safra, superando o recorde alcançado na safra que acabou de terminar.
Os ganhos nos preços do açúcar branco do ICE deveriam ser maiores até o final de 2017. A previsão colocou os preços no final de março em 1%, com US $ 555 por tonelada, mas acima de 10% a US $ 605 no final do ano.
Isso dependerá da quantidade de açúcar produzida na União Européia neste ano, já que as restrições governamentais à produção foram abolidas, disseram os comerciantes.
"Se tudo correr de acordo com o cronograma, os preços cairão por aqui", disse Michael McDougall, diretor de commodities da Société Générale de Nova York.
"Mas nós estamos olhando para (produção) melhorias na Europa, Tailândia e Índia, para citar alguns, em reação aos preços mais elevados", acrescentou. "Mas o tempo é o grande desconhecido."
Se a Índia, maior consumidor do mundo, precisar importar este ano será um fator importante na demanda, concordou a maioria das fontes ouvidas.
Por Chris Prentice/Marcelo Teixeira
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