Blairo Maggi volta de viagem internacional e dará aval sobre importação de café robusta
O ministro da agricultura Blairo Maggi voltou aos trabalhos no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) nesta quarta-feira (1º) após participar de missão internacional na Europa e Estados Unidos. Agora, todos os levantamentos realizados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) dos estoques de café robusta e as recomendações dos técnicos serão encaminhados para o chefe da pasta tomar uma decisão. Tudo indica que Maggi deverá autorizar pela primeira vez na história a importação, atendendo assim um pedido da indústria.
"Tecnicamente estamos bem embasados e eu estou convencido que isso (importação) deverá ser feito. Mas é um tema muito delicado para o Brasil. Raríssimas vezes o Brasil importou café e tem uma resistência muito forte por parte dos produtores, especialmente os do Espírito Santo, e os políticos do Espírito Santo estão mobilizados", disse Blairo à agência de notícias Reuters. "É uma briga grande!". O ministro foi chamado, inclusive, para falar com o presidente Michel Temer, que pediu "muita calma". "É uma decisão que, no momento que se tomar, ela vai criar arestas políticas", afirmou Blairo.
A Conab estimou os estoques de café robusta em cerca de 2,2 milhões de sacas de 60 kg no Brasil. O volume, segundo o Mapa, é considerado baixo para a manutenção da atividade da indústria brasileira. O Espírito Santo, maior estado produtor do grão, enfrenta consecutivas safras afetadas pela seca.
Segundo o jornal Valor Econômico, fontes do governo afirmaram que a pasta tende mesmo a recomendar novamente a liberação da importação à Camex (Câmara de Comércio Exterior), órgão do Ministério do Desenvolvimento. Blairo chegou a pedir a autorização ainda em novembro de 2016 à Câmara, mas retraiu diante de um pedido do setor produtivo e solicitou o levantamento dos estoques no país. Se o ministro autorizar a importação, uma reunião extraordinária da Camex deve ser agendada.
"A decisão que sairia de lá eu não tenho como precisar", admitiu Blairo.
O jornal afirma ainda que o ministro interino do Mapa, Eumar Novacki, tentou dar um veredito sobre o assunto, mas enfrentou resistência de entidades representativas do setor produtivo de café e parlamentares ligados à atividade.
Representantes da indústria de café solúvel e torrado e moído pleiteiam a importação de 200 mil sacas mensais desde o fim do ano passado, no período compreendido entre janeiro e maio, volume que seria isento da tarifa de importação. Acima disso, seria aplicada a Tarifa Externa Comum (TEC) de 35%. Os cafés poderiam ser importados de países como o Vietnã e Indonésia.
Já o setor produtivo afirma que existe sim café disponível no país e que as indústrias não precisariam fazer a importação. De acordo com o deputado federal Evair Vieira de Melo (PV-ES), os números divulgados pela Conab cometem um "equívoco metodológico" e não correspondem com a realidade vivenciada nos estados produtores, que possuem estoques muito maiores.
Os números levantados pelos setores do café conilon apontam um estoque de 500 mil sacas disponíveis na Bahia, 200 mil sacas disponíveis em Rondônia e um pouco mais de 3 milhões de sacas no Espírito Santo. Portanto, o número da Conab não representa nem 1/3 da realidade apontada.
"Trabalhamos muito para chegar a uma convergência entre o setor e a indústria porque os dois campos são importantes. O Ministério da Agricultura defende o produtor, mas entende que a indústria é importante porque ela consome e vende lá fora o produto com valor agregado, mas infelizmente não se chegou a um consenso. Vamos encaminhar ao ministro Blairo o levantamento, relatar o que aconteceu aqui e a decisão será do governo", disse o secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller, após reunião em janeiro que não teve consenso sobre o assunto. "Se liberar, o setor pode ter certeza que será feito com critérios rigorosos", ponderou.
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