(Reuters) - As chuvas que caíram nos últimos dias em diversas regiões da Argentina não alcançaram o sudeste da província de Buenos Aires, o principal distrito agrícola do país, onde uma seca ameaça parte das lavouras de soja da atual safra, disseram especialistas agroclimáticos.
Durante o fim de semana, foram reportadas chuvas abundantes em grande parte do coração agropecuário da Argentina, maior exportador mundial de óleo e farelo de soja. Mas o sudeste de Buenos Aires, onde uma seca impede o plantio da soja, não recebeu chuva, o que poderá reduzir a área dedicada à oleaginosa.
"A contrapartida do que, no geral, tem sido chuvas muito generosas, é o sudeste de Buenos Aires, que segue em seca", disse à Reuters German Heinzenknecht, meteorologista da Consultoria de Climatologia Aplicada, que acrescentou que áreas do centro-sul da província também precisam de mais água.
O chefe de Estimativas Agrícolas da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, Esteban Copati, sinalizou que a falta de chuvas no sudeste de Buenos Aires poderia impactar na área semeada com soja na região, que o órgão estimou em 1,65 milhão de hectares, de um total de 19, milhões de hectares para todo o país.
"O sudeste segue complicado. O que mais complica é que a semeadura ali acontece até 10 de janeiro, porque não se pode atrasar mais a data do plantio da soja", explicou Copati.
Durante os próximos dias, não estão previstas chuvas nas regiões agrícolas da Argentina, embora Heinzenknecht disse que no próximo fim de semana voltariam a ser relatadas chuvas.
Produtores de soja argentinos e empresas de sementes avançam em negociação sobre royalties
BUENOS AIRES (Reuters) - Produtores de soja na Argentina e as companhias que vendem a eles as sementes transgênicas podem estar perto de um avanço nas negociações após um impasse de meses que levou a Monsanto a parar de vender sua nova tecnologia de transgênicos no país.
O representante das companhias de sementes nas negociações com produtores sobre um projeto de lei que está pendente no Congresso disse nesta terça-feira que os dois lados estão dispostos a avançar em direção a um acordo que iria estender o período de tempo no qual produtores teriam de pagar royalties sobre as sementes geneticamente modificadas.
O projeto de lei, apoiado pelo governo, diz que produtores terão de pagar royalties por três temporadas após a compra inicial das sementes transgênicas. Mas as companhias querem que os royalties sejam pagos por um período maior, segundo Alfredo Paseyro, o negociador da ASA, o grupo que representa as companhias de sementes, incluindo a Monsanto.
"O tempo durante o qual os royalties terão de ser pagos serão negociados de um modo que funcione tanto para a indústria de sementes quanto para os produtores. A boa notícia é que agora ambas as partes estão dispostas a negociar", disse Paseyro.
O resultado das negociações será incorporado ao projeto de lei que será debatido e votado pelo Congresso.
A Monsanto disse que não venderá tecnologia nova na Argentina até que o acordo dos royalties seja alcançado. Isso ameaça colocar produtores argentinos em desvantagem contra seus competidores brasileiros e norte-americanos.
(Por Maximiliano Rizzi; reportagem adicional de Hugh Bronstein)