A hora certa de aplicar o fungicida, por Ricardo Silveiro Balardin

Publicado em 21/12/2016 16:15

No momento em que aparece a quarta ou quinta folha a decisão começa para o agricultor que plantou a sua soja. O que fazer? Aplica ou não o fungicida? O que é preciso observar? O clima influencia nesta decisão? Preciso observar se tem inóculo antes de aplicar?

São muitas questões que influenciam a produtividade do agricultor na hora do manejo de resistência de doenças e pragas. Para que elas sejam respondidas de forma correta é preciso entender como funciona a fisiologia da planta e também da doença. Sem o conhecimento necessário, a decisão errada poderá afetar toda a produção. Mesmo utilizando o fungicida, mas neste caso de forma tardia, provavelmente você terá um controle ineficaz e terá de combater um surto de ferrugem ou manchas.

É muito importante que fique claro como funciona o processo. Com quatro ou cinco folhas a infecção da soja por manchas, por exemplo, já aconteceu. A ferrugem, por ter uma progressão um pouco mais lenta, está acontecendo. O fato de chover ou não, tem mais a ver com o tempo de evolução da doença, que no período chuvoso é mais rápido. Entretanto, a inoculação da soja está acontecendo, pois em grande ou pequena escala, o vento e a chuva já auxiliaram neste processo.

A dúvida desta fisiologia acontece, pois somente no momento do florescimento pleno, em algumas regiões do Brasil ainda mais tarde é que os sintomas começam a ser vistos pelos agricultores. Mas quando os sinais aparecem, o manejo de controle da resistência fica cada vez mais difícil de ser contido. É sempre mais fácil tratar no começo, do que quando a infecção já tomou proporções alarmantes.

Por estes motivos descritos, a aplicação do fungicida deve ser no momento em que a doença está se instalando na planta, mesmo que não tenha sintomas claros de que existe uma doença. É muito mais recomendável prevenir do que remediar.

É preciso ampliar o espectro de ação do fungicida. A partir do surgimento da quinta folha é o momento em que a planta está com uma atividade fisiológica muito boa, com um nível de infecção apenas inicial. É nesta hora que o desempenho da solução tecnológica atinge o máximo de seu poder. Se o produtor deixar para agir mais tarde, quando já tivermos um grau de infecção bastante alto, com certeza a reposta do produto vai cair.

Então com a soja atingindo o crescimento entre quatro ou cinco folhas e seu florescimento, é a hora exata de se fazer a primeira aplicação, independente de qualquer fator externo, seja relacionado ao clima ou se de fato existe mesmo a infecção. Não tem como esperar para ver.

Esta janela de 20 dias, entre o começo e o florescimento, é a hora que o agricultor precisa fazer a primeira aplicação, estar próximo da sua lavoura e segurar a evolução do inóculo, pois se deixar crescer, criar inóculo, e houver o crescimento da área folhear, o fungicida não atingirá mais o baixeiro na hora de aplicar e com certeza terá dificuldade para fazer o controle de uma ferrugem, por exemplo.

Mas somente ter o tempo certo para iniciar a aplicação do fungicida não é a única solução para ter uma produção com o controle de resistência de pragas e doenças feita da maneira ideal. É preciso seguir o cronograma normal. Com um intervalo de 15 a 18 dias, o produtor deve fazer a segunda aplicação. Em seguida, diminuindo um pouco o período de intervalo, a terceira e assim sucessivamente. Só assim, você conseguirá manter a infecção em um nível baixo, sob o seu controle. Se ainda tiver dúvidas, é essencial consultar um engenheiro agrônomo para orientar na sua produção. 

*Ricardo Silveiro Balardin é Doutor em Crop and Soil Sciences, Plant Pathology pela  Michigan State University e PHD em fitopatologia e fitotecnia, com especialidade nas áreas de soja, milho, proteção de plantas e controle químico das doenças; arroz, cereais de inverno e tecnologia de aplicação de fungicidas.

SOBRE A UPL

Com mais de 10 anos de atuação no Brasil, a indiana UPL é uma empresa global que traz soluções inovadoras e sustentáveis em proteção e nutrição de cultivos para o agricultor. Fundada em 1969, a companhia atua hoje em mais de 86 países com 27 fábricas que desenvolvem, fabricam, formulam e comercializam produtos da mais alta qualidade, segurança e tecnologia.  Com mais de 28 aquisições nos 11 últimos anos, a empresa está entre as 10 maiores empresas mundiais do segmento com faturamento de mais de US$ 2 bilhões e ações na Bolsa de Mumbai.  Por meio de novas formulações e produtos, equipe profissionalizada, pesquisas e expansão de portfólio, conta com forte presença nos mercados de soja, milho, cana-de-açúcar, arroz, café, citros, algodão, pastagem e hortifruti.

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Teia Editorial

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