Soja: Preços no Brasil podem ser favorecidos pelo dólar após altas dos juros nos EUA
Os preços da soja, nesta quarta-feira (14), voltaram a recuar no mercado brasileiro. As novas baixas em Chicago aliadas a um dólar ainda baixo - apesar da alta registrada no final da sessão com a notícia do aumento dos juros nos EUA pelo Federal Reserve - mais uma vez pesaram sobre as cotações.
No interior, as baixas no disponível variaram entre 0,24% e 2,99% e foram mais intensas nas praças de comercialização do Paraná e de Mato Grosso, e as referências têm variado entre R$ 62,00 e R$ 76,50 por saca. Nos portos nacionais, dia de estabilidade. O dia terminou com R$ 78,00 no disponível em Paranaguá e R$ 78,50 em Rio Grande. No mercado futuro, com a soja da nova safra, R$ 79,00 no terminal paranaense e R$ 82,50 no gaúcho.
Essa alta dos juros norte-americanos, porém, pode mudar a perspectiva de andamento do câmbio e, por isso, acaba reforçando a tendência de alta para os preços da oleaginosa no Brasil, como explica o economista Guilherme Zanin, da Apexsim, em entrevista ao Notícias Agrícolas.
"Nossa expectativa é que esse diferencial (para a soja do Brasil) aumente por causa do dólar. Geralmente, um aumento dos juros lá fora deveria diminuir o preço das commodities, mas não diminui muito, porque commodity é um bem que vai ter uma demanda contínua. Já que isso acontece, se o dólar se valorizar, os preços aqui também tendem a se elevar, mesmo que Chicago não sinta tanto", diz Zanin.
Bolsa de Chicago
No mercado internacional, os preços fecharam no vermelho. As cotações perderam entre 4,25 e 5 pontos, levando o janeiro/17 a US$ 10,23 e o maio/17 a US$ 10,42.
De acordo com analistas internacionais, o mercado internacional passa a ser pressionado pelas melhores condições de clima na Argentina, com a chegada de algumas chuvas em importantes regiões produtoras do país. As previsões, portanto, acabam tirando parte do prêmio de risco climático que vinha sendo construído no mercado. E a chegada dessas precipitações é ainda mais importante neste momento, uma vez que as temperaturas começam a se mostrar mais altas e, já neste final de semana, podem superar os 37ºC, ainda segundo as últimas previsões.
Já no Brasil, as condições de clima são muito favoráveis e permitem um bom desenvolvimento das lavouras em praticamente todas as áreas e os problemas são pontuais e limitados nesta temporada 2016/17.
A demanda, por outro lado, se mantém no radar dos traders e ainda atuando como suporte para as cotações na CBOT. A demanda interna norte-americana, inclusive, segue também forte e contribuindo como outro fator de sustentação para a commodity. As margens de esmagamento são positivas no país, o consumo de derivados é bom e também permite um fôlego dos negócios na CBOT.
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