Dólar cai ante o real com algum alívio na cena política
Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar operava em queda ante o real nesta segunda-feira, diante de algum alívio com a cena política brasileira depois da queda de mais um ministro do governo do presidente Michel Temer, e com o movimento da moeda norte-americana no exterior.
Às 10:21, o dólar recuava 0,40 por cento, a 3,3998 reais na venda, depois de ter fechado em alta de 0,58 por cento na sessão passada. O dólar futuro cedia 0,48 por cento.
"A pressão compradora de sexta-feira deve diminuir hoje com uma aliviada na crise política. Mas não há espaço muito grande para ceder", comentou o diretor da mesa de câmbio da corretora Multi-Money, Durval Correa.
O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero afirmou em depoimento à Polícia Federal que Temer o pressionou para encontrar uma "saída" para o caso de uma obra de interesse do agora ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima, que pediu demissão por conta da denúncia. O temor dos mercados veio porque a avaliação era de que, com mais uma crise política, importantes medidas econômicas que precisam da aprovação do Congresso Nacional poderiam não sair do papel.
No domingo, Temer saiu a campo para tentar aliviar os ânimos dos agentes econômicos e, junto com os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o governo fez um acordo com o Congresso para evitar a tramitação de uma proposta de anistia ao caixa 2 eleitoral, que estava sendo gestada na Câmara.
O mercado ainda não chegou a um denominador comum sobre a crise e, por isso, a cautela deve imperar no curto prazo. "O mercado monitora o assunto e seus efeitos nos ativos", comentou um operador da mesa de câmbio de uma corretora nacional.
A ausência do Banco Central brasileiro no mercado de câmbio também pode ajudar a conter um pouco a queda do dólar neste pregão, segundo alguns profissionais. A autoridade monetária concluiu a rolagem dos swaps tradicionais, equivalente à compra futura de dólares, de dezembro no último dia 22 e depois não fez novas intervenções.
No exterior, o dólar recuava frente a outras moedas emergentes, como os pesos mexicano e chileno, e frente a uma cesta de moedas. O movimento era considerado uma correção após as fortes altas com a surpreendente vitória de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.
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