Café: Preocupações com a safra voltam ao radar e NY fecha com altas de quase 300 pts nesta 4ª
Em dia de volatilidade, as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam em alta nesta quarta-feira (09). Os principais vencimentos oscilaram nos dois lados da tabela, em reação ao resultado da corrida presidencial dos Estados Unidos, que elegeu o republicano Donald Trump. No final do dia, o lado fundamental voltou a trazer altas para a commodity.
Com isso, o vencimento dezembro/16 encerra cotado a 170,10 cents/lb, após subir 260 pontos na sessão, assim como março/17 que fecha a 173,80 cents/lb. O contrato maio/17 registrou valorização de 265 pontos, com negociação de 176,10 cents//lb e julho/17 volta para 178,05 cents/lb.
Durante a manhã, o mercado registrou baixas significativas, seguindo a movimentação generalizada nas commodities após o anúncio de que Donald Trump havia ganhado a eleição nos Estados Unidos. Nos últimos dias, o mercado financeiro estava otimista em relação à vitória da democrata Hillary Clinton, que acabou não se confirmando.
“Mercados achavam que seria mais tranquilo se a democrata ganhasse”, explica o analista do Escritório Carvalhaes, Sergio Carvalhaes. Apesar das baixas no início do dia, o lado fundamental voltou a pesar, indicando que a tendência é de alta para o mercado.
Para Sergio Carvalhaes, o andamento do pregão de hoje aponta que a preocupação em relação ao abastecimento no próximo ano ainda é o mais forte, visto que problemas climáticos afetam regiões produtoras no mundo, além de ser uma safra de baixa bienalidade. Em entrevista à Reuters, o vice-presidente da Price Futures Group e analista, Jack Scoville, aponta que o quadro fundamental não registrou mudanças. "Nós estamos olhando para a menor oferta do que a demanda para os mercados", aponta Scoville.
Nos próximos dias, o mercado deve seguir registrando oscilações, segundo explica Carvalhaes, com a rolagem dos contratos do vencimento dezembro para o março. Porém, o analista enfatiza que o cenário é de altas.
Além disto, no Brasil o dólar registrou ganhos, garantindo preços mais atrativos aos produtores. Com a vitória de Trump, a moeda norte-americana avançou 1,33% e fechou cotado a R$ 3,2095 na venda. Para Carvalhaes, com a alta do dólar e a recuperação das cotações no mercado internacional, a baixa significativa do último pregão foi praticamente anulada.
Ainda hoje, a Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) divulgou que as exportações de café do Brasil registraram o melhor mês de outubro dos últimos cinco anos para o arábica. No mês, foram embarcadas 3.224.116 sacas, totalizando 27.562.454 sacas no acumulado do ano.
“É interessante notar que houve um desempenho muito fraco no café robusta, reflexo ainda da seca no Espírito Santo, que prejudicou a produção. Contudo, o arábica mais do que compensou esse cenário, sendo o maior volume exportado nos últimos cinco anos, se for levado em consideração o mês de outubro. Desde 2010 não embarcávamos tantas sacas de arábica no mês de outubro”, afirma o presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes.
Mercado interno
No Brasil, as negociações ocorreram de forma lenta, após o forte recuo de preços no último fechamento. Com isso, produtores se mostraram menos ativos e à espera de preços melhores, visto que cafeicultores estão atentos para a situação da oferta de café menor para os próximos 12 meses.
Além disto, os problemas com a falta de café robusta têm elevado os preços para o café arábica nos tipos de menor qualidade, utilizado em substituição. O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) aponta que torrefadoras têm buscado tipo 7 (bebida rio) para o blend. “Com isso, os preços do arábica tipo 7 estão subindo com força no mercado brasileiro, acompanhando as fortes altas dos valores dos grãos mais finos” aponta o boletim.
O tipo cereja descascado registrou desvalorização de 2,35% em Poços de Caldas (MG), em que a cotação da saca de 60 quilos passou a R$ 622,00. Por outro lado, Guaxupé (MG) anotou alta de 1,68% no dia, com negociação de R$ 605,00 por saca.
O tipo 4/5 subiu 2,33% em Guaxupé (MG), que fecha com referência de R$ 660,00 pela saca. Já em Varginha (MG), a saca é negociada a R$ 595,00, após a alta de 1,71% no dia.
Para o tipo 6 duro foram registradas altas de 7,27% em Araguari (MG), com a saca valendo R$ 590,00. Em Poços de Caldas (MG) os preços registraram ganhos de 2,02% e cotação a R$ 556,00/sc.
Na terça-feira (8), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 561,69 com queda de 2,78%.
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