Soja: Clima é dúvida para quem já plantou e para quem ainda irá semear
No Brasil, o plantio da soja da safra 2016/17 já está completo em 28% da área projetada para essa temporada, conforme estimativas das consultorias privadas. E os trabalhos nos campos estão ligeiramente acima da média para o período. De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), os produtores poderão colher entre 101 milhões a 104 milhões de toneladas do grão neste ciclo.
Apesar das estimativas positivas, muitos produtores brasileiros seguem preocupados com as previsões climáticas. Em algumas regiões, as lavouras já sentem a ausência de chuvas e o replantio das áreas começa a ser considerado. Em outras localidades, as chuvas ainda não foram suficientes para o início dos trabalhos nos campos. No caso do Sul do país, especialmente no Rio Grande do Sul, a apreensão é decorrente do excesso de precipitações.
Mato Grosso
No maior estado produtor do grão, a semeadura chegou a 42,27% até o último dia 20 de outubro. O índice está bem acima do registrado no mesmo período do ano anterior, de 19,57%. As informações foram divulgadas pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). Ainda assim, principalmente no Vale do Araguaia, as chuvas irregulares preocupam e, segundo as previsões, as precipitações só serão mais regulares a partir da segunda quinzena de novembro.
Em Canarana, o presidente do Sindicato Rural, Arlindo Cancian, destaca que é difícil ter um panorama sobre o plantio diante da irregularidade das chuvas. "As precipitações continuam isoladas, então grande parte dos produtores ainda aguardam a consolidação das chuvas para iniciar os trabalhos nos campos. Alguns até arriscaram e agora estão apreensivos com o clima", reforça.
Na região de Água Boa, o cenário é bem semelhante, com as chuvas localizadas. “O plantio está lento e uma há uma preocupação com o replantio em algumas áreas. Acredito que os produtores irão analisar o clima e investir em variedades precoces de soja para depois poder fazer a semeadura da safrinha”, destaca o produtor rural da região, Gilmar Dell Osbel.
Já em Diamantino, há localidades que não recebem chuvas há mais de 22 dias. "Está praticamente tudo parado e em algumas áreas será necessário o replantio. Até o momento, temos em torno de 40% da área semeada. Os produtores buscam fechar a soja para realizar o plantio da safrinha de milho", explica o delegado da Aprosoja na região, Altemar Kroling.
Diante do atraso nos trabalhos nos campos, os produtores rurais de Vera aproveitaram as chuvas recentes e aceleraram o plantio. “O que antes plantávamos em 20 dias, estamos cultivando em 5 dias. O grande problema é a concentração de plantio, pois se tivermos chuvas na colheita também poderemos ter perdas na safra”, acredita o presidente do Sindicato Rural, Vidimar Siliprandi. Na região, em torno de 80% da área já foi semeada até o momento.
No caso de Campo Novo do Parecis, a semeadura da oleaginosa já está completa em 85% da área projetada para essa safra. “Estamos na reta final e a perspectiva é que até meados da próxima semana já tenhamos finalizado esse trabalho no campo. Ainda temos chuvas irregulares, mas o cenário é melhor em comparação com anos anteriores. Tivemos somente dois casos de replantio na região, produtores que arriscaram a semeadura”, ressalta a presidente do Sindicato Rural, Giovana Velke.
Goiás
Em Goiás, o plantio da soja está próximo de 20%, um atraso se comparado com a média histórica para o período, de 50%, segundo explica o assessor técnico da Faeg (Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás), Pedro Arantes. “Temos regiões com chuvas muito irregulares e localidades sem precipitações há mais de 15 dias. A perspectiva é as chuvas melhorem a partir da próxima semana”, completa o assessor.
A janela ideal de plantio do grão termina no final do mês de novembro no estado. “Depois desse período já poderemos ter alguma preocupação em relação à produtividade dessas lavouras e também com a janela ideal de plantio da segunda safra”, pondera o especialista.
Mato Grosso do Sul
As chuvas retornaram ao Sul do estado, somente em Laguna Carapã, a chuva acumulada nesta quarta-feira (26) ficou entre 40 mm a 50 mm. “As chuvas vieram para tranquilizar os produtores e contribuir com os trabalhos nos campos. Na região, estamos caminhando para a finalização do cultivo do grão. A nossa preocupação é em relação ao menor volume de chuva previsto de agora em diante e também com as temperaturas mais baixas, que podem afetar a produção”, destaca o técnico agrícola da Ellite Agropecuária, Antônio Rodrigues Neto.
Conforme os dados do último levantamento do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga), da Aprosoja Mato Grosso do Sul, a área cultivada já ultrapassa 36,40% da área projetada para essa safra, de 2,520 milhões de hectares.
Tocantins
O vice-presidente da Aprosoja Tocantins, Maurício Buffon, destaca que, até o momento, em torno de 5% da área foi plantada com a soja no estado. “As chuvas continuam pontuais e depois das perdas registradas na safra passada, os produtores estão mais cautelosos. A perspectiva é que as chuvas melhorem a partir do dia 15 de novembro”, completa.
A região de Sucupira não registra chuvas consistentes há mais de 15 dias. “Com isso, os agricultores receosos em relação ao plantio. Em algumas regiões do estado como Aliança, Nova Rosalândia e Santa Rita, temos um acumulado de chuvas maior. Na nossa região, o plantio acontece somente em áreas com pivô, porém, até nessas áreas já está faltando água para irrigação”, afirma o produtor rural da região, Wellington Almeida Rodrigues. A janela ideal de plantio do grão na região ocorre no período de 15 de novembro a 10 de dezembro.
Paraná
De acordo com informações do último boletim do Deral (Departamento de Economia Rural), em torno de 47% da área já foi cultivada no estado. E, segundo explica o presidente da Aprosoja Paraná, José Eduardo Sismeiro, o estado tem diferentes etapas de plantio.
“Temos lugares em que a soja está começando a florescer e, por isso, a nossa preocupação com a previsão de temperaturas mais baixas para esse final de semana, próximas de 10ºC. E nas regiões Noroeste e Oeste, essa soja já pegou muito frio e pode ter o desenvolvimento atrasado. Já no Norte, temos chuvas ainda mais irregulares”, disse a liderança.
Rio Grande do Sul
Ao contrário de grande parte do país, o estado gaúcho tem sido castigado com o excesso de chuvas. Segundo o presidente da Aprosoja RS, Décio Teixeira, a grande preocupação nesse instante é a colheita da safra de inverno.
"Temos uma média de chuvas ao redor de 200 mm e precisamos retirar as culturas de inverno para darmos continuidade ao plantio da soja. Ainda assim, será necessário entre 2 a 3 dias de sol para que o produtor consiga entrar nas áreas e plantar a oleaginosa", destaca a liderança.
Conforme último boletim informativo da Emater/RS, a semeadura do grão evoluiu pouco devido às chuvas constantes e a área cultivada estava próxima de 1%. No estado, a janela ideal de plantio da oleaginosa se dá ao longo do mês de novembro.
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