Argentina tem 27% de aumento de área de plantio de milho para esta safra
As novas políticas de livre mercado da Argentina propiciaram uma expansão de área plantada de milho após décadas de plantio de soja, mas o potencial de uma colheita recorde pode ser limitado pela seca relacionada ao La Niña, que ainda é uma incerteza para a região.
De acordo com o analista pesquisador sênior de agricultura da Thomson Reuters, Hong Xu, a estimativa para a colheita de milho da Argentina gira em torno de 28.4 milhões de toneladas.
"Condições adversas de calor e seca são usualmente associadas com a La Niña na Argentina. Então, nestas condições, geralmente se espera uma baixa produtividade no milho", disse Xu. "Mas a produção poderia atingir 37 milhões de toneladas sob condições favoráveis".
O milho argentino é plantado de setembro até o meio de janeiro, e colhido entre março e agosto. Uma ampla safra poderia colocar pressão nos preços do grão a nível mundial.
"Provavelmente nós vamos ver uma forte competição entre Argentina e Estados Unidos nas exportações de milho, assumindo o cenário de que veremos um La Niña fraco e uma ampla safra argentina", disse Terry Reilly, analista de commodities sênior na Futures International LLC em Chicago.
Xu prevê cerca de 5.9 milhões de hectares de milho plantados na região dos Pampas, 1 milhão de hectares a mais do que na safra passada.
A expansão se deu com as políticas do presidente Mauricio Macri, que após assumir o posto abriu os controles de mercado feitos pela última administração, que limitava as exportações de milho.
Cerca de 35% da área estimada de milho foi plantada até então, de acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA), que espera um aumento de 27% do plantio neste ano e uma colheita recorde de 36 milhões de toneladas, contra 30 milhões de toneladas em 2015/16, mas também uma diminuição de 3% na área destinada para a soja, uma vez que os produtores se dedicam mais ao milho e ao trigo.
Por outro lado, os produtores de soja enfrentam dois cenários. As províncias das zonas norte, nordeste e noroeste da Argentina, incluidas no Plano Belgrano de Macri, terão 5% dos atuais 30% de taxas sobre a exportação de soja reembolsados pelo governo, uma vez que estas áreas têm maior custo com frete por estarem localizadas longe do porto.
As províncias da zona núcleo, como Buenos Aires e La Pampa, que não têm o mesmo custo com o frete, terão a diminuição gradual a partir do próximo ano, sobre os mesmos 30%.
La Niña "débil"
A Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) publicou na última segunda-feira (17) seu novo Relatório Sazonal sobre o clima, com uma projeção que vai até outubro de 2017 e na qual se destaca que o desenvolvimento do fenõmeno climático La Niña perde força.
Até este momento, as previsões passam por um estado entre um La Niña "débil" ou com "frio neturo".
"Ainda que com menor intensidade que a prevista inicialmente, o La Niña vai afirmando gradualmente a sua presença sobre as zonas do oeste do Cone Sul que se encontram mais próximas do Oceano Pacífico, onde fica o seu foco de ação", indicou a BCBA.
Por esta causa, Peru, Bolívia, Chile, o noroeste argentino, a província de Cuyo e o noroeste da região pampeana, onde os efeitos do La Niña são positivos, terão chuvas acima do normal, que irão repor as reservas de umidade dessas áreas, que durante as temporadas anteriores sofreram uma seca prolongada.
Por outro lado, o leste do Paraguai, o sul do Brasil, o Uruguai e o leste da Argentina, onde a ação do La Niña é negativa, devem ser pouco afetadas por este fenômeno, ao mesmo tempo em que experimentarão uma ação positiva do Atlântico, dando como resultado um cenário próximo ao normal, em seus valores médios, ainda que bastante perturbado pelos fatores antagônicos atuantes.
"Desta maneira, os fatores climáticos se combinarão para prover um cenário favorável para a produção em maior parte da área agrícola do Cone Sul", aponta o informe, que foi elaborado pelo engenheiro agrônomo Eduardo Sierra.
Leia mais em:
La Niña deve ser "débil", aponta relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires
Com informações da Reuters
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Carlos William Nascimento Campo Mourão - PR
Se vão aumentar milho é porque vão diminuir soja. Ou será que vão plantar na Patagônia?