Plantio da safra 2016/17 segue acima da média no Brasil e na Argentina, com atenção para o clima

Publicado em 11/10/2016 12:31

As temperaturas no Brasil, na última semana, foram bastante irregulares. As chuvas acumuladas para a semana foram desiguais e não foram amplamente distribuídas como foram nas últimas semanas. Algumas áreas do Rio Grande do Sul estão há 30 dias sem chuvas, mas a previsão para essa semana aponta para mais chances de chuva para o Sul do Brasil, embora a situação deva se reverter no restante do país.

A safra 2016/11 brasileira de soja está com 11% da área plantada, em comparação com os 8% do mesmo período no ano passado. A AgRural aponta que os agricultores no Mato Grosso plantaram 19% de sua soja, comparado com 5% no ano passado. A soja está mais avançada no estado do Paraná, onde o Departamento de Economia Rural (Deral) já apontou que 27% da soja foi plantada. No Rio Grande do Sul, este número é de 6%, assim como no Mato Grosso do Sul.

No Mato Grosso, as plantações mais avançadas estão nas regiões mais ao oeste do estado, onde 36% da soja já está plantada. As chuvas no Mato Grosso continuam irregulares, com alguns agricultores devendo finalizar a soja em 10 dias e outros ainda aguardando para plantar. As chuvas essa semana devem ser irregulares, assim, os agricultores que ainda não plantaram estão sendo aconselhados a aguardar por uma melhor condição de solo.

O milho no Brasil, por sua vez, está com 45% da área plantada. No ano passado, este número era de 50%. No Paraná, o número de plantio já é estimado em 68% pelo Deral, enquanto no Rio Grande do Sul, este número é de 56%, mas o plantio diminuiu devido às condições de seca.

As condições de alguns solos no Brasil ainda não estão boas, com baixo volume de umidade, resultando em alguns casos, como no Rio Grande do Sul, estresse de umidade para o milho plantado mais cedo. Alguns agricultores já estão preocupados com o potencial deste milho, que pode ser impactado.

No entanto, as preocupações com o clima no Brasil ainda não cessaram. Um bloqueio atmosférico gera situação de alerta para os produtores do médio norte do país, que devem ficar sem chuvas significativas até a segunda quinzena de dezembro, como apontou Celso Oliveira, meteorologista da Somar, em entrevista ao Notícias Agrícolas.

O bloqueio é definido por ventos em altitude que fazem com que o sistema meteorológico fique preso nos estados do Sul, na Argentina e no Uruguai. "Se somarmos, muitos municípios devem chegar a mais de 250mm de chuva, ultrapassando a média histórica em apenas 10 dias", aponta o meteorologista. O Paraná, posteriormente ao dia 15, já enfrentará restrição de chuvas. Enquanto isso, o restante do país enfrentará muito calor, com temperaturas chegando entre 35 e 40 graus em algumas regiões.

Nos estados do Sul, portanto, os produtores que já iniciaram o plantio devem ter atenção, pois a água em abundância pode provocar podridões ou falta de aeração no sistema radicular das plantas. Além do mais, o tempo encoberto com poucos dias de sol e baixas temperaturas pode prejudicar o potencial produtivo das lavouras, já que as plantas necessitam de realizar fotossíntese e, ainda, o excesso de umidade dificulta as atividades de manejo das áreas, com a impossibilidade de aplicação de defensivos e a entrada de maquinários agrícolas.

Este cenário distinto pode trazer condições também distintas para o desenvolvimento das plantas nas áreas secas, correndo o risco de replantio para as áreas que sofrerem com a ausência de umidade.

O bloqueio não deve durar tanto quanto em 2015, uma vez que não há a incidência do El Niño. Neste ano, o Oceano Pacífico não está quente, então este bloqueio deve ser rompido a partir do dia 20 de outubro, quando a frente fria avança por São Paulo e pelo leste de Minas Gerais, mas ainda não chega ao interior do país por avançar de forma costeira, logo, estes produtores ainda devem continuar em atenção neste período e esperar as chuvas do segundo semestre de novembro.

A partir da inversão do bloqueio, no entanto, o alerta deve vir para a região Sul, que corre o risco de estiagem regionalizada até o mês de janeiro, com o produtor podendo perceber um maior espaçamento das chuvas.

Safra Argentina

Na Argentina, a temperatura na última semana foi irregular, mas as condições melhoraram para os agricultores. Algumas das áreas mais secas receberam a umidade adequada, mas as regiões mais ao oeste e ao norte da Argentina ainda precisam de mais chuvas. As áreas com melhor qualidade de umidade no solo estão nas áreas centrais e ao leste.

Estima-se que ainda há poucas áreas plantadas de soja na Argentina, mas ainda não foi divulgado nenhum informe oficial sobre estes números. A média de plantio para esta semana é de aproximadamente 1%.

A temperatura foi favorável, em geral, para o plantio do milho, embora continue mais seca do que o normal. O mês de setembro foi atípico, mas as chuvas recentes ajudaram a recuperar um pouco da umidade do solo necessária.

De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a safra de milho da Argentina estava com 25,7% da área plantada na última semana, comparada com 20% no ano passado. Na área principal de produção, o milho está aproximadamente 60% a 70% plantado. No sul, este número fica entre 20% a 40%, enquanto no norte, o relatório aponta para apenas 0% a 30% de milho plantado.

Este milho já tem, em parte, destino certo. Na última sexta-feira (7), na Argentina, foram registradas Declarações de Venda ao Exterior (DJVE, na sigla em espanhol) de milho correspondentes a 340.000 toneladas da safra 2016/17. Outras 40.000 toneladas ainda estão em processo, ao aguardo de uma nova resolução que permite registrar a DJVE da colheita futura a partir da publicação dos preços FOB (free on board - um tipo de frete onde o comprador assume todos os riscos e custos com o transporte da mercadoria) oficiais para este ciclo agrícola.

Com informações do Soybeans and Corn Advisor

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Por:
Izadora Pimenta
Fonte:
Notícias Agrícolas

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