Procafé: Variedades de café mais produtivas apresentam menor ciclo bienal nas safras
A lavoura cafeeira, cultivada a pleno sol, tem a característica de produzir bem numa safra e, logo, sobrevém uma baixa safra no ano seguinte, o que se conhece por ciclo bienal de produção.
Assim acontece porque a alta demanda de nutrientes, minerais e orgânicos, pelo frutos de uma carga alta, reduz o crescimento da ramagem nova, onde vai haver o florescimento e a frutificação para a safra próxima.
No melhoramento genético, a pesquisa busca variedades mais produtivas e vigorosas, pois o vigor é a característica que favorece o equilíbrio da produtividade, entre os anos de alta e baixa safra.
No entanto, uma observação nova tem sido feita quando são analisados diferentes materiais genéticos por uma série maior de safras. Algumas variedades, aquelas que se mostram mais produtivas na média de um período mais longo, são as que apresentam maior constância produtiva entre safras. Por isso, pode-se dizer, até, que as variedades mais produtivas são aquelas que produzem mais nos anos de safra baixa.
Nos diferentes genótipos de cafeeiros que têm sido ensaiados, na Fundação Procafé, três vem se destacando no aspecto de maior uniformidade entre safras - são seleções de Arara, Guará e Acauã. Pode-se observar esse comportamento na comparação desses materiais, com os padrões, em 3 ensaios, conforme tabela 1. Verifica-se que, nas 3 primeiras safras os padrões de Catuai Vermelho produzem de modo semelhante aos novos materiais. A partir da 4ª safra, enquanto o Catuai começa a apresentar safras bienais, as novas variedades mantém maior uniformidade entre safras anuais. Assim, os diferenciais que mais afetam a média são aqueles observados em anos de safra baixa.
Embora haja, nos últimos anos, aumento no uso de podas para programar ou zerar a safra, esta orientação não afeta a viabilidade de uso de materiais de safras maiores, pois, com sua maior capacidade produtiva, também nesse sistema trarão vantagem. Podem, até, alongar a necessidade da poda, em vez de cada 2 para cada 3 anos, alcançando, assim, médias mais altas.
J.B. Matiello, S.R Almeida e Iran B. Ferreira – Engs Agrs Fundação Procafé e C.H. S. Carvalho – Pesquisador Embrapa-Café
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