Dólar salta quase 1,5% frente ao real, maior alta em 2 meses, com Temer e exterior
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou com a maior alta em dois meses e voltou a se aproximar dos 3,20 reais nesta sexta-feira, após o presidente interino Michel Temer demonstrar preocupação com a queda recente da moeda norte-americana e em meio à realização nos mercados globais após o recente tombo da divisa.
O dólar avançou 1,43 por cento, a 3,1850 na venda, maior alta diária desde 13 de junho, quando subiu 1,62 por cento. A moeda norte-americana acumulou ganho de 0,50 por cento na semana, após recuar nas duas semanas anteriores. Em agosto, até agora, acumula queda de 1,79 por cento e de 19,33 por cento no ano.
O dólar futuro subia cerca de 1,3 por cento no fim desta tarde.
"A fala de Temer adicionou algum ruído ao mercado e deve deixar o dólar um pouco mais pressionado, pelo menos até que os fluxos de capital (para o Brasil) comecem a se materializar", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Temer afirmou que é preciso "manter um certo equilíbrio no câmbio" e ressaltou que figuras do setor corporativo discutiram o recuo recente da moeda norte-americana com ele. "Nem pode ter o dólar num patamar elevado, nem um dólar derretido", disse.
Cotações baixas do dólar tendem a prejudicar a indústria ao encarecer exportações, enquanto cotações altas elevam os preços de insumos importados e podem contaminar a inflação.
As declarações de Temer vieram após o BC intensificar sua intervenção no câmbio na véspera, vendendo 15 mil swaps reversos --que equivalem a compra futura de dólares-- em vez dos costumeiros 10 mil, e manteve esse ritmo nesta manhã. [E6N1AL003]
Nesta manhã, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, repetiu que a instituição utilizará com parcimônia seus instrumentos cambiais e reiterou o compromisso com o câmbio flutuante.
"Houve uma 'intervenção verbal' da parte do Temer, que deve ser suficiente para segurar o dólar acima de 3,10 reais por algum tempo", disse o operador de uma corretora nacional, sob condição de anonimato.
Pela manhã, o cenário externo ajudou a limitar o avanço da moeda norte-americana, com dados fracos sobre os Estados Unidos reforçando as apostas de que os juros não devem subir neste ano por lá.
Mas esse movimento se dissipou durante a tarde, com investidores comprando dólares após o dólar recuar fortemente em relação a moedas emergentes nesta semana.
O dólar acumulou queda de 3,6 por cento frente ao peso mexicano desde a divulgação do relatório de emprego dos EUA na sexta-feira passada, por exemplo, atingindo os menores níveis desde meados de junho.
"Houve alguma realização durante a tarde depois de um período extenso de ganhos das moedas emergentes. Não vejo isso como uma mudança de patamar, mais um ajuste", disse o economista da consultoria Tendências Silvio Campos Neto.
Investidores continuavam no aguardo de fluxos positivo de recursos no Brasil relacionados a operações corporativas recentes e ao renovado interesse em ativos brasileiros. Muitos esperam, porém, que esse movimento só ganhe força após a confirmação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, que deve acontecer no fim deste mês.
(Edição de Patrícia Duarte)
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