Previsões indicam onda de calor no Corn Belt com temperaturas acima de 40ºC

Publicado em 19/07/2016 14:35

Lavouras de soja e milho em Illinois, EUA - Safra 2016/17

Lavouras de soja e milho em Illinois, EUA - Safra 2016/17 - Foto: Adriano Mastrodomênico

Como acontece todos anos, neste momento, a nova safra de grãos dos Estados Unidos gera inúmeras especulações, principalmente ao caminhar para seus períodos mais importantes de desenvolvimento. Dessa forma, a mesma é responsável pela intensa volatilidade que vem sendo registrada pelo mercado na Bolsa de Chicago. 

As perspectivas, por ora, são de uma boa safra vinda dos Estados Unidos. De acordo com o último reporte semanal de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), até o último domingo (17), 71% das lavouras de soja e 76% das de milho estavam em boas ou excelentes condições. Além disso, o boletim informava ainda que 59% das plantações da oleaginosa já se encontravam em fase de florescimento, contra 51% do mesmo período de 2015, e 56% dos campos de milho estavam em fase de espigamento, também acima dos 47% observado nesta mesma época, no ano passado. 

Lavouras de soja e milho em Illinois, EUA - Safra 2016/17

Lavouras de soja em Illinois, EUA - Safra 2016/17 - Foto: Adriano Mastrodomênico

Lavouras de soja e milho em Illinois, EUA - Safra 2016/17

Lavouras de milho em Illinois, EUA - Safra 2016/17 - Foto: Adriano Mastrodomênico

Os dados do departamento norte-americano vêm complementar as informações do brasileiro Adriano Terras Mastrodomênico, que é engenheiro agrônomo e estudante de doutorado no Departamento de Crop Science, da Universidade de Illinois. Em entrevista ao Notícias Agrícolas, direto de um dos maiores estados de produção de grãos dos EUA, Mastrodomênico explica que os produtores norte-americanos vêm plantando mais cedo nas últimas temporadas e neste ano plantaram ainda mais, já na primeira quinzena de abril. 

Dessa forma, a nova safra, desde o seu início, vem sendo marcada, como explica o engenheiro, por flutuações climáticas bastante intensas, porém, que não comprometeram sua produtividade até esse momento. 

"No começo do plantio, as lavouras sofreram com baixas temperaturas em algumas regiões, o que poderia ter afetado a germinação. Além disso a época do plantio foi bastante chuvosa e, por isso, a semeadura da soja foi concluída com uma semana de atraso em relação ao ano passado. Já o mês de junho foi um dos mais quentes da história e algumas regiões sofreram com períodos de seca - como o Centro-Oeste e Nordeste do Corn Belt", relata. 

Além disso, Mastrodomênico diz ainda que, em junho do ano passado, os elevados volumes de precipitações que chegaram ao Meio-Oeste americano foram suficientes para causar alguns problemas de alagamento, dada as perdas de nutrientes do solo, principalmente o nitrogênio e, entre os resultados, as lavouras de trigo foram atingidas com a incidências de doenças típicas de pré-colheita. Este ano, as condições também são mais favoráveis para o grão. 

Agora, tanto a cultura da soja, quanto a do milho seguem para uma fase determinante, já que as lavouras encontram-se em sua fase reprodutiva. "Esse é um estágio importante para a determinação da produtividade", explica o engenheiro agrônomo. "As próximas semanas serão importantes para a determinação de seu potencial produtivo", conclui. 

E é nesse etapa, da fase reprodutiva, que as lavouras que sofreram com essas flutuações climáticas, ainda segundo Mastrodomênico, podem encontrar espaço para alguma recuperação. Afinal, apesar das especulações sobre o calor intenso que acomete o Corn Belt e das previsões indicando que esse padrão deva continuar pelo final de julho e durante agosto, as lavouras estão bastante saudáveis e contam ainda com boas condições de solo, especialmente ao se considerar os níveis de umidade. "Temos, neste ano, condições melhores do que as do ano passado", diz.  

Calor pode ultrapassar os 40ºC nos próximos dias

A dúvida agora é: as lavouras norte-americanas vão resistir ao teste de fogo que vem por aí?

Para esta semana, as últimas previsões climáticas indicam a chegada de um sistema de alta pressão de forte intensidade, o qual poderia elevar ainda mais as temperaturas no Meio-Oeste americano para os próximos dias. As chuvas, por outro lado, seguem abaixo da média para esse período do ano, porém, ligeiramente melhores do que as previstas nos últimos dias. 

O corretor da consultoria interncional Futures International, Terry Reilly, em entrevista ao portal britânico Agrimoney, afirma, baseado em previsões do instituto World Weather, faz um alerta para algumas regiões do Meio-Oeste americano podendo alcançar os 43ºC, contra as previsões anteriores de máximas de 38ºC. "As grandes planícies e o Sudoeste do Corn Belt deverão sofrer com o tempo mais seco e quente até a próxima semana. O pico mais intenso deverá ser entre terça e quinta-feira", diz. 

Caso esse cenário se confirme, os atuais - e adequados - níveis de umidade do solo poderiam começar a indicar mudanças preocupantes. "Após a onda de calor dessa semana, há uma probabilidade de que a umidade do solo seja mais baixa, o que poderia trazer algum impacto sobre a produtividade diante do stress hídrico", explica Tobin Gorey, analista de mercado do Commonwealth Bank of Australia. 

A incerteza, no entanto, se dá sobre a expectativa de essas condições serem tão ameaçadoras quanto se teme. Em nota, a consultoria internacionacional Benson Quinn Commodities afirma que "o mercado ainda está nervoso com os modelos climáticos mudando muito, por dias consecutivos, e sem consistência". 

Ao se confirmar, esse deverá ser registrado como o verão mais quente de todos os tempos nos EUA, de acordo com a meteorologista sênior do site norte-americano especializado Accuweather, Kristina Pydynowski. 

Onda de calor no centro dos EUA - Mapa: Accuweather

Onda de calor no centro dos EUA - Mapa: Accuweather

Ainda de acordo com o portal, as áreas onde os níveis de umidade - mas também de calor - caem entre sábado e domingo são Minneapolis; Grand Forks e Fargo, Dakora do Norte; Sioux Falls, Dakota do Sul; Des Moines, Iowa; and Chicago, Illinois.

Onda de calor no centro dos EUA - Mapa: Accuweather

A imagem acima, do Accuweather, indicam a sensação térmica de 43ºC a 48,9ºC nas regiões cobertas pela mancha vermelha e de 38º a 43ºC na mancha laranja, do meio ao final desta semana

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Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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