Café: Geada atinge lavouras do cinturão produtivo e prejudica próxima safra; condição volta na madrugada desta 3ª feira
Lavouras de café do Paraná, São Paulo e Sul de Minas Gerais registraram, mais uma vez, geadas neste final de semana ocasionadas pela chegada de uma massa de ar polar no Centro-Sul do Brasil. Esse já é o segundo registro da condição climática no cinturão produtivo do país em pouco mais de um mês e no período de colheita dos grãos. Os prejuízos ainda estão sendo quantificados.
Segundo o engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, André Luís Garcia Alvarenga, a maior parte das lavouras do Sul e Cerrado Mineiro foram atingidas pela geada. "Consideramos que foi uma geada mediana. No entanto, num primeiro momento, os produtores podem achar que não houve prejuízos, mas eles devem aparecer até o final da semana", pondera.
O especialista explica ainda que a condição deve impactar diretamente a safra 2017/18 e não a colheita da atual temporada. "Quando os cafezais são expostos a temperaturas abaixo de zero, eles perdem o potencial produtivo", explica. "As previsões climáticas apontam que os próximos meses deverão ser de muita atenção para os produtores", afirma Alvarenga.
De acordo com o cafeicultor de São Pedro da União (MG) e presidente do Conselho da Associação dos municípios da Microrregião da Baixa Mogiana (AMOG), Fernando Barbosa, durante a madrugada deste domingo (18) os termômetros chegaram a marcar temperaturas abaixo de zero em áreas cafeeiras da Baixa Mogiana.
Geada atingiu lavouras de café em São Pedro da União (MG) | Foto: Fernando Barbosa
Também houve relato da condição climática por produtores das cidades de Ibiraci (MG), Poços de Caldas (MG), Muzambinho (MG), Nova Resende (MG), São Sebastião da Bela Vista (MG), Andradas (MG), Campos Altos (MG), Ilicinea (MG), Ouro Fino (MG), Santa Rita do Sapucaí (MG), Serra do Salitre (MG), Monte Belo (MG), Cabo Verde (MG), Cristais Paulista (SP), Franca (SP), Garça (SP), Caconde (SP) e Ribeirão Corrente (SP). (Veja mais fotos abaixo)
O IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná) já havia alerta os produtores de café em seu site no domingo (18) sobre a ocorrência de geadas de fraca intensidade em locais de baixada e áreas com dificuldade de escoamento do ar frio.
O Instituto recomenda, como medida preventiva, em caso de geada, amontoar terra no tronco até o primeiro par de folhas ou ramos em lavouras de 6 a 24 meses, o chamado "chegamento de terra". Já como medida emergencial, quando é emitido o Alerta Geada, é indicado fazer o enterrio total das mudas de até seis meses e retirar a terra assim que cessar o risco de geada.
De acordo com mapas da Climatempo, a previsão de geadas continua para o cinturão produtivo de café do Brasil, principalmente na divisa entre São Paulo e Minas Gerais. No entanto, em menor escala e intensidade. Para quarta-feira (20), só há previsão de geada para algumas áreas da serras do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Geada em lavoura de São Pedro da União (MG) | Foto: João Onofre
Geada em Caconde (SP) | Foto: João Carlos Remédio
Geada em lavoura de São Pedro da União (MG) | Foto: Fernando Barbosa
Lavoura queimada por geada em Nova Resende (MG) | Foto: Pedro Paulo Romão
No link abaixo, confira a entrevista de Fernanda Custódio com Hélvio Miranda Silva, produtor rural de São Pedro da União:
>> Geada atinge cafezais em São Pedro da União (MG) e pode afetar a próxima safra
Em Jataí, no estado de Goiás, também geou nesta madrugada de segunda-feira e o município registrou temperaturas negativas, como mostram as fotos a seguir. Confira ainda informações com a jornalista Fabelia Oliveira, da TV Sucesso:
Geada inesperada atinge áreas de café no Sudeste do Brasil
SÃO PAULO (Reuters) - Uma geada moderada surpreendeu produtores em diversas regiões do cinturão cafeeiro do Brasil na manhã desta segunda-feira, onde poderá haver prejuízos à safra de 2017, disse o engenheiro agrônomo André Alvarenga da Fundação Procafé.
O grau de danos causados pela geada nos pés de café, que são altamente vulneráveis a temperaturas perto de zero, será perceptível apenas dentro de alguns dias, disse ele.
Contudo, ele afirmou que espera que algumas áreas sofram perda de produtividade.
"Nós não estávamos esperando. Tanto produtores de áreas mais altas quanto produtores de baixadas foram atingidos", afirmou. "Nós vamos acompanhar no campo nos próximos dias, para avaliar os estragos."
Alvarenga disse que a região da Mogiana em São Paulo e o sul da região do Cerrado Mineiro foram as mais afetadas, mas geadas também foram registradas em diversas áreas do Sul de Minas e em regiões isoladas do Paraná.
Imagens que circulam em redes sociais mostram as extremidades dos ramos de pés de café com nível moderado de geada cobrindo os novos brotos, que serão a base para a colheita do ano que vem.
A geada pode fazer com que as folhas dos cafezais morram, reduzindo o potencial produtivo da próxima safra.
A atual colheita, que está na metade, não será afetada, já que os grãos estão completamente desenvolvidos.
Os preços do café na bolsa de Nova York, que habitualmente sobem com notícias de geadas no Brasil, tinham alta de 1 por cento por volta das 13:00 nesta segunda-feira.
(Por Reese Ewing)
Geadas e temperaturas negativas atingem áreas agrícolas no Sul do Brasil
SÃO PAULO (Reuters) - A segunda-feira começou com formação de geadas em diversas regiões do Sul do Brasil, com possibilidade de danos a lavouras de trigo no oeste do Paraná, disse o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar Meteorologia.
"Ainda é muito cedo para receber relatos de perdas", ponderou o especialista, em relatório.
Segundo o Simepar, instituto de meteorologia ligado à Universidade Federal do Paraná, "temperaturas negativas são registradas em várias cidades do Estado" na manhã desta segunda-feira.
"Há grande possibilidade de que lavouras de trigo tenham sido afetadas, já que na região oeste paranaense mais de 6 por cento das lavouras já se encontram na fase de florescimento, fase essa bastante suscetível a geadas", destacou Santos.
Também houve condições para geadas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, mas as plantações de inverno nestes Estados não estão em fases de desenvolvimento que possam ser comprometidas pelas baixas temperaturas.
"Não há registros, pelo menos até o momento, de danos em culturas de café e de cana de açúcar", afirmou Santos, referindo-se a culturas que predominam no norte do Paraná, São Paulo e Minas Gerais.
Segundo o Simepar, a terça-feira ainda terá temperaturas muito baixas no Paraná, com registro de geada moderada nas regiões em parte da região sudoeste, centro-sul e nos Campos Gerais e de fraca intensidade em parte do oeste, sudoeste, no sul da região nordeste.
(Por Gustavo Bonato)
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