Soja busca recuperação na Bolsa de Chicago nesta 6ª feira após despencada da sessão anterior

Publicado em 08/07/2016 08:18

A manhã desta sexta-feira (8) é de recuperação para as cotações da soja na Bolsa de Chicago, após a despencada de ontem. Embora bem mais tímidos do que os recuos da sessão anterior, os futuros da oleaginosa, por volta das 7h50 (horário de Brasília), registravam ganhos de 8,75 a 11,50 pontos, com o novembro/16, referência para a nova safra dos EUA, era negociado a US$ 10,36 por bushel. 

O movimento, segundo explicam analistas internacionais, é mais uma correção técnica, uma vez que nos últimos pregões a commodity já registra uma baixa acumulada de mais de US$ 1,00 na CBOT. No entanto, os fundamentos climáticos neste momento seguem em foco e ainda são negativos, uma vez que ainda indicam boas chuvas para o Meio-Oeste americano nos próximos dias, apesar das temperaturas elevadas. 

Paralelamente, muita atenção ainda ao desenrolar dos movimentos no mercado macroeconômico, com o sentimento de aversão ao risco ainda bastante presente e também ao mercado do farelo, também na Bolsa de Chicago, que ontem sentiu uma pressão de mais de 4% entre seus principais vencimentos. Nesta sexta, o derivado também trabalha em campo positivo, buscando uma recuperação. Além do farelo, sobe ainda o petróleo na Bolsa de Nova York. O ativo tem quase 1% de alta e supera os US$ 45,00 por barril. 

Veja como fechou o mercado nesta quinta-feira:

Soja acompanha commodities e desaba mais de 5% na Bolsa de Chicago

A quinta-feira, 7 de julho, foi mais uma dia de despencada não só para os futuros da soja, mas para uma série de commodities nas bolas internacionais. Os futuros da oleaginosa perderam mais de 5% somente nesta sessão - ou mais de 50 pontos - em Chicago, enquanto o açúcar o petróleo fecharam o dia com recuos parecidos na Bolsa de Nova York. Os futuros do café arábica, também em Nova York, perdem mais de 1%, enquanto em Londres, o robusta cedeu mais de 3%. 

A queda forte foi generalizada, com um impacto menor sendo sentido apenas pelos futuros do milho e do trigo também na Bolsa de Chicago. Em ambos os casos, os principais vencimentos terminaram o pregão desta quinta-feirda perdendo menos de 1%. 

De acordo com analistas ouvidos pela agência internacional de notícias Bloomberg, o Brexit - a recente saída do Reino Unido da União Europeia - trouxe uma ameaça grande para o que poderia ser o melhor momento do ano para o mercado geral de commodities. Como explica o Merchant Commodity Fund, o movimento adiciona mais riscos ao crescimento global e os preços do petróleo parecem estar destinados às baixas. 

O fundo, que é administrado por ex-funcionários da Cargill, ainda de acordo com informações da agência de notícias Bloomberg, mudou sua perspectiva de neutro para altista no início do ano, diante das baixas de oferta em diversas matérias-primas, as quais foram importantes combustíveis para os ganhos recentes registrados pelas commodities agrícolas nos mercados internacionais, com as perdas na Argentina na safra 2015/16 de soja, ou o conhecido déficit de açúcar de mais de 2 milhões de toneladas. 
 
A medida dos ingleses, no entanto, os fez rever suas posições daqui em diante. Segundo um de seus gerentes, os preços do petróleo poderiam ceder ainda mais nas próximas três semanas, voltando a ficar confinados no intervalo de US$ 40,00 a US$ 45,00 por barril. 

"O crescimento mundial, com certeza, estará sob pressão agora, então, para se encontrar algum impulso no mercado será preciso acompanhar os problemas de falta de oferta. Já parao o petróleo, esperamos uma boa correção negativa nos preços", disseram os administradores dos Merchant Commodity Fund. 

Pós Brexit

Após anunciado o Brexit, os bancos centrais de todo mundo, ainda segundo informa a Bloomberg, prometeram mais estímulos para sustentar suas economias. Até que isso se concretize, no entanto, os fundamentos do petróleo, por exemplo, são insuficientes para sustentar o rally de alta já registrado de 29% ao longo deste ano. Estoques elevados de gasolina nos Estados Unidos deverão reduzir ainda mais as margens de refino, reduzindo a demanda pelo produto bruto, além de outros fatores. 

Por outro lado, para o café robusta, por exemplo, os fundamentos deverão falar mais alto do que a aversão ao risco causada pelo financeiro. Com o El Niño comprometendo as safras do Brasil e do Vietnã dessa variedade, os executivos do fundo internacional apostam em uma alta de cerca de 14% nos próximos três meses para US$ 2 mil por tonelada. "O robusta parece estar muito barato para a realidade de estoques apertados e tamanha a tensão deste mercado", disseram. O movimento, portanto, deverá favorecer ainda os futuros do café arábica, que também conta com estoques baixos. 

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Ainda de acordo com os executivos, o mercado do milho, que voltou a entrar em território negativo nesta semana, provavelmente não vai apresentar novas quedas muito acentuadas, trazendo boas oportunidades de compras para os fundos investidores. Somente em julho, os futuros do cereal negociados em Chicago já perderam 3,8%, principalmente os números de área plantada revisados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no final de junho, aumentando suas projeções. 

Veja como fechou o mercado de milho nesta quinta-feira:

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Sobre o carvão e o minério de ferro, o Merchant aposta em novas baixas nos próximos três a seis meses, bem como para o açúcar bruto, o qual poderia cair para algo entre 17 e 18 centavos de dólar por libra-peso. O movimento negativo é esperado diante das apostas otimistas para esses produtos já terem registrado seu recorde. 

Excesso de Liquidez

Segundo explica o consultor em agronegócios Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, o mundo passa por um momento em que há um grande volume de dinheiro sendo investido e circulando neste momento, o que faz com que a liquidez seja, portanto, bastante intensa neste momento e daqui em diante. E as commodities respondem à essa situação, portanto, com forte volatilidade. 

"Com esse excesso de liquidez no mundo, não há onde ganhar dinheiro agora, porque as taxas de juros estão muito baixas. Os gestores de fundos, que são remunerados por performance, procuram onde ganhar dinheiro e qualquer oportunidade no mundo onde há para ter alta valorização eles investem dinheiro. Lógico que as agrícolas serão mais voláteis do que as metálicas, porque as metálicas precisam de um crescimento mais constante do mundo para serem mais voláteis. Então, o produtor brasileiro de soja, milho, cana-de-açúcar, tem que se preparar para volatilidade, que será o nome do jogo enquanto as taxas de juros no mundo continuarem baixas", explica o consultor. 

Grãos e o mercado climático

Para os grãos, e mais especificamente para a soja neste momento, o mercado é ainda fortemente climático, o que deve acentuar ainda mais essa atuação volátil dos futuros da oleaginosa na Bolsa de Chicago. 

"Estamos em um momento de La Niña e o jogo ainda não está jogado para a soja americana. E o NOAA, o departamento de clima dos EUA, mostra que nos próximos 90 dias, as temperaturas serão acima da média e as chuvas, dentro dela. Se tivermos alguma falha de chuvas, teremos perdas. E por isso agora temos de olhar muito os movimentos diários de preços e passado esse momento de clima, vamos acompahar mais o cenário de oferta e demanda e plantio na América do Sul. Assim, temos que nos acostumar com essa volatilidade, aprender a lidar com ela", explica Fernandes. 

As baixas desta quinta-feira, no entanto, surpreenderam alguns analistas nacionais e internacionais, uma vez que os novos mapas climáticos trazem a continuidade das chuvas, porém, de uma forma menos intensa, o que poderia trazer algum alívio para o mercado. Isso não aconteceu e a soja liderou as baixas entre as agrícolas. 

"A reta final do pregão desta quinta não poderia ter sido menos intensa. Os fundos iniciaram um movimento pesado de liquidação de posições, contaminados pela queda brusca do petróleo. O volume de vndas detonou ordens de stop de outros fundos e fez a soja mergulhar e encerrar o dia com mais de 50 cents de baixa. Ironicamente, na medida em que a soja caía, os mapas climáticos retiravam um pouco das chuvas para os próximos dias", explicou Andrea Cordeiro, analista de mercado da Labhoro Corretora. 

China e farelo de soja
 
Ainda de acordo com o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, outro fator que pressionou as cotações e ajudou a intensificar as baixas da soja em Chicago foram inundações que atingiram a China nos últimos dias e que poderiam, segundo especulações, comprometer pontualmente o consumo de farelo de soja no país dada a morte de animais de corte. Os futuros do derivado também encerraram o dia com baixas superiores a 4% em Chicago. 


Mercado brasileiro da soja

Com a despencada dos preços da soja na Bolsa de Chicago, as cotações no Brasil acompanharam o movimento negativo. No interior do país, as principais praças de comercialização terminaram o dia recuando de 1,23% a 5,13% entre as principais praças de comercialização, com as cotações perdendo o patamar dos R$ 80,00 por saca na maior parte delas. Das pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, as que ainda mantêm essa referência são Ponta Grossa, no Paraná, com R$ 82,00; Assis e Avaré, ambas em São Paulo, com R$ 81,09 e R$ 82,06, respectivamente. 

Nos portos, as referências mais uma vez ficaram abaixo dos R$ 90,00. A soja disponível foi a R$ 89,00 em Paranaguá, caindo 1,11%, e a R$ 85,20 em Rio Grande, cedendo 3,18%. No mercado futuro, R$ 82,00 no terminal do Paraná e R$ 83,00 no do Rio Grande do Sul, com baixas de 1,20% e 2,35%. 

Os negócios, porém, praticamente não aconteceram já que os preços mais baixos afastam os vendedores, principalmente com o remanescente da safra velha, que é menos de 20% da colheita 2015/16. O dólar foi, mais uma vez, um limitador das baixas - ao lado da ajustada relação de oferta e demanda. A moeda americana subiu 0,87% e fechou o dia com R$ 3,3669. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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