Café: Atraso na entrada de lotes de arábica e quebra do conilon faz o mercado mudar expectativas com a safra 2016
Hoje, primeiro de julho, começa o novo ano safra cafeeiro no Brasil. No inicio do ano, com as boas chuvas sobre as regiões produtoras do sudeste, os analistas trabalhavam com a expectativa de uma safra brasileira 2016 grande e de boa qualidade. O verão quente e chuvoso prometia uma maturação precoce dos frutos e os operadores contavam com a entrada antecipada da nova safra no mercado para afastar o “fantasma” dos estoques baixos no Brasil.
Como dissemos em nosso último boletim, os trabalhos de colheita realmente começaram mais cedo em muitas regiões produtoras, mas chuvas inesperadas no final de maio e início de junho interromperam os trabalhos de colheita, derrubaram na terra bom volume de frutos maduros, encharcaram terreiros lotados de frutos em trabalho de secagem e induziram a passagem de verde para “passa” de muitos frutos ainda em processo de amadurecimento nas árvores. O resultado dessas chuvas fora de hora foi que ao invés da entrada precoce da nova safra brasileira de café, estamos enfrentando atraso considerável para que um fluxo normal de lotes de café 2016 chegue ao mercado. A forte quebra de nossa safra de conilon, maior que a inicialmente estimada, completa a mudança de expectativas quanto à produção brasileira de café em 2016.
Problemas climáticos derrubaram a produção brasileira de café nas safras de 2014 e 2015 enquanto o crescimento do consumo mundial levou o Brasil a quebrar sucessivamente seu recorde histórico de exportação de café em 2014 e 2015. Como resultado, tivemos o drástico encolhimento de nossos estoques de passagem, que devem ter chegado neste final de junho ao nível mais baixo de nossa história. A acentuada queda nos embarques brasileiros em abril, maio e junho, confirma que “raspamos” nossos armazéns, praticamente zerando o estoque da safra 2015 e anteriores. A dificuldade das torrefações brasileiras para conseguir a matéria prima necessária para abastecer nosso consumo interno, o segundo maior do mundo, é mais um indicativo do nível baixo dos estoques brasileiros de café.
Contando apenas com a nova safra 2016, encontraremos dificuldades para cumprir nossos compromissos na exportação e no consumo interno. Com o consumo mundial de café em alta, esse quadro, aliado a problemas climáticos também em outros importantes países produtores de café, pode estimular traders e grandes indústrias internacionais a pensarem em se antecipar a futuros problemas de abastecimento reforçando seus estoques. Poderá ser uma boa estratégia para quem têm acesso às fartas e baratas linhas de financiamento existentes tanto na Europa como nos EUA.
Até dia 30, os embarques de junho estavam em 1.670.029 sacas de café arábica, 80.273 sacas de café conillon, mais 232,882 sacas de café solúvel, totalizando 1.983.184 sacas embarcadas, contra 2.067.972 sacas no mesmo dia maio. Até o mesmo dia 30, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em junho totalizavam 2.335.146 sacas, contra 2.335.387 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 24, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 1, subiu nos contratos para entrega em setembro próximo 925 pontos ou US$ 12,24 (R$ 39,41) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 24 a R$ 611,94 por saca, e hoje dia 1, a R$ 623,58 por saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega setembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 75 pontos.
0 comentário
Preço do café sobe 4% nesta terça-feira e Bolsa de NY renova máximas para cotações do arábica
Mercado cafeeiro segue em sua tendência de alta no início da tarde desta 3ª feira (26)
Chuvas regulares trazem expectativa de uma boa safra de café em Minas Gerais, diz presidente da Faemg
Mapa divulga marcas e lotes de café torrado desclassificados para consumo
Após fortes altas, mercado cafeeiro inicia 3ª feira (26) com ganhos moderados e realização de lucros
Café em alta: novo recorde em exportação sinaliza que mundo abraça cada vez mais os grãos de Minas