Prejuízos marcaram o primeiro semestre da suinocultura catarinense
O primeiro semestre de 2016 não foi tranquilo para os suinocultores de Santa Catarina, que sofreram com o alto custo de produção e a baixa remuneração pelo quilo do suíno. A crise política e econômica do Brasil também contribuiu para agravar ainda mais a situação, fazendo com que muitos produtores abandonassem a atividade.
De acordo com o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi, a média de preço pago pelo quilo do suíno ao produtor integrado atingiu R$ 2,82 nos primeiros seis meses de 2016, enquanto no mesmo período do ano passado o valor foi de R$ 3,00. O quilo do animal vivo no mercado independente teve valor médio de R$ 3,16 neste ano, contabilizando R$ 0,08 de prejuízo no comparativo ao ano anterior.
O presidente da ACCS destaca que o alto custo de produção agravou a produtividade do suinocultor. De acordo com levantamentos da entidade, a saca de milho ficou no valor médio de R$ 30 no ano passado, mas no primeiro semestre deste ano o preço da saca do cereal é de R$ 50,40. O alto valor do quilo de farelo de soja foi outro fator que desestabilizou a suinocultura catarinense, fechando o primeiro semestre a R$ 1,44 – alta de 23,29% em relação ao mesmo período de 2015.
“Enquanto o preço dos insumos tiveram enormes reajustes, o quilo do suíno teve queda de 5%. Esse descompasso está acabando com a suinocultura catarinense. O descontrole é fruto da alta do dólar, que só este ano já somou uma alta de 25% com relação ao ano passado. Esses fatores fazem com que o mercado seja desanimador para a nossa suinocultura”, lamenta Losivanio.
Em determinadas semanas de 2016, já foram registrados R$ 130 de prejuízo por animal comercializado. “Esse fator gera desespero para o produtor. Nenhuma das ações propostas pela a ACCS para tentar amenizar a crise no setor foi atendida por conta da crise política. Muitos políticos se preocuparam apenas em assegurar suas cadeiras, deixando a população de lado”, analisa Losivanio.
Em Santa Catarina, há relatos de produtores que estão reduzindo plantel e muitos até cogitam deixar a atividade. Losivanio lamenta a atual situação, pois o Estado, que tanto se preparou para ser excelência na produção de suínos, perde mão de obra qualificada.
Alerta de mercado
Diante do crescimento desordenado da produção, o atual cenário de crise já havia sido alertado pela ACCS em março do ano passado. O alto volume de grãos exportados agravou ainda mais a situação do setor suinícola em 2016.
Pautas de reivindicações
Desde fevereiro a ACCS busca soluções para diminuir os prejuízos na atividade, mas a classe política não colocou nenhuma ação efetiva em prática. No dia 4 de abril a ACCS participou de uma grande audiência pública na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). Dois dias depois, a entidade, lideranças políticas e do agronegócio se reuniram com a ex-ministra Kátia Abreu em Brasília.
Na época, ela garantiu a liberação de crédito para o refinanciamento de matrizes e também a remoção de uma cota-extra de milho para Santa Catarina através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Conforme Losivanio, nenhuma medida se tornou realidade.
No dia 28 de abril, Losivanio participou de uma audiência pública no Senado Federal onde novamente a crise do setor foi amplamente debatida por mais de duas horas. Lideranças catarinenses estiveram com o atual ministro de Agricultura Blairo Maggi, mas as cobranças da suinocultura permanecem sem atendimento. “Nesta semana estaremos mais uma vez no Ministério da Agricultura para fazer cobranças”, ressalta Losivanio.
Exportações
Losivanio avalia que o aumento na exportação de carne suína foi um fator que contribuiu para não levar o setor definitivamente à falência. Com um volume de 16 mil toneladas de carne suína importada de Santa Catarina, a China figura como a segunda maior importadora da proteína. No ano passado, o país asiático comprou apenas 211 toneladas de carne suína catarinense. “O status sanitário do nosso Estado é o grande diferencial”.
O valor das exportações aumentou 21,37% em dólares recebidos pelas agroindústrias e 64,74% em peso. “O volume exportado neste ano está batendo todos os recordes e nós acreditamos que conseguiremos exportar mais de 600 mil toneladas. Mesmo assim, temos uma sobra muito grande de carne no mercado interno, já que houve uma desaceleração da economia brasileira”.
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