Na CBOT, milho inicia a 2ª feira em campo positivo após desvalorização de mais de 12% na semana anterior

Publicado em 27/06/2016 08:30

As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) operam com leves altas na manhã desta segunda-feira (27). As principais posições do cereal exibiam ganhos entre 3,75 e 5,00 pontos, por volta das 8h07 (horário de Brasília). O contrato julho/16 era cotado a US$ 3,89 por bushel, enquanto o março/17 era negociado a US$ 4,06 por bushel.

O mercado esboça uma reação após acumular desvalorização de mais de 12% na semana anterior. A queda foi maior dos últimos 3 anos, desde junho de 2013. Os fundos liquidaram as suas posições compradas depois de novos mapas climáticos indicarem clima favorável ao desenvolvimento do milho nos Estados Unidos.

Inclusive, esse será o foco dos participantes do mercado, especialmente nas próximas semanas, quando grande parte das lavouras estará em fase de polinização, a mais importante da cultura. Ainda hoje, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz novo boletim de acompanhamento de safras. Até a semana anterior, cerca de 75% das lavouras estavam em boas ou excelentes condições.

Nesta segunda-feira, o USDA também traz novo relatório de embarques semanais, importante indicador de demanda.

Veja como fechou o mercado na última sexta-feira:

Com influência do financeiro e clima favorável nos EUA, milho tem queda semanal mais de 12% em Chicago

Ao longo da semana, as cotações do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) despencaram e acumularam desvalorizações de mais de 12%. Com isso, as principais posições do cereal perderam o importante patamar de US$ 4,00 por bushel. O vencimento julho/16 encerrou a sexta-feira (24) a US$ 3,84 por bushel, com queda de 2,75 pontos, enquanto o dezembro/16 finalizou o dia a US$ 3,94 por bushel e perda de 3,50 pontos.

Ainda hoje, o principal de pressão aos preços foi a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia. “A decisão divulgação nesta sexta-feira pegou os mercados de surpresa, já que ao longo da semana havia perspectivas de que o país continuaria a participar do bloco. Com isso, houve um desmantelamento dessas posições e os fundos tiveram de realocar esses recursos", explica o economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter.

Diante desse quadro, os fundos buscaram ativos mais seguros como ouro, que chegou a subir mais de 5% hoje e, títulos dos tesouros americano e japonês. “Isso porque, os investidores acabam deixando os ativos de maior risco como os mercados acionários, de commodities e o petróleo. Há uma busca com ativos mais seguros, pois os investidores procuram rentabilidade e segurança. E é preciso ressaltar que os mercados já vinham pressionados ao longo da semana diante da inversão das questões climáticas no Meio-Oeste americano”, reforça o economista.

Os mapas climáticos voltaram a mostrar chuvas e temperaturas amenas para o cinturão produtor nos EUA. Informações do noticiário internacional dão conta que algumas tempestades no Kansas e no Missouri têm contribuído para melhorar a umidade do solo em áreas onde o clima mais quente predominou nas últimas semanas. Inclusive, chuvas também são previstas em partes do Iowa e Illinois. No final de semana, precipitações devem ocorrer em Indiana e Ohio, de acordo com informações do Serviço Nacional de Meteorologia.

E o clima deverá continuar no foco dos participantes do mercado, especialmente no mês de julho. Período em que a grande maioria das lavouras estará em fase de polinização, uma das mais importantes para a cultura e de definição de produtividade. Ainda essa semana, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou que cerca de 75% das plantações apresentam boas ou excelentes condições. Os números serão atualizados na próxima segunda-feira (27).

E a ‘falta’ de um problema no clima nos EUA fez com que muitos investidores liquidassem suas posições durante a semana. “A manutenção de grande parte das plantações em boas condições encorajou os fundos a venderem suas posições. Os fundos estavam comprados em grãos em meio à expectativa de que o La Niña trouxesse uma perda à safra americana”, explicou o analista de mercado da Novo Rumo Corretora, Mário Mariano.

Mercado interno

No mercado interno, as cotações do milho também recuaram essa semana. Segundo levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, em Barretos (SP), a queda foi de 25,49%, com a saca a R$ 37,12. Nas praças paranaenses, Ubiratã, Londrina e Cascavel, a desvalorização foi de 7,89%, com a saca do cereal a R$ 35,00. Em Panambi (RS), a queda foi de R$ 6,38% e a saca a R$ 44,04. Já em São Gabriel do Oeste (MS), o recuo foi de 15,79%, com a saca a R$ 32,00. Em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, ambas no Mato Grosso, a queda ficou em 3,33%, com a saca a R$ 29,00. Em Jataí (GO), a perda ficou em 7,50% e a saca a R$ 37,00. No Porto de Paranaguá, a saca para entrega setembro/16 caiu 7,89% e fechou a semana a R$ 35,00.

As cotações recuam a medida que os trabalhos de colheita da safrinha de milho avançam, conforme ressaltam os analistas. Em Mato Grosso, a área colhida com a safrinha alcançou 16,62% nesta sexta-feira, segundo dados reportados pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). No mesmo período do ano passado, o índice colhido era de 12,83%. Por enquanto, a região mais avançada é a Médio-Norte, com 22,50% da área cultivada já colhida até o momento.

No caso do Paraná, importante estado produtor na safrinha também, a área colhida está próxima de 10%, de acordo com o Deral (Departamento de Economia Rural). Conforme levantamento da entidade, em torno de 29% da safra já foi negociada até esse momento.

Por outro lado, os analistas reforçam que há um maior interesse vendedor por parte dos produtores, que buscam aproveitar os preços ainda em patamares mais altos. Em contrapartida, os consumidores estão retraídos e esperam a entrada do produto no mercado doméstico.

Além disso, a renegociação dos contratos feitos antecipadamente também é um movimento observado e ajuda a pressionar os preços, já que tende a deixar mais produto no mercado interno. Ainda assim, a perspectiva é que os preços apresentem uma correção no final do ano, no entanto, as cotações não devem apresentar valorizações expressivas, segundo disse o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.

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Tags:
Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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