Otimismo com a safra 2016/17 de café do Brasil fica cada vez menor com chuvas causando estragos pelo cinturão produtivo
Lideranças da cafeicultura brasileira estão cada vez menos otimistas em relação à produção da safra 2016/17 do Brasil, antes estimada – em volume e qualidade – como uma das melhores dos últimos anos. Nos primeiros dias de junho, quando a maioria dos cafezais estavam próximos de serem colhidos ou os produtores já haviam iniciado os trabalhos no campo, chuvas fortes, principalmente em São Paulo e Sul de Minas Gerais, prejudicaram as lavouras.
De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Boa Esperança (MG), Manoel Joaquim da Costa, as chuvas retiraram a proteção natural dos frutos favorecendo a maturação mais rápida e a proliferação de microrganismos. "O grão mais seco é muito mais fácil de cair do pé e se torna café de varrição. Isso afeta bastante a qualidade da bebida", explica. Além disso, "com essa situação, o produtor não consegue mais comercializar o grão como cereja descascado [que tem maior valor de mercado]", ressalta.
Sem a possibilidade de colher o cereja, os cafeicultores perdem mais de R$ 100 por saca. Segundo Costa, a previsão é de que a produção do tipo cairá mais de 50% na região somente neste ano.
Para discutir as perdas causadas pelas intempéries climáticas, sindicatos de Minas Gerais e São Paulo convocaram uma reunião, em Cabo Verde (MG), com a Comissão Técnica de Cafeicultura da FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais) na última terça-feira (21). O encontro reuniu cerca de 40 pessoas entre lideranças, produtores e agrônomos da região.
FAEMG reúne lideranças para discutir impactos do clima na safra 2016/17 | Foto: FAEMG
"Tudo indicava uma safra muito boa de arábica neste ano, tanto em qualidade como em quantidade, mas aconteceu essa catástrofe. As chuvas fora de hora derrubaram entre 25% a 50% dos grãos, comprometendo fortemente a qualidade da safra", afirma o diretor da FAEMG e presidente da Comissão de Cafeicultura da FAEMG e da Presidente da Comissão Nacional de Café da CNA, Breno Mesquita, que prefere ainda não fazer previsões quantitativas das perdas. Lavouras da região Sul de Minas Gerais e de São Paulo foram as mais afetadas.
A ideia da FAEMG agora é fazer um levantamento dos prejuízos em todo o cinturão produtivo de café junto a cooperativas e sindicatos para ter um panorama mais geral e, posteriormente pleitear ações do governo. "Queremos provar que houve problemas e resolvê-los. A cafeicultura brasileira não pode mais viver sem seguro e com subvenções tão baixas", pondera Mesquita.
Dentre as alternativas propostas estão a discussão do passivo, a orientação a municípios afetados para que decretem estado de emergência e, principalmente, a instrução dos produtores a terem cautela na negociação de sua produção, calculando a valoração de sua safra.
A produção da temporada 2016/17 de café do Brasil foi estimada em maio pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em 49,67 milhões de sacas de 60 kg, um aumento de 14,9% em relação ao ano passado. A produção do arábica é estimada em 40,27 milhões de sacas, enquanto que a de conilon, que tem queda prevista de 16% em relação à safra 2015/16, deve ter colheita de 9,4 milhões de sacas.
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