Dólar sobe 0,10% ante real com exterior, mas vendas pontuais limitam avanço
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em leve alta frente ao real nesta quinta-feira, reagindo a preocupações com o referendo sobre a permanência da Grã-Bretanha na União Europeia, mas o avanço foi limitado por vendas pontuais de divisa que tiveram seu efeito acentuado pelo baixo volume de negócios.
O dólar avançou 0,10 por cento, a 3,4700 reais na venda, após atingir 3,5118 reais na máxima do dia e 3,4638 reais na mínima. O dólar futuro recuava cerca de 0,2 por cento no final da tarde.
"O mercado está dando muita importância para a questão da Grã-Bretanha e o dia hoje é de aversão a risco", resumiu o operador da corretora Correparti Guilherme Esquelbek.
Pela manhã, o dólar chegou a subir mais de 1 por cento ante o real diante de preocupações com a possibilidade de a Grã-Bretanha deixar a zona do euro. O referendo de 23 de junho sobre o tema vem assustando investidores, que evitavam ativos de maior risco com medo de impactos adversos sobre a economia global.
Pesquisa publicada nesta manhã mostrou crescimento do apoio à saída da Grã-Bretanha do bloco econômico, somando 53 por cento. Trata-se do nível mais alto de apoio registrado na campanha em mais de três anos.
A decisão do Banco do Japão, banco central do país, de não oferecer novos estímulos monetários também contribuiu para o mau humor.
A moeda norte-americana reduziu os ganhos durante a tarde, porém, reagindo a vendas pontuais. "O mercado está muito leve hoje, operando lotes muito pequenos. Qualquer fluxo pequeno faz estrago na cotação", disse o operador de uma corretora internacional.
No Brasil, investidores também demonstraram cautela diante do quadro político incerto. Na véspera, delação premiada citando o presidente interino Michel Temer pressionou fortemente o câmbio, mas o movimento perdeu força ao longo do dia.
O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado disse em delação premiada que Temer pediu recursos ilícitos para a campanha de Gabriel Chalita (PMDB) à prefeitura de São Paulo em 2012, segundo documento tornado público pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
"A denúncia serve de lembrete de que a Lava Jato é o maior obstáculo enfrentado por Temer. Mas na lista de denúncias, essa não parece ser muito severa", escreveram analistas da consultoria de risco político Eurasia Group, em relatório.
Nesta tarde, o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, pediu demissão de seu cargo. Alves foi um dos políticos citados em delação premiada durante investigação da Lava Jato.
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