Café: Mesmo com leve alta nesta 6ª feira, Bolsa de Nova York encerra semana com perdas de mais de 4%
Após consecutivas sessões de alta nos últimos dias, as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerraram a semana com queda de 4,15% no vencimento julho/16, referência para o mercado, repercutindo o câmbio e em ajustes. Nem mesmo o avanço dos preços na sessão desta sexta-feira (20) teve força para reverter as baixas das últimas três sessões.
O vencimento julho/16 registrou na sessão de hoje 124,75 cents/lb com alta de 80 pontos, o setembro/16 anotou 126,65 cents/lb com 75 pontos de avanço. Já o contrato dezembro/16 teve 129,40 cents/lb com 70 pontos positivos, enquanto o maio/17, mais distante, fechou o dia cotado a 132,15 cents/lb com 75 pontos de valorização.
Após nove sessões do lado azul da tabela, que levaram os vencimentos mais próximos a testarem o patamar de US$ 1,35 por libra-peso, desde terça-feira (17) até ontem (19), o mercado do café arábica registrava baixa. Os preços recuaram em meio à realização de lucros, câmbio e liquidação dos fundos.
Do lado fundamental, segundo agências internacionais de notícias financeiras, pesa também sobre as cotações o avanço da colheita no Brasil, que tem transcorrido sem muitos problemas. Segundo levantamento divulgado nesta quinta-feira (19) pela Safras & Mercado, a colheita do Brasil está em 10% do total esperado, ou seja, 5,63 milhões de sacas de 60 kg. A consultoria estima a produção de café nesta temporada em 56,4 milhões de sacas.
A corretora Marex Spectron reduziu na quinta-feira sua estimativa para o excedente global de café na temporada 2016/17 com uma menor projeção para a colheita do México e melhora nas perspectivas para a Colômbia. Saindo de 1,03 milhão da publicação anterior para 1 milhão de sacas.
"O mercado viveu nos últimos dias uma conjugação de fatores perversos. Vale ressaltar que estes fatores não estavam alinhados ao quadro fundamental e assim, não houve o devido aval para continuidade do tom pessimista", afirma o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães em referência às últimas baixas.
Apesar do avanço da colheita no Brasil, alguns produtores do Sul de Minas Gerais, principal região produtora do Brasil, precisaram paralisar os trabalhos no campo por conta da umidade e das chuvas. A maior umidade nos cafés, tanto no terreiro como no armazenamento, favorece a proliferação de microorganismos que comprometem a qualidade dos frutos e depreciam o produto no mercado.
Já na sessão desta sexta-feira, os preços do café arábica na Bolsa de Nova York esboçaram recuperação com recompras de fundos sendo registradas. No entanto, pouco contribuíram para o mercado reverter as perdas iniciadas na terça-feira. "Continuo da opinião de que o mercado cafeeiro tem forças nas próprias pernas para buscar e conseguir a sustentação desejada", afirma Magalhães.
Acompanhando o bom humor dos mercados globais e a ausência do Banco Central no câmbio, o dólar comercial fechou o dia com queda de 1,46%, cotado a R$ 3,5182 na venda. A moeda norte-americana acumulou queda de 0,15% frente ao real na semana, após subir nas duas anteriores. O dólar mais baixo em relação ao real desencoraja as exportações da commodity brasileira e os preços tendem a avançar.
Mercado interno
No mercado físico brasileiro, os negócios com café seguem isolados e os preços oscilaram pouco durante a semana. O produtor brasileiro continua mais atento aos trabalhos de colheita e não oferta no mercado sua produção pelos atuais patamares. "As colheitas avançam, mas a liquidez não acompanha a ansiedade ou a expectativa de muitos do setor", afirma Marcus Magalhães.
Em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta quinta-feira, o produtor de café, Fernando Barbosa informou que os preços na região de São Pedro da União (MG) estão em cerca de R$ 480,00 a saca, o que não cobre nem os custos de produção.
O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação hoje em Guaxupé (MG) e Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 530,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia ocorreu em Poços de Caldas (MG) com alta de 3,83% e saca a R$ 515,00.
Da sexta-feira passada para hoje, a cidade que registrou maior variação para o tipo foi Guaxupé (MG) com queda de R$ 10,00 (-1,85%), saindo de R$ 540,00 para R$ 530,00 a saca.
O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 530,00 a saca – estável. A maior oscilação dentre as praças no dia ocorreu em Poços de Caldas (MG) com alta de 3,46% e saca a R$ 478,00.
Para o tipo, conforme o gráfico, a maior oscilação na semana foi registrada em Poços de Caldas (MG), que tinha saca cotada a R$ 495,00, mas recuou R$ 3,00 (-0,62%) e agora vale R$ 478,00.
O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação nas cidades de Araguari (MG) e Varginha (MG), ambas com R$ 490,00 a saca, alta de 2,08% na primeira e preço estável na segunda. A maior variação no dia dentre as praças foi ocorreu em Poços de Caldas (MG) com alta de 2,88% e saca a R$ 465,00.
A variação mais expressiva de preço na semana para o tipo 6 duro foi registrada em Espírito Santo do Pinhal (SP), por lá a saca estava cotada a R$ 490,00 na sexta-feira passada, mas teve desvalorização de R$ 20,00 (-4,08%) e agora está em R$ 470,00.
Na quinta-feira (19), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 458,79 com queda de 2,26%.
Bolsa de Londres
A Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, seguiu Nova York e também registrou alta nesta sexta-feira. O contrato maio/16 anotou US$ 1628,00 por tonelada com avanço de US$ 15, o julho/16 teve US$ 1659,00 por tonelada e o setembro/16 anotou US$ 1675,00 por tonelada, ambos com valorização de US$ 21.
Na quinta-feira (19), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 388,20 com avanço de 0,32%.
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