Devido à seca, Uruaçu (GO) decreta estado de emergência
Ao contrário das previsões do início do ano, a tão esperada safra recorde de milho não alcançou números tão expressivos. A vilã: a estiagem, que já tem contabilizado prejuízos em diversas regiões, como em Santa Helena, por exemplo, cuja lavoura perdeu cerca de 80% dos grãos. Na última terça-feira (3), representantes da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), da Associação de Produtores de Soja de Goiás (Aprosoja-GO) e de Sindicatos Rurais (SRs) de cidades vizinhas se reuniram em Uruaçu, norte do estado, para tratar da mesma pauta, que também trouxe problemas para aquela região.
A prefeita do município, Solange Bertulino, como previsto em conversas anteriores com a Federação, decretou estado de emergência. Segundo ela, dados extra-oficiais, sugerem que, devido à grande área plantada em Uruaçu, a cidade foi uma das que contabilizou mais perdas. “Nós, da administração pública, sabemos muito bem como é difícil pensar um projeto, traçar nossos próximos passos e, quando vamos colher o resultado, não alcançarmos o que esperávamos”, comparou. “É um banho de água fria”, finalizou a metáfora.
O decreto, continuou Bertulino, é um subsídio a mais para o SR de Uruaçu, mostrando que a prefeitura está em sincronia com a entidade do trabalhador do campo. O presidente do Sindicato, Ozires Ribeiro, afirmou que a situação está mais crítica do que foi imaginado. José Mário Schreiner, presidente da Faeg, ressaltou a importância de a administração pública abraçar esta causa, já que a maioria da população pensa que campo e cidade trabalham separadamente.
“A soja colhida se transforma em vários outros produtos. A falta de grãos afeta também a produção de suínos, bovinos e até mesmo combustível”, explicou. “Se nós avaliarmos o atual momento do país, a Agropecuária representa 52% da exportação do país e 33% dos empregos”, continuou ele. Para Schreiner, o momento é de alertar todas as bases para agirem rápido, movimentando os decretos de situação de emergência. Até o fechamento desta notícia, segundo informações da Faeg, as prefeituras de Goiatuba, Paraúna, Silvânia, Ipameri e Caldas Novas sinalizaram decretos também.
Passo a passo
De acordo com o tenente coronel Carlos Lira, do departamento de Prevenção de Desastres e Calamidades do Corpo de Bombeiros de Uruaçu, há alguns elementos que subsidiam o decreto de emergência, para que ele seja acatado pelo governo federal. “Precisa-se de registros fotográficos de que comprovem a situação – no caso de vocês, a estiagem – e também de um laudo meteorológico do estado”, explicou.
Em reunião na sede da Federação da Agricultura, produtores de todo o estado comentaram sua situação. Bom Jesus, Cabeceiras, Edeia, Itumbiara, Goiatuba, Caldas Novas e Piracanjuba relataram perda de 50% da plantação. Silvânia, Paraúna e Catalão, 60%. No sudoeste de Goiás, a situação foi menos grave: Rio Verde, Caiapônia, Mineiros e Jataí estimaram 40% de perda.
Por ser uma situação que se alastra em todo o estado, o tenente coronel sugeriu que se fizesse apenas um decreto, que seja a nível estadual. “O ideal é que se reúna provas das calamidades e junte-as para fazer um documento mais abrangente”, disse. Schreiner corroborou a hipótese, alegando que não há condições de todos os 246 municípios decretarem estado de emergência ao mesmo tempo.
Augusto César, assessor jurídico da Faeg, acredita que o desastre, além de ambiental, é econômico, tendo em vista que o preço do milho sofrerá grandes oscilações, corre-se o risco de faltar alimento no mercado interno, além da perda em exportações. No entanto, disse ele, ao decretar-se estado de emergência, a prefeitura não tem contras. A administração pública consegue agir com mais rapidez em situações como esta, desburocratizando uma série de barreiras que existiriam em situação regular.
Confirmando o discurso de Schreiner e Lira, o assessor jurídico também foi enfático ao defender um decreto de maior abrangência. Além disso, ratificou que deve-se ter o maior número possível de evidências, para deixar o documento mais robusto e contundente. “Nós, da Faeg, estamos à disposição para ajudar os produtores em quaisquer dúvidas em relação a esse processo”, concluiu.
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