Exportações de milho deixam setor de proteínas em alerta, destaca ABPA

Publicado em 15/04/2016 14:06
Associação defende que Brasil deve realizar acompanhamento de contratos de venda futura do cereal

O presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, ressaltou hoje a preocupação do setor produtivo com escassez de milho no Brasil, enquanto os embarques para outros países continuam elevados, reduzindo a capacidade de abastecimento do mercado interno.

Turra destaca, em especial, o fluxo de grãos que segue para abastecer agroindústrias de aves e de suínos dos Estados Unidos, apesar das boas safras colhidas e da grande oferta existente nos silos daquele país.  Conforme informações do Departamento de Agricultura norte-americano (USDA) circuladas na imprensa internacional, o país deverá importar 1,27 milhão de toneladas de milho, volume 56% superior ao registrado na safra anterior.  Os países da América do Sul serão os grandes fornecedores.

“O cenário cambial tornou atrativo importar milho do Brasil e da Argentina.  Temos uma bela safra à vista, mas a ‘evasão’ do insumo está se transformando em um problema grave para o nosso setor.  Enquanto enfrentamos escassez por aqui, vemos situações como a dos Estados Unidos, que é o grande concorrente internacional do Brasil nas exportações de carne de frango e vive uma ‘super’ oferta em seus silos. Isto, ao mesmo tempo em que aumenta as importações do grão produzido no campo brasileiro, sob protesto dos produtores americanos do cereal. Por este motivo, as ações que facilitem nosso acesso aos insumos vêm se tornando emergenciais”, explica o presidente da ABPA.

Turra destaca o esforço realizado pela ministra Kátia Abreu para diminuir os impactos sofridos pelos produtores de aves e de suínos em meio a este cenário, como é o caso da proposta elaborada pelo Ministério de Agricultura para a desoneração de PIS e Cofins sobre o milho importado – proposta que não foi aceita pela Receita Federal.

“A Ministra Kátia Abreu apresentou um documento aprofundado que demonstrava a necessidade do setor produtivo pela importação desonerada, mesmo que em um período transitório.  Infelizmente, faltou compreensão por parte da Receita Federal.  Esperamos, agora, que o pedido de desoneração da alíquota de 8% para importação de milho que a ministra apresentou à Camex seja aprovado”, completa Turra.

O Ministério da Agricultura tem promovido outras ações para buscar equilibrar o mercado, como leilões de estoques.  “Infelizmente, o preço do milho continua elevado.  Temos relatos de associados nossos sobre casos de intermediários entregando o milho no porto por R$ 32,00 a saca para cumprir contratos anteriormente firmados de venda futura, enquanto para as agroindústrias brasileiras o preço chega a R$ 50,00.  Está na hora do Brasil iniciar um acompanhamento dos contratos futuros, à exemplo do que faz os Estados Unidos, considerando que este é um cereal estratégico para o país. Precisamos manter ambas as cadeias saudáveis (de cereais e de proteínas) para sustentabilidade dos negócios”, alerta o presidente da ABPA.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
ABPA

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

9 comentários

  • Marsellus Marte Fortaleza - CE

    Engraçado que o país está quebrado por conta da intervenção de autoridades governamentais e ainda me vem uns idiotas pedindo mais intervenção. A única coisa que devemos exigir é diminuição de impostos de todo tipo e que o Governo deixe os produtores em paz para fazer o que sabem. Tenho certeza que assim a produção aumenta. O Governo não controla os proprios gastos é que vcs estão pedindo pra controlar os contratos futuros de soja e milho?

    1
  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    No Brasil, as lideranças e autoridades só agem em caráter emergencial e de improviso, geralmente para tentar sanar um problema que eles mesmos criaram. E tem muita gente que ainda os aplaude.

    0
    • carlo meloni sao paulo - SP

      SR RODRIGO SO' APAGAM FOGOS ----SAO TODOS DESPREPARADOS

      0
  • Rafael Mendes Araguari - MG

    temos que pensar também nos pequenos produtores suinocultores e avicultores que não tem como estocar...aí eu pergunto como esses vão ficar?é muito fácil falar que eles não compraram na hora certa... a grande verdade é que o país não tem uma política igualitária, sou a favor dos agricultores e tb dos pecuaristas acho que são uma classe de.pessoas idôneas e trabalhadoras, no meu ponto de vista falta uma política agrícola e igualitária...

    2
    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Sr. Rafael, nunca votei no Lula, mas quando ele ganhou a eleição pensei: Decerto agora ele vai mudar a politica agricola e favorecer os pequenos, deixando os grandes para que se virem com o mercado. Mas nada, ele fez foi favorecer ainda mais os grandes conglomerados economicos, dois dos quais sei com certeza que entraram em recuperação judicial nesse mesmo ano. Para o PT esses não são fascistas, mesmo que tomem todas as melhores terras, comprando ou arrendando, pois o governo lhes garante que não paguem as dividas ou lhes beneficia com inflação que faz com que juros de 6% ao ano se tornem negativos, e paguem menos do que emprestaram. Aí nessa sua região tem um exemplo, nesse chapadão entre Tupaciguara e Itumbiara, um usineiro que junto com outro grande "empresário" quebrou a Carol de Orlândia, que foi uma das maiores e melhores cooperativas do Brasil, chegando a ter 3000 funcionários, alguns se criaram dentro daquela cooperativa. Pois bem, dois desses, financiaram mais de meio milhão de ha na cooperativa, em conluio com a diretoria e não pagaram. Também nada lhes aconteceu. No Brasil do PT é assim, estelionatário além de não ir para a cadeia, ainda fica roncando grosso e fazendo discurso e ajuntando terra e mais terra até não ter mais fim.

      0
    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Nada como "enxergar as coisas" !!!

      0
    • elcio sakai vianópolis - GO

      sou produtor, e na minha opinião, muitos tem um planejamento arcaico. Se todos tivessem um bom planejamento, iriam procurar parceiros pra diluir a compra de embolsadeiras, podendo assim ter um custo baixíssimo pra estocar o milho e evitando assim a entressafra e os preços altos.

      O mercado felizmente irá afunilar os mais ineficientes, quem não se modernizar felizmente irá sair do mercado, seja ele qual for.

      Vejo casos, que um pequeno produtor tem as suas contas, mais bem administradas que muitos dos grandes.

      Lógico que falta politicas de incentivos, mas o mais certo não seria ter uma classe mais unida, cooperativas menores voltadas pro próprio cooperado. Acho que o maior erro é nosso, somos pessoas individualistas, queremos crescer por mérito próprio, sem a ajuda de ninguém.

      Estou errado?

      0
    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Sr. Elcio, responderei, mas não para falar que você está certo ou errado, e sim expondo meu ponto de vista. A única igualdade possivel para homens que vivem em sociedade é a igualdade perante a lei, jamais a igualdade economica, social e cultural. Falei do PT por que esse foi o partido, junto com toda a esquerda que sempre discursou em favor dos pequenos e pobres. Quando chegou ao poder uniu-se aos grandes e juntos acumularam crimes sobre crimes. Espero que todos os financiamentos do BNDS e alguns do BB tornem-se públicos, tenho uma certeza inabalável que encontrarão muita sujeira lá, o agronegócio não é somente a locomotiva do Brasil, muitos de seus maiores integrantes são parte do sistema politico e economico corrupto, diria fascista, que se instalou no Brasil. O MST merece ser extinto, espero que o primeiro ato de Temer seja tirar o dinheiro público desses terroristas, e o agronegócio precisa ser depurado.

      0
    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Sr. Elcio, me empolgo tanto com a mudança politica que acabo esquecendo o que de inicio ia dizer. Não foi o mercado quem colocou o preço do milho e da soja lá em cima, foi o governo, e em minha opinião ele exagerou na desvalorização do dinheiro dos brasileiros, basta pensar na situação contrária, se agora o governo permitir que o real se aprecie demais e os produtores de grãos começarem a pagar o "pato"? Hoje as 10 abre a BMF e ninguém sabe para onde vai o dólar, se cai, se o BC interfere e não deixa despencar, ou seja a incerteza é muito grande, e infelizmente poucos sabem avaliar um planejamento considerando as duas situações, de alta ou baixa do dólar, evitando assim perder dinheiro. Obrigado pela paciência e por responder aos meu comentários. Bom dia e que Deus nos abençoe, a todos sem exceção.

      4
  • R L Guerrero Maringá - PR

    Sr. Francisco Turra,

    O senhor está no país e na época errada.

    Teu lugar na história teria sido o governo Kirchner na Argentina, que com essa mentalidade de oprimir uns para beneficiar outros em nome de um pretenso nacionalismo de interesses devastou o setor produtivo daquele país.

    Usar o termo evasão é evidência do teu tipo de mentalidade. Não há evasão. Existem sim atos comerciais de plena lisura.

    Lembre-se que é NOSSO MILHO, E TEU FRANGO. Se quiser ser dono do milho, produza ou pague! Não venha querendo chamar a mamãe Dilma para tirar de nós e dar para você.

    E sim, a contratos de R$ 32 sendo cumpridos. Onde vocês estavam quando estes contratos foram feitos que não garantiram seu fornecimento?

    Parem de espernear e aprendam a lição!

    2
    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Sr. Guerrero, o Turra está olhando lá na frente, para o contrato outubro, alíás o João Batista fez um video muito bom, falando dentro de uma lavoura de milho espetacular, sobre esse contrato. Está 36 reais, base Campinas, mais de dez abaixo do contrato maio. O temor dele é de que o Brasil repita o aumento de exportações de milho, mantendo o preço interno no patamar que está, ou acima. O problema é que interferir para baixar o preço do milho, vai ter efeito oposto ao que o Turra e Kátia Abreu desejam, a exportação vai aumentar ainda mais. O que ninguém enxerga é que com o aumento do valor do real, junto com o aumento do preço do milho em Chicago, a divergência que foi criada pela politica do governo está diminuindo, e o próprio mercado vai se encarregar de eliminar essa divergência. O problema maior hoje é o câmbio, pois o mercado pode exagerar e levar a taxa para 2,5, o que certamente trará de novo consequencias desastrosas para o País. É o custo de consertar erros.

      0
  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Quando o resultado de uma politica pública é desastroso, os luminares do agronegócio na politica parecem ter uma unica linguagem: a solução é sempre o governo (exatamente quem provocou o problema)... Kátia Abreu puxa o saco da Dilma ?!!!, e Turra puxa o saco da Kátia Abreu..., logo, o resultado é sempre o fracasso... e a solução sempre mais interferencia, regulamentações, taxações, aumento de custos, e toma-lhe na cabeça dos produtores.... Francisco Turra devia ir administrar o agronegócio em Cuba e levar a Kátia Abreu junto com ele... A fala do Turra não deixa de ser ilustrativa, pois o governo desvaloriza o real, aumenta automaticamente os preços do milho internamente, e o resultado não podia ser outro, o Brasil fornece milho para o mundo inteiro, derrubando as cotações até nos EUA..., mas por um raciocinio dos infernos, chega-se à conclusão que a culpa é dos atravessadores!!! É assim, o governo interfere no preço do cambio e todos os preços da economia são afetados, o mercado então reage e passa a agir conforme os estimulos do próprio governo e, quando as coisas dão errado, os politicos dizem que o mercado é que causou o problema e que por isso mesmo devem interferir?!!! E de novo, de novo e de novo...

    3
    • Gilberto Rodrigues Freitas Mineiros - GO

      Por acaso bloquearam as vendas futuras de grãos?

      Aqui na terra, onde vivo, as pessoas puderam se programar (ou vendas ou compras)!

      Aqui na terra, onde vivo, há pessoas tratando de porcos/... com milho de R$ 22,00 e há também pessoas tratando de porcos/... com milho de R$ 45,00.

      ESCOLHAS a parte, não vi ninguém sendo obrigado a firmar posições de venda ou compra.

      Já viram alguém sendo obrigado a negociar?

      Já vi muitos sendo obrigados a cumprirem o negociado!

      2
    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Acontece que se um comprador, compra um contrato de milho outubro, ou compra uma call, e o governo diminui a tributação para baixar o preço no Brasil, esse comprador perde dinheiro e sua opção vira pó. Compreendeu ou quer que desenhe? Criar suinos hoje dá prejuizo, e os preços do milho podem subir ainda mais se diminuir a safra no centro oeste. Diante desse fato, aconselho quem comprou milho a 22, que venda a 45, e não fique engoradando porco para o diabo dar risada.

      7
  • Rafael Mendes Araguari - MG

    Tenho muito medo de acontecer uma quebradeira generalizada no setor, pois o sentimento que temos é que não estão nem aí..., se não houver uma medida imediata, muitos produtores não irão resistir, principalmente os menores que não possuem estocagem.

    1
  • jose renato da silva Uberlândia - MG

    Dr. Turra, já passou da hora do MAPA acompanhar as exportações. Todas as entidades, acompanham a exportação de milho pelo número de saída nos portos. Quando se enxerga que vai exportar muito é tarde. Milho já embarcado. Quanto a milho ser exportado a um preço de R$ 32,00 e para o mercado interno milho de R$ 50,00, é muito simples e não cabe comentário. Na mesma época que essas tradings fizeram esses contratos futuros, qualquer um comprador interno poderia fazer. O que não aconteceu. Esperava-se que milho ia cair de preço e deu no que deu. O que precisamos é fazer com que aprendemos a trabalhar com mercado futuro. Profissionalizar, é o mais prático. Infelizmente ficam esperando para fazer se tiver certeza que será beneficiado. Quem trabalha com mercado futuro, busca garantir abastecimento e não ganhar na compra. Com a seca que se estende, vamos ter ainda o fator quebra da segunda safra, que será mais um fator preocupante para formalização de preço e abastecimento.

    1
    • Liones Severo Porto Alegre - RS

      Excelente comentário Sr. Jose Renato. No passado havia programa de suprimento através de NPR, parece que desaprenderam !!! abraços

      0
  • Vilson Ambrozi Chapadinha - MA

    Este Turra sempre do lado dos exploradores dos agricultores. A pergunta que faço para este conterrâneo é: Quem cria não sabe o milho que precisa? Então por que não compra antes ou ao menos trava na BM&F?

    0
    • Virgilio Andrade Moreira Guaira - PR

      Quando o milho é barato ou baratíssimo ninguem aparece para ajudar, ou jogam algumas migalhas para parecer uma politica consistente. Assim não dá,, vamos fazer alcool,, produzir frangos , suinos,, aves,, leite , etc,,, e que cada setor , grupo ou indivíduo cuide de seu provimento de soja,, milho e outros produtos.. Precisamos aprender a ser formigas, e não cigarras ou depender muito do desgoverno do Mapa, eterno refem do Mf.

      0
  • Cácio Ribeiro de Paula Bela Vista de Goiás - GO

    Sr.Turra, nao seja "TURRAO", enquanto vcs, compradores internos faziam nao se sabe o que, os produtores de milho buscavam o mercado(externo) para colocar seu produto.

    Se continuar criticando, vai ver o bonde passar.... e depois ficar "chupando o dedo".

    0
    • LUIZ CARLOS SOBRINHO Aparecida de Goiânia - GO

      Bom Dia, importante aproveitar esse momento de exportação , mas lembrando que consumidor de milho , soja e derivados; frangos , oleo de soja e etc. é o POBRE em qualquer pais é o maior consumidor. RICO não consome 5% da produção mundial.

      0