Produtores terão incentivos para plantio de milho em Santa Catarina
Santa Catarina tem um deficit de -3 milhões de toneladas de milho. Para atender a demanda do agronegócio catarinense e tornar atrativa a produção do grão no Estado foi elaborado o Programa de Incentivo ao Plantio de Milho em Santa Catarina. A iniciativa, em fase de conclusão, é da Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca, Fecoagro, Cooperativas e Agroindústrias.
Com o objetivo de levantar as demandas das cooperativas e estabelecer uma previsão do que o programa atingirá, a Fecoagro e a Secretaria de Agricultura, com apoio da Cooperativa Central Aurora Alimentos, promoveram reunião, nessa semana, na Aurora Matriz, em Chapecó. Participaram do encontro os gerentes comerciais e presidentes de cooperativas catarinenses.
O programa entrará em operação no início de maio. Entre os objetivos da iniciativa estão: ampliar em 100 mil hectares a área plantada em Santa Catarina; garantir um preço remunerador ao plantador; oferecer os insumos necessários em um pacote tecnológico com prazo de safra; assegurar a compra do milho com margem ao agricultor, em volume mínimo para pagar os insumos e confirmar a venda do grão à agroindústria em preço compatível com os custos de produção.
“Urgentemente, precisamos, ampliar a produção ou a produtividade do milho para reduzir a dependência de importação de outros Estados da Federação. Levantamento revela que o Governo do Estado de Santa Cantarina perde 8,4% do valor do milho comprado em outros Estados. Então, apenas com o cálculo de ampliação do programa que deve proporcionar ampliação de 840 mil/toneladas, a perda de ICMS seria de aproximadamente R$ 45 milhões”, explicou o diretor executivo da Fecoagro, Ivan Ramos.
Para o presidente da Fecoagro, João Carlos Di Domenico, o novo programa é espetacular por possibilitar o atendimento da demanda do agronegócio. “Esta iniciativa requer uma grande estrutura logística que viabilizará benefícios ao setor produtivo e segurança ao consumidor final. O que nos preocupa é a redução da área plantada de milho no Estado nos últimos anos, em 2010/11 eram 548 hectares e caiu para 367 na safra 2015/16”, argumentou.
O programa prevê uma produtividade mínima de 8.400 Kg/ha com preço de garantia pago ao produtor por saca. O custo de produção no momento estimado está em R$ 25,83 por saca para pagamento a prazo ou R$ 24,83 para pagamento em até 30 de maio de 2016, com seguro incluso. Pelo contrato o produtor terá obrigatoriedade de entregar a produção para a cooperativa, contudo permite a venda do excedente. “O que falta definir é o seguro da produção e o valor de subsídio pelo Governo do Estado por meio do ICMS”, explicou o diretor de cooperativismo e agronegócio da Secretaria da Agricultura, Athos de Almeida Lopes Filho.
CENÁRIO DE GRÃOS
O cenário de grãos do mundo e no Brasil foi apresentado pelo diretor da Granosul Corretora,Remoaldo Araldi. Ao comprar as três últimas safras de milho no mundo, Araldi, ressaltou a preocupação de ter uma produção (970,1 milhões/toneladas 2015/2016) ajustada ao consumo (967,5 milhões/toneladas 2015/2016), com uma diferença de apenas 2,6 milhões/toneladas na última safra.
Os principais produtores mundiais de milho são: Estados Unidos com 35% (34,55 milhões/toneladas), China 23% (224,6), Brasil 9% (89,3), Europa 6% (57,8), Argentina 3% (27) e Ucrânia 2% (23,3).
Na safra 2014/2015 os principais exportadores foram: Estados Unidos 41,9 milhões/toneladas, Brasil 35 milhões/toneladas, Argentina 17 milhões/toneladas e Paraguai 2,5 milhões/toneladas.
Segundo Araldi, os compradores devem ficar atentos à safra americana, que influencia no cenário mundial e também na cotação internacional, que manteve uma média de US$ 5,6 por buschell nos últimos anos e no momento está no nível mais baixo, ou seja, menos de US$ 3,50 por buschel no mercado internacional. Para explicar possíveis cenários do setor, Araldi apresentou a área plantada e a produção americana, situações que influenciam os preços do commodity, interferência do clima da próxima safra e a evolução de produtividade.
No Brasil, a produção anual é de 89,9 milhões/toneladas, para um consumo de 59,8 milhões/toneladas. Para Araldi, a alternativa do deficit do grão no sul do País é aumentar a área plantada na primeira safra para ter o produto no início do próximo ano. “Santa Catarina precisa produzir 60% de seu consumo para reduzir o deficit do grão”, explicou.
Dos Estados da região Sul, Paraná tem uma produção de 17,87 milhões/toneladas para um consumo de 11,51 milhões/toneladas. Santa Catarina produz 3,26 milhões/toneladas para um consumo de 7,17 milhões, o que representa um deficit de -3,94 milhões/toneladas. Rio Grande do Sul produz 5,33 milhões/toneladas para um consumo de 6,64 milhões/toneladas, o que remete a um deficit de -1,81 milhão/tonelada.
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