Dólar fecha estável sobre o real, apesar de forte ação do BC

Publicado em 12/04/2016 18:01

logo mini reuters noticias

Por Patrícia Duarte

SÃO PAULO (Reuters) - Mesmo com a intensa atuação do Banco Central, o dólar fechou praticamente estável sobre o real nesta terça-feira, com o mercado pressionando as cotações para baixo ao precificar cada vez mais o impeachment da presidente Dilma Rousseff como uma realidade.

O dólar subiu 0,01 por cento, a 3,4948 reais na venda. Na máxima do dia, atingida pela manhã, chegou a 3,5641 reais, com alta de quase 2 por cento. O dólar futuro subia cerca de 0,05 por cento.

Só nas duas sessões anteriores, o dólar havia acumulado queda de 5,39 por cento, indo abaixo de 3,50 reais e no menor nível em cerca de oito meses, movimento que muitos entendem ter desagradado o BC por ser abrupto demais e prejudicar as exportações.

"(O dólar) caiu muito ontem e o BC veio forte", afirmou o gerente de câmbio da corretora Fair, Mário Battistel, para quem o mercado já precificou o afastamento da presidente. A maior parte dos investidores acredita que, sem Dilma no poder, o ambiente político deve melhorar e, assim, ajudar na recuperação da atividade econômica.

Na noite passada, a comissão especial do impeachment aprovou o parecer favorável à abertura do processo contra Dilma por 38 votos a 27, resultado comemorado pela oposição mas que não desagradou de todo os governistas. No fim da semana, o plenário da Câmara dos Deputados deve votar a matéria.

O mercado acompanha agora atentamente as articulações políticas. Segundo publicou o jornal O Estado de S.Paulo, o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ), acertou com o vice-presidente Michel Temer a liberação da bancada na votação do processo de afastamento da presidente.

ESTRATÉGIA DE GUERRA

Diante da forte queda do dólar, o BC mais uma vez entrou em campo e aumentou muito sua artilharia. Só neste pregão, fez cinco leilões seguidos de swaps reversos --correspondentes à compra futura de dólares.

O último deles ocorreu logo após o fechamento do mercado à vista. Assim, o BC vendeu a oferta total, somando 160 mil contratos, equivalente a cera de 8 bilhões de dólares.

Na véspera, havia vendido os 20 mil swaps reversos que ofertou, mas precisou fazer três leilões para tanto.

Só neste mês, o BC já colocou no mercado o equivalente a 10,280 bilhões de dólares em swaps reversos, reduzindo em 10 por cento o estoque total de swaps tradicionais, que atuam como venda futura de dólares e somavam cerca de 100 bilhões de dólares.

Além disso, o BC não anunciou leilão de rolagem dos swaps tradicionais que vencem em maio. Ele iniciou o mês ofertando 5,5 mil contratos, indicando que poderia rolar cerca de metade do lote do próximo mês.

Até a sexta-feira, o BC vinha vendendo todos os swaps tradicionais ofertados, movimento que mudou na véspera, quando o BC colocou apenas parcialmente a oferta.

"Não vai ter atuação do BC que seja capaz de evitar a tendência de queda do dólar", afirmou o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo. "Há entusiasmo no mercado com o PT saindo do poder", acrescentou ele.

As forte atuações do BC no mercado, para alguns, podem abrir a possibilidade de a autoridade monetária atuar no mercado à vista, comprando dólares. Mas, segundo afirmou à Reuters uma importante fonte da equipe econômica, esse movimento não está nos planos por enquanto.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário