Oferta de animais para o segundo semestre já começa a preocupar. Margens apertadas para o confinamento não estimulam pecuarista
A tentativa de pressão dos frigoríficos sobre os preços da arroba parece ter realmente terminado sem sucesso. Em São Paulo os negócios voltaram a ser efetivados entre R$154,00/@ e R$157,00/@ à vista, patamar que era observado há quinze dias.
Para o consultor da Scot Consultoria, Alex Santos Lopes, o principal fator que impediu a queda nas cotações foi à oferta restrita de animais e as boas condições das pastagens que permitiram a retenção desses animais nas fazendas. Esses fatores mantêm o mercado firme na maior parte do país.
"Não existe abundância de oferta ou facilidade de comprar boiada. O próprio ciclo da pecuária determina isso, mas é claro que existe também uma resistência dos pecuaristas em entregar os animais, então compras volumosas serão difíceis de acontecer neste ano em todo o país", pondera Lopes.
Neste sentido, o consultor acredita que na perspectiva da oferta é possível vislumbrar altas no mercado do boi gordo, com exceção dos períodos de desova, como ocorre em maio.
Assim, "pensando no segundo semestre há espaço para preços maiores, mas precisamos ter uma ponderação maior de como ficarão as margens das indústrias". De acordo com levantamento da Scot Consultoria, as indústrias iniciaram o ano com margens de 27% - 6 pontos percentuais acima de 2015 - caindo para 14% neste mês, o que motivou nas últimas semanas a tentativa de pressão sobre a matéria prima.
Além disso, o baixo consumo no mercado interno - reflexo da crise econômica - impede a evolução nos preços da carne no atacado e, ingressa a possibilidade de valorização da arroba.
Confinamento
A programação dos pecuaristas que vão realizar o confinamento neste ano deve começar nos próximos meses, no entanto, os resultados de 1% ao mês - considerando o preço atual do boi magro e a referência na BM&F - poderão fazer alguns confinadores exclusivos repensarem suas estratégias.
"Quando pegamos o montante total investido no confinamento com certeza temos opções melhores de investimento, então é justamente por esses custos de oportunidade que imaginamos uma redução no confinamento nesta temporada", alerta Lopes.
Assim, as perspectivas de baixa oferta no segundo semestre são reforçadas pelo rebaixamento nos resultados do confinamento. "No entanto, não podemos descartar - a exemplo de 2015 - unidades interrompendo operações", lembra o consultor.
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