Safra de café arábica do Brasil está maior e melhor após seca
Por Reese Ewing
GUAXUPÉ, Minas Gerais (Reuters) - Qualquer que seja a previsão para a safra de café arábica do Brasil, não há dúvida de que a colheita será grande e terá grãos com peneiras maiores, assim como a qualidade provavelmente será excelente, com o fenômeno climático La Niña entrando em ação.
Em uma recente viagem da Reuters pelo coração da produção de café do Brasil, ao longo da fronteira entre São Paulo e Minas Gerais, os dois principais Estados produtores de arábica do país, agrônomos disseram que as fazendas estão totalmente recuperadas de dois anos de seca.
As árvores estavam carregadas de grande grãos em processo de amadurecimento, com baixa incidência de doenças e pragas.
"O volume da safra já não está em risco. É grande e o tempo não vai mudar muito o tamanho", disse o economista da Cooxupé, maior cooperativa de café do Brasil, Carlos Fidelis.
Fidelis disse que as árvores em Guaxupé, uma região montanhosa no sul de Minas Gerais, um Estado que produz 75 por cento do café arábica do Brasil, estavam segurando uma distribuição normal de grandes grãos, normalmente classificados por tamanhos de peneira 17 ou superiores, preferidos por torrefadores na Itália e na Alemanha.
Nas últimas duas colheitas, os danos decorrentes do tempo seco e quente resultaram em grãos menores.
"Este será o primeiro ano dos últimos três em que os grãos maiores vão ser mais do que 30 por cento da colheita", disse o agrônomo da cooperativa Coopinhal Ezelino Tessarini.
As produtividades nos 10 mil hectares em volta da cooperativa vão melhorar 23 por cento ante o ano passado, para 28 a 30 sacas por hectare, disse Tessarini, em Espírito Santo do Pinhal (SP).
Os meteorologistas preveem uma mudança para um tempo mais seco no cinturão do café antes da colheita, que deve demorar pelo menos mais um mês para começar.
O aquecimento das águas do Pacífico ao longo do Equador, conhecido como El Niño, contribuiu para o tempo chuvoso no Sudeste do Brasil nos últimos meses. Mas o meteorologista Marco Antonio dos Santos, da Somar, disse o Pacífico estava esfriando rapidamente, o que levaria a um tempo mais seco com o La Niña, em abril.
Se céu ensolarado durante a colheita se confirmar, isso é alvissareiro para a qualidade e o sabor do café. O tempo úmido na colheita, ao contrário, prejudica o sabor da bebida.
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