Maio pode ter geada no Paraná e Mato Grosso do Sul, diz Somar
A presença do El Niño no verão garantiu boas condições de umidade para o período do plantio de milho, mas o enfraquecimento do fenômeno climático coincidindo com o outono contribui para que algumas ondas de frio neste ano cheguem mais cedo.
No geral, o enfraquecimento do El Niño ao longo do primeiro semestre terá impactos diferentes sobre as lavouras de milho, conforme a região de produção.
No caso da segunda safra do Paraná e de Mato Grosso do Sul, a principal ameaça neste ano está associada à ocorrência de geadasentre o final de maio e o início de junho. A intensidade da exposição ao risco dependerá da data de plantio das lavouras.
Para os Estados de Mato Grosso e Goiás, bem como para as áreas produtoras do sudeste do Brasil, o risco está relacionado ao fato de omilho ter sido semeado mais tarde, por causa do atraso no plantio e da colheita da safra de verão.
Neste ano, as chuvas de verão devem cortar mais cedo, na segunda quinzena de abril. O mês de maio deve apresentar um padrão seco. Mas o enfraquecimento do El Niño favorece a ocorrência de alguns episódios isolados de chuvas, associados à propagação de frentes frias sobre o sudeste do Brasil.
Esses episódios isolados de chuvas no Sudeste, previstos para maio e início de junho, mesmo que não garantam condições ideais para o desenvolvimento das lavouras, são fundamentais para as fases de floração e enchimento degrão.
EUA
Há probabilidade de estiagem no verão
A mudança do clima no decorrer de 2016 representa aumento do risco para as lavouras de soja e milho dos Estados Unidos.
O enfraquecimento do El Niño contribui para diminuir a possibilidade de excesso de chuva durante a primavera, que, associada à elevação da temperatura, deve favorecer o período de plantio. Em contrapartida, essa condição climática aumenta o risco de estiagens regionalizadas durante o verão.
No caso da Ásia e da Oceania, o enfraquecimento do El Niño, sem dúvida, é uma boa notícia, tendo em vista que partes do continente asiático e da Austrália já sentem os efeitos da redução das chuvas (seca) provocadas pelo fenômeno. Portanto, o indicativo é mais favorável para o verão de 2016 nesses continentes, com a normalização das chuvas, beneficiando diretamente a produção de cana-de-açúcar da Índia.
Vale a pena lembrar que as condições da atmosfera reagem às diferentes fontes de energia. A principal é o Sol, que, em função do movimento da Terra em torno do mesmo, define o ciclo sazonal, ou seja, as estações do ano.
A segunda fonte de energia são os oceanos, cujo aquecimento ou resfriamento acaba influenciando no comportamento do clima nos continentes.
No caso do Pacífico equatorial, trata-se de um ciclo interanual, embora não bem determinado, mas que influencia diretamente na qualidade das estações do ano em diversas partes do globo.
Isso explica porque o clima pode variar tanto de um ano para outro. Cada vez mais, a ocorrência de fenômenos climáticos desperta interesse e expectativas.
Café, cana e laranja
Indicativo de La Niña favorece colheita
Para as culturas perenes e semiperenes, caso da cana-de-açúcar, café e laranja, cuja produção se concentra na Região sudeste, o El Niño, em grande parte, ajudou na recuperação do déficit hídrico acumulado, especialmente nos últimos dois anos.
As áreas produtoras de cana e laranja de São Paulo há mais de seis meses registram sucessivamente chuvas acima da média. As áreas produtoras de café se beneficiaram mais com as chuvas dos meses de verão.
O Espírito Santo é uma exceção, pois a lavouras de café ainda sofrem as consequências do terceiro ano seguido de precipitações abaixo da média.
O enfraquecimento do El Niño e o indicativo de La Niña para o segundo semestre representam uma condição com temperaturas mais amenas e período seco (inverno) mais longo, o que, em tese, favorece o período de colheita.
Pastagens
Chuvas não repõem o déficit hídrico
O janeiro mais chuvoso e as conhecidas chuvas em março são insuficientes para repor o déficit hídrico acumulado nos últimos anos nas áreas de pastagem do Sudeste e do Centro-Oeste. As pastagens não tiveram condições adequadas de desenvolvimento pleno durante o verão e continuarão expostas ao déficit, pois as chuvas neste ano devem cortar mais cedo.
O cenário para 2016 se agrava em função do indicativo de um período seco (inverno) mais longo, incluindo também as regiões de pastagens do norte e nordeste do Brasil.Já as pastagens da Região Sul e também de Mato Grosso do Sul e de São Paulo, que há mais de um ano se beneficiam com chuvas abundantes, passam a conviver com redução gradual das chuvas de agora em diante, devido ao enfraquecimento do fenômeno. Além disso, há principalmente o risco de ocorrência de geadas no próximo inverno.
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