Café: Estimativa do Rabobank abaixo das expectativas e dólar mais baixo impulsionam alta na Bolsa de Nova York

As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam em alta pela segunda sessão consecutiva nesta quarta-feira (9), mas permanecem abaixo de US$ 1,25 por libra-peso – patamar que é considerado um limite nos principais vencimentos, segundo analistas –. O mercado repercutiu na sessão mais um dia de desvalorização do dólar ante o real, indicadores técnicos e a revisão para baixo na safra 2016/17 do Brasil pelo Rabobank.

"O mercado mostrou firmeza nas bolsas e assim, níveis interessantes foram acomodados. Numa visão técnica, as cotações indicam um viés construtivo. O quadro fundamental ao setor dá suportes e a forte queda do dólar no Brasil ajuda a validar esta expectativa", afirma o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães.

O vencimento março/16 encerrou a sessão de hoje cotado a 120,85 cents/lb, o maio/16 teve 122,35 cents/lb e o julho/16 registrou 124,25 cents/lb, ambos com alta de 65 pontos. Já o contrato setembro/16 anotou 126,05 cents/lb com valorização de 70 pontos.

Nesta quarta-feira, o dólar fechou abaixo de R$ 3,70. A moeda estrangeira menos valorizada ante o real desencoraja as exportações da commodity uma vez que as transações são realizadas em dólar e não em real. Repercutindo a alta nos preços do petróleo, o cenário político e as intervenções do Banco Central, a divisa americana registrou baixa de 1,12%, cotada a R$ 3,6970 na venda.

Segundo informações de agências internacionais, a estimativa do Rabobank para a safra 2016/17 do Brasil abaixo das expectativas do mercado também contribuiu para dar suporte às cotações do arábica na ICE. No início da tarde, os principais vencimentos exibiam ganhos de acima de 100 pontos.

Após visitas em fazendas do Brasil, o banco especializado em commodities reduziu para 51,8 milhões de sacas a produção nesta safra. Levando em conta seis estimativas da indústria, desde o início do ano, a previsão para esta temporada tem média de 53 milhões de sacas, com números entre 49,1 a 55,5 milhões de sacas.

"É bastante provável que isso resulte em um aumento na nossa previsão de preço [...] impedindo qualquer nova depreciação do real", disse o Rabobank em relatório.

A produção da variedade arábica foi estimada em 39,2 milhões sacas, com um salto de até 6,5 milhões de sacas e a de robusta em 12,6 milhões de sacas, o que representaria uma queda de 3,9 milhões de sacas em relação à temporada passada.

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Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP), a safra 2016/17 do Brasil, maior produtor e exportador do mundo, tem apresentado desenvolvimento regular nas principais áreas produtoras devido às condições climáticas mais favoráveis nesta temporada e em algumas regiões pode até ser antecipada.

Mercado interno

Com a proximidade da nova safra e os níveis atuais de preço abaixo das expectativas, os produtores de café não aparecem nass praças de comercialização do Brasil para realizar negócios. "O mercado interno opera sem liquidez e com ansiedade elevada", diz Marcus Magalhães.

O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação hoje em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 550,00 a saca e alta de 1,85%. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças.

O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 538,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia ocorreu em Poços de Caldas (MG) com queda de 0,20% e saca valendo R$ 492,00.

O tipo 6 duro teve maior valor de negociação em Varginha (MG) com R$ 512,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia foi em Espírito Santo do Pinhal (SP) e Franca (SP) com avanço de 2,04% e R$ 500,00 a saca.

Na terça-feira (8), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 483,18 com alta de 0,20%.

Bolsa de Londres

As cotações do café robusta na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, fecharam em campo misto nesta quarta-feira e praticamente estáveis. O contrato março/16 registrou US$ 1381,00 por tonelada com queda de US$ 2, o maio/16 teve US$ 1417,00 por tonelada e avanço de US$ 9, enquanto o julho/16 anotou US$ 1446,00 por tonelada também com valorização de US$ 9.

Na terça-feira (8), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 357,27 com avanço de 0,35%.

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