Café: Com dólar na maior baixa semanal em mais de sete anos, Bolsa de NY tem alta acumulada de mais de 5%
As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) terminam a semana com alta acumulada de pouco mais de 5% no vencimento maio/16, referência de mercado, que saiu de 115,20 cents/lb para 121,05 cents/lb nesta sexta-feira, após recuar forte na semana passada. Os preços externos ganharam impulso com a queda do dólar em relação ao real e outras moedas em meio ao conturbado cenário político no Brasil.
As commodities, de um modo geral, estão sendo bastante influenciadas nos últimos dias com o cenário macroeconômico e não respondem mais aos seus fundamentos. Os investidores estavam preferindo ativos mais seguros nas últimas semanas uma vez que a aversão ao risco nos mercados globais estava alta. No entanto, com o dólar desabando, as commodities agrícolas são favorecidas uma vez que desencorajam as exportações.
Para o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães, as bolsas de café encerraram a sessão de hoje acima de suportes interessantes. O vencimento março/16 encerrou cotado a 118,80 cents/lb e o maio/16 teve 121,05 cents/lb, ambos com alta de 320 pontos. Já o vencimento julho/16 registrou 122,80 cents/lb também com 320 pontos positivos e o setembro/16 anotou 124,45 cents/lb com valorização de 315 pontos.
O dólar comercial teve nesta semana a maior baixa acumulada em mais de sete anos. O mercado repercutiu nesta sexta-feira o início da nova fase da Operação Lava Jato, que tem como alvo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva alimentando a possibilidade de um impeachment da presidente Dilma Rousseff. A moeda estrangeira fechou o dia cotada a R$ 3,7607 na venda com queda de 1,09%. Com o dólar mais baixo em relação ao real, as exportações perdem ritmo.
No mês passado, as exportações de café em grão do Brasil totalizaram 2,67 milhões de sacas de 60 kg, com receita de US$ 397 milhões. Comparando esses dados com o volume exportado pelo País no mesmo período de 2015 (2,51 milhões de sacas), houve uma alta de 6,2%. Já em relação à receita houve uma queda de 19,55%. Em janeiro, os embarques do Brasil registraram 2,485 milhões de sacas com receita de 363,4 milhões.
Os dados de indicadores técnicos sobrevendidos também acabam favorecendo a valorização das cotações. Segundo análise da Pharos, gestora de risco em commodities, o suporte do mercado na sessão de ontem era de 113,35 cents/lb e 110,14 cents/lb e as resistências estavam em 119,50 cents/lb e 125,95 cents/lb.
De acordo com analistas, o mercado dá sinais de que já refletiu a safra 2016/17 do Brasil. Os relatos dos produtores são de que as lavouras têm se desenvolvido bem e em algumas regiões há a possibilidade de que a colheita seja antecipada em até um mês.
A exportadora Comexim, de Santos (SP), estimou no início da semana que a produção do Brasil pode ser de 56,25 milhões de sacas de 60 kg, com um aumento de 13% em relação à temporada passada, que teve produção de 49,9 milhões de sacas em meio à forte seca. A estimativa é parecida com a de outras trandings. "Em outros momentos, essa diferença entre o número oficial do governo e o das tradings já foi bem maior", explica o analista de mercado da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach.
Devido às condições climáticas mais favoráveis neste ano, a Instituição espera que a colheita da variedade arábica totalize 44,35 milhões de sacas neste ano. Já a produção de robusta ainda é dúvida, e foi estimada em 11,9 milhões de sacas.
Mercado interno
Os negócios nas praças de comercialização do Brasil seguem lentos e diante do atual cenário, em meio a forte queda do dólar e alta em Nova York, nem comprador e nem vendedor assumiram riscos.
De acordo com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP), o valor médio do café arábica caiu um pouco em fevereiro depois de registrar seis meses de altas consecutivas.
O Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, teve média de R$ 489,82/saca de 60 kg em fevereiro, 0,3% inferior à de janeiro, mas ainda 6,5% acima da de fevereiro/15, em termos nominais.
No balanço, a liquidez em fevereiro foi reduzida, influenciada também pelo baixo volume de café de qualidade disponível no spot.
O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação hoje em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 550,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia foi registrada em Poços de Caldas (MG) com queda de 1,35% e saca cotada a R$ 511,00.
Da sexta-feira passada para hoje, a cidade que registrou maior variação para o tipo foi Poços de Caldas (MG) com baixa de R$ 26,00 (4,84%), saindo de R$ 537,00 para R$ 511,00 a saca.
O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 534,00 a saca e alta de 0,38%. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Varginha (MG) com baixa de 0,96% e saca valendo R$ 515,00.
Para o tipo, conforme o gráfico, a maior oscilação na semana foi registrada em Guaxupé (MG) que tinha saca cotada a R$ 559,00, mas caiu R$ 25,00 (4,47%) e agora vale R$ 534,00.
O tipo 6 duro teve maior valor de negociação nas cidades de Araguari e Varginha (MG) com R$ 510,00 a saca, alta da 2% e queda de 0,97, respectivamente. A maior oscilação no dia foi em Franca (SP) com alta de 2,04% e R$ 500,00 a saca.
A variação mais expressiva de preço na semana para o tipo 6 foi registrada em Franca (SP), por lá a saca estava cotada a R$ 515,00 na sexta passada, mas teve desvalorização de R$ 15,00 (2,67%), e agora está em R$ 500,00.
Na quinta-feira (3), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 479,70 com alta de 0,40%.
Bolsa de Londres
As cotações do café robusta na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, voltaram a fechar praticamente estáveis nesta sexta-feira. O contrato março/16 registrou US$ 1360,00 por tonelada com queda de US$ 6, o maio/16 teve US$ 1399,00 por tonelada e avanço de US$ 5, enquanto o julho/16 anotou US$ 1432,00 por tonelada e valorização de US$ 8.
Na quinta-feira (3), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 368,36 com queda de 0,70%.
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