Só ferrovia impedirá a migração das agroindústrias em SC
Só um alienado não consegue enxergar que as agroindústrias do grande oeste de Santa Catarina estão paulatinamente se transferindo para o centro-oeste brasileiro. A insuficiência de milho catarinense para abastecer as gigantescas cadeias produtivas da avicultura e suinocultura obriga as indústrias de processamento da carne a buscar, todos os anos, de 3 milhões a 3,5 milhões de toneladas de grãos no Brasil central. Para isso é necessária uma operação rodoviária que, de tão grande e tão cara, está se tornando irracional e absurda.
Estamos falando de mais de 100 mil viagens de carretas com capacidade média de 30 toneladas que fazem o percurso de 2.200 quilômetros (imaginem o custo ambiental e humano) para trazer o precioso grão. Isso representa mais de 5 bilhões de reais em fretes, todo ano. Ora, com esse dinheiro é possível construir em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás as mais avançadas indústrias do Planeta.
O Brasil está refém do rodoviarismo, enquanto o mundo desenvolvido adota a multimodalidade: recomenda-se o emprego do transporte rodoviário até 500 quilômetros e, acima dessa distância, o transporte ferroviário. A diferença de custo é de quase 50%.
Só há um meio para evitar a fuga das agroindústrias: construir a ferrovia norte-sul, ligando o oeste catarinense ao centro-oeste do País. O oeste barriga-verde está longe dos grandes centros de consumo e distante das áreas produtoras de milho, seu principal insumo. Com a ferrovia será possível unir os dois pólos, levando o alimento industrializado para as grandes cidades e trazendo, principalmente, milho e soja. Além dos produtos alimentícios, inclui-se todo o transporte de fertilizantes, calcário, grãos, farelo etc demandados nessa região.
De outro lado, o custo de transporte, caso mantenha-se a atual matriz, inviabilizará grandes empreendimentos do agronegócio em solo catarinense. Esse quadro é agravado pelas rodovias em péssimas condições que neutralizam a competitividade das empresas.
A dependência dessa matéria-prima e as deficiências da infraestrutura logística brasileira, localizadas fora da porteira dos estabelecimentos rurais e agroindustriais, anulam a aptidão e a competência do agronegócio e prejudicam muito mais a agricultura do que as chamadas barreiras externas, como subsídios, quotas e sobretaxas.
Cada vez mais o transporte terá um peso crescente no preço final dos produtos. Quem estiver longe dos centros de consumo ou de produção acabará mortalmente penalizado. O modal ferroviário é a alternativa viável para baratear custos de transporte e o custo final dos produtos.
O transporte ferroviário é a alternativa mais viável para baratear o transporte e o custo final dos produtos. É o segundo transporte mais barato, depois do marítimo. Caso tivéssemos esta alternativa na região, não precisaríamos temer o avanço da fronteira agrícola para o centro oeste e norte, juntamente com as agroindústrias de carne.
Quando há vontade política e engajamento das lideranças, tudo anda com mais facilidade. Infelizmente não enxergo nada acontecendo neste sentido. Todos os países desenvolvidos investiram em infraestrutura de transporte, mas deixaram as rodovias em segundo plano quando se tratava de transporte de cargas. Optaram em otimizar o transporte fluvial e ferroviário como fator de integração e desenvolvimento. Infelizmente, o Brasil está na contramão da história e da racionalidade econômica.
2 comentários
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Dalzir Vitoria Uberlândia - MG
Senhores... estas informações são mais velhas que ANDAR PRA FRENTE... as primeiras agroindustrias surgiram onde???... em Chapecó.. Concordia... e Videira... Estes empresários visionarios trouxeram parte desta cultura do Rio Grande, como falam os gauchos... e por que foram instaladas ali???...ora, era onde tinha milho e gente que gosta de trabalhar... depois disso as duas grandes agros fizeram o quê???... a Sadia foi para Toledo... e por que??...elementar, porque lá tinha MILHO sobrando... a PERDIGÃO foi para Rio Verde por que??...
eu ajudei a fazer este projeto... quais as vantagens??... isenção de ICMS... e MILHO E SOJA à vontade e, portanto, mais barato... e uma vantagem técnica: a AMPLITUDE TÉRMICA, com intervalo menor... isto ajuda no desenvolvimento de aves e suinos... mais a logística do produto acabado para o centro-oeste, nordeste, norte e sudeste... depois disso a Sadia foi ao MT... Seara ao MS... e Sadia para Goiás e Uberlandia... e por que??/... por causa do milho e da soja... e vai continuar assim... os próximos investimentos serão no MT..TO..MA..BA.. ou seja seguem a produção.. Em 78 fui trabalhar na Seara... e vivi mais intensamente essas mudanças de logistica/suprimento no final da década de 80 e 90 na Perdigão, onde comandava a logística e o transportes em todo o grupo..., portanto sabia onde o sapato apertava, pois toda as vezes em que o milho pulava a mesma matéria vinha à tona... mas era só mudar que o mercado esqueciam as ferrovias... no inicio da década de 90 o milho saltou de 5 a 6 por sc para 14..15.. na PERDIGÃO que tinha feito posição em GO a 4 por saco, levamos boa parte deste milho de caminhão a Maringá, e de trem lotado a Videira a 4 KM da fabrica de ração (negocio fechado CTBA com a rede)... ganhei um BÔNUS pelo sucesso e lucro da empresa como poucos ganham... então, se tivessem realmente interesse na ferrovia, terão uma solução facil: é só manter a linha eventualmente... mas, no passado, não o fizeram... logo, a ferrovia, a cada salto forte no preço do milho, volta a ser noticia... mas vai, infelizmente, continuar sem solução (como vem acontecendo há mais de 40 anos)...Excelente teu comentário Dalzir, e o sujeito ainda vem falar em "vontade politica" das lideranças, bom seria ensacar tudo e jogar em Derrubadas lá no RGS.
Outra coisa Em SC existe potencial para aumento da produtividade e da produção de milho..mas os incentivos do governo do estado e os preços não estimulam o produtor a investir na atividade e falo mais quando há milho disponivel no estado a indústria mete a faca nos produtores..e agora vem com choradeira...ou seja querem socializar o PREJUIZO...quando era mais facil buscar no MT...ferrava o produtor local..e a conclusão é que a indústria pela sua políitica de preços e incentivos é uma grande responsavel pelo não aumento da produtividade e da produção de milho em SC...afora que o pau pegou enxergam a realidade..antes disto era sò EXPLORAÇÃO...
Muito lucida esta observação dalzir, somente quando o quadro nao é favoravel ao lucro é que começam a aparecer argumentos de cunho social ou geral, enquanto a exploração é eficiente, ninguem se preocupa em mudar nada. E a historia do homem que foi a reuniao do comunismo e voltou empolgado pois tudo ia ser dividido em partes iguais e quando a sua mulher perguntou se os porcos que eles possuiam tambem ia ser dividido ele ponderou todo feliz, ai que esta a vantagem mulher , nao disseram nada sobre porcos!
Sr.dalzir,aí é conhecimento e vivência, não precisa falar mais nada sobre o assunto,apenas registrar que negócios têm de ser tratado como negócios e tem gente nossa que acha muito boa a economia de mercado só enquanto ela lhe é favorável. Saudações mineiras direto de Curitiba, uai!
Telmo Heinen Formosa - GO
Discordo que "só alienados" enxerguem que o correto é levar os porquinhos e os franguinhos para comerem o milho onde ele está e não o inverso. O tamanho da criação nos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina deve ficar no tamanho da sua produção de milho. Ademais temos farelo em abundância também nos Estados do Centro Oeste. A ferrovia é ótima para transporte "ponto a ponto" e inapropriada para transporte sazonal de produto espalhado na origem e a ser entregue pulverizado no destino. TREM tem que andar para cima e para baixo o tempo todo, mesmo que na volta venha vazio. Ademais o aparente frete "mais barato" da ferrovia deve-se a uma distorsão: O elevado pedágio cobrado dos Caminhões. Tirem o pedágio e vamos ver quem transporta mais barato...
Realmente sao extremamente pertinentes os comentários acima, o ideial é a simultaneidade da proximidade da produção e tambem do mercado consumidor, o que nem sempre é possivel, mas as empresas tem caminhado para evitar custos exagerados e que em momentos de acentuada crise podem comprometer o proprio negocio. As possibilidades se estendem para todo o pais, sem que isto signifique que o complexo já consolidado no oeste catarinense nao possa ser preservado e até ampliado. Dias atras estava conversando com um empresario do segmento que narrava o imenso potencial de exportação de frangos e suinos para o peru e bolivia com acesso direito pelo mato grosso, rondonia e acre e ainda destacava a atenção ao mercado de Manaus que sozinha tem mais habitantes que Goiania e Campo Grande juntos. Os chineses já estao antenados com a viabilidade de uma ferrovia para viabilizar a exportação pelo pacifico.Se tivessemos um governo comprometido com os interesses da nação, nao estariamos falando de crise.
QUE CHORADEIRA!! ATÉ SEMANA PASSADA O MILHO AQUI NO OESTE DE SANTA CATARINA ESTAVA R$ 22,00, E SEM MUITA LIQUIDEZ! AGORA VEM O MAIOR CABIDE DE EMPREGO PRIVADO (COOPERATIVAS) CHORAR QUE ESTÁ MUITO CARO O MILHO. ENTÃO VÃO BUSCAR NO MT E PAGUÉM R$ 45,00 AÍ DEVE ESTAR BOM! POIS NOS QUE PRODUZIMOS SOMOS REFÉNS DA EXPLORAÇÃO DESSES CARAS. FEIJÃO NINGUÉM MAIS PRODUZ NA REGIÃO, O MILHO ESTÁ INDO PARA ESSE LADO TAMBÉM, E O TRIGO É O MAIS NOVO INTEGRANTE NO CENÁRIO DOS EX-PRODUTOS CULTIVADOS NA REGIÃO OESTE. ENQUANTO AS COOPERATIVAS NÃO PAGAREM UM PREÇO JUSTO AOS PRODUTORES AQUI DA REGIÃO, DEVEM LAVAR A BOCA ANTES DE FALAR EM MILHO CARO OU, QUALQUER OUTRO PRODUTO. POIS OS DIRETORES ENTRE OUTROS CHEGA NO FINAL DO ANO E O SEU PPR ESTÁ LÁ, E O COLONO GANHAVA UM CALENDÁRIO... AGORA, NEM ISSO... OUTRO ASSUNTO, AS MAIORES TRANSPORTADORAS DE GRAOS DO BRASIL TEM SUAS MATRIZES AQUI NO OESTE, ACHAM QUE ELES VÃO PERDER ESSA BOCA PARA UM TREM? RSRS... NUNCA!!
Vai continuar sendo assim. A culpa é dos brasileiros mesmo, do nosso conceito embutido na nossa educação. Um ano os criadores riem dos plantadores de milho e no outro anos os plantadores de milho riem dos criadores. Solução? Os dois sentarem juntos e rirem juntos...