Milho: Leilões da Conab e avanço da colheita da safra de verão esfriam negócios no mercado interno
Após as altas expressivas registradas durante o mês de janeiro, os preços do milho no mercado interno brasileiro começam a se acomodar em patamares mais baixos, de acordo com os analistas. Em média, as cotações do cereal subiram em torno de 15,5% no mês anterior em comparação com dezembro de 2015, conforme levantamento realizado pelo consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze. Por sua vez, as cotações foram impulsionadas pelas exportações recordes nesta temporada, de mais de 30 milhões de toneladas, o que enxugou o mercado doméstico.
Além dos leilões de vendas dos estoques públicos, realizados essa semana pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), os especialistas também ponderam que, a chegada da safra de verão contribuiu para deixar o mercado mais calmo. “Com esses dois fatores tivemos uma redução na pressão compradora. Consequentemente, já vemos em algumas praças uma redução nos valores praticados de até R$ 1,00 por saca”, completa Brandalizze.
Na última segunda-feira (1), a entidade ofertou 148 mil toneladas do cereal, em dois leilões, e foram adquiridas 125,9 mil toneladas do grão. No total, a companhia pretende negociar em torno de 500 mil toneladas do cereal dos estoques públicos. Inclusive, mais duas operações serão realizadas no próximo dia 16 de fevereiro, com volume ofertado de 150 mil toneladas.
“Quando esse milho chegar aos seus adquirentes podemos ver o mercado se acalmar ainda mais. Contudo, os lotes que ainda aparecem são negociados próximos de R$ 30,00 a saca no Sul de Mato Grosso. E, além dessa variável, temos o avanço da colheita da safra de verão, o que também contribui para a acomodação dos preços”, diz o analista de mercado da FocoMT Agentes Autônomos, Marcos Hildenbrandt.
Já em relação à primeira safra, as projeções oficiais indicam que serão colhidas ao redor de 28.345,6 milhões de toneladas. O número representa uma queda de 5,8% em relação à safra passada, quando a produção totalizou 30.082,0 milhões de toneladas. Em sua última estimativa, a consultoria INTL FCStone reportou que a produção deverá somar 27.591,1 milhões de toneladas.
No Rio Grande do Sul, um dos principais estados produtores na primeira safra, a colheita segue em ritmo acelerado e atingiu essa semana 30% da área semeada nesta temporada. Conforme dados da Emater/RS, as primeiras lavouras colhidas têm apresentado resultados positivos em relação à produtividade, com relatos de rendimentos pontuais de até 10 mil quilos por hectare.
Diante desse cenário, Brandalizze ainda reforça que os preços podem cair entre R$ 5,00 a R$ 6,00 por saca dependendo da praça. “De fevereiro a abril teremos uma oferta maior com a entrada da safra de verão, então nos próximos 70 dias as cotações podem ser pressionadas para baixo. As indústrias que chegaram a pagar entre R$ 43,00 a R$ 44,00 a saca, poderão pagar R$ 35,00 a saca do cereal. Porém, a partir do final de abril e maio a oferta irá reduzir e poderemos ver as cotações subindo novamente, mas não nos patamares que observados em janeiro. O pico do mercado já passou”, completa.
Perspectiva em médio e longo prazo
Também é consenso entre os analistas de que a safrinha de milho será o balizador dos preços a médio e longo prazo. Para a segunda safra, a perspectiva é que sejam colhidas 54.990,6 milhões de toneladas, de acordo com a Conab. O número está bem próximo do registrado na safrinha de 2015, de 54.590,5 milhões de toneladas do cereal, já a INTL FCStone estima a safrinha em 53.460,01 milhões de toneladas.
“Se as chuvas forem normais, especialmente no Centro-Oeste, as cotações podem se acomodar ainda mais. Caso contrário, teremos preços mais altos. Além disso, é preciso ressaltar que muitas vendas antecipadas já foram feitas. Temos cerca de 20 milhões de toneladas da safrinha já negociadas”, acredita Brandalizze.
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