A campanha de Lula à reeleição de 2006 teria contado com até R$ 50 milhões de propina proveniente da compra de US$ 300 milhões blocos de exploração petróleo na África, de acordo com o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró.
As informações de Cerveró, que já dirigiu a área Internacional da estatal, foram dadas a investigadores da Operação Lava Jato durante negociações para fechar seu acordo de delação premiada e foram reveladas pelo jornal "Valor Econômico".
As declarações sobre a propina são citadas em anexo de informações elaborado por advogados de Cerveró. Lá, ele afirma que soube do repasse por meio de Manuel Domingos Vicente, ex-presidente do conselho de administração da estatal petrolífera de Angola, a Sonangol, e hoje é vice-presidente do país.
"Manoel Vicente foi explícito em afirmar que US$ 300 milhões pagos pela Petrobras a Sonangol, companhia estatal de petróleo de Angola, retornaram ao Brasil como propina para financiamento de campanha presidencial do PT valores entre R$ 40 e R$ 50 milhões.
Ainda de acordo com Cerveró, o ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci teria participado das reuniões. Em resposta ao "Valor", Palocci negou que participou de qualquer tratativa do assunto. A assessoria do Instituto Lula disse ao jornal que não comentaria o caso, já que se trata de "suposto acordo de delação".
por JULIANA COISSI, da FOLHA
Em fevereiro de 2015, o empresário Júlio de Almeida Camargo, consultor da Toyo Setal, externou ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, um pensamento comum sobre a corrupção no Brasil: quefazia parte da "regra do jogo" ter de pagar propina a uma diretoria da Petrobras ou não conseguiria contratos com a estatal.
O principal legado da Operação Lava Jato para o país deve ser o de desconstruir pensamentos como o de Camargo, na visão de procuradores que integram a força-tarefa.
"Espero que empresários saibam que eles podem resistir a demandas ilícitas", disse Carlos Fernando dos Santos Lima.
Veja trechos da entrevista que a Folha fez com Lima e com o coordenador da equipe, Deltan Dallagnol.
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Folha - Em quase dois anos da operação, quais os principais fatores de sucesso da Lava Jato?
Carlos Fernando dos Santos Lima - Existe uma evolução natural do caso Banestado [de lavagem de dinheiro, em 2004, no Paraná] para a Lava Jato. Não é uma novidade, é um aperfeiçoamento daquele processo. Houve aprendizado até na área internacional. Nós temos mais de oito bilhões de lançamentos fiscais baseado nos documentos que trouxemos da Banestado. Todos aprendemos e em dez anos o mundo mudou, a comunicação entre países está mais rápida.
Deltan Dallagnol - Aos resultados relativamente bons são colaboração premiada, cooperação internacional, uso de big data e série de fatores imponderáveis até, como juízes bons da primeira à última instância, que não é um fator que depende da sua dedicação. De resultados são ressarcimento de cofres públicos, mais de 30 vezes superior a qualquer caso do Brasil, de alcançar provas consistentes em um caso de corrupção que são dificílimos de conseguir e a igualdade no tratamento de réus ricos e abastados, de terem um julgamento justo.
O que a Lava Jato pode mudar no comportamento dos empresários, a partir de agora?
Lima - Espero que empresários saibam que eles podem resistir a demandas ilícitas. O que acontece com a corrupção é que ela torna alguns melhores que outros. Quando combatemos a corrupção, aplainamos o campo de jogo, dizemos que você tem a mesma chance de concorrer com aquela empresa que você imaginava imbatível. E a Lava Jato está tentando introduzir um aspecto que não é comum no Brasil, da certeza da punição. Não precisamos de penas exageradas. Precisamos de mais certeza da punição.
Dallagnol - O que a Lava Jato revelou é que a corrupção é generalizada. Já se acreditava que ela estava espalhada no Brasil mas havia dificuldade de acreditar algo que era uma regra. Sabia-se que existia em grande volume, mas não praticamente em todas as funções públicas indicadas. E as empresas passavam a funcionar no pagamento de propina, na qual uma empresa larga na frente de outra. E o que poderia vir a mudar esse comportamento é uma efetiva punição, de fazer com o que as pessoas queiram ficar longe deste comportamento errado. A Lava Jato entra nesse contexto. Mostra que a punição acontece.
Qual contribuição da Lava Jato para o direito criminal?
Lima - Existiu muita sorte e acaso nas coisas que deram certo, mas foi também um uso eficaz das técnicas de investigação que tínhamos e uma mente aberta por parte do Judiciário para aceitar essas fórmulas. Por exemplo, o acordo de leniência que está sendo homologado no caso Camargo Corrêa. São coisas absolutamente inéditas, um acordo que conseguiu R$ 700 milhões, boa parte voltando para os cofres da Petrobras, fora o montante que trouxemos do exterior. Isso nunca houve antes. Então fora um aspecto de sorte, houve uma aplicação eficaz das técnicas de investigação que tínhamos a mão. E a principal delas é a colaboração [delação premiada]. Às vezes você tem uma série de hipóteses, mas uma pessoa falando ela te dá um norte. A colaboração é um norte na investigação.
Dallagnol - Na minha perspectiva, o que a Lava Jato mais impactou nos operadores do direito é de nos fazer, a todos, acreditar que é possível que a Justiça funcione. A impunidade e a disfuncionalidade do nosso sistema fazem com que, muitas vezes, com uma liberdade de linguagem, "o amor das pessoas pela profissão esfrie", porque você se dedica a casos concretos e o resultado era nulo. Gera uma acomodação. Por que investir energia trabalhando além do horário se aquilo não vai dar em nada? A Lava Jato contribui para uma mudança de perspectiva, de que pode, sim, funcionar a Justiça.
A Procuradoria tem liderado a campanha das Dez Medidas contra a Corrupção. Alguma das dez é mais simples de ser imediatamente implantada?
Dallagnol - Elas foram formatadas em 20 anteprojetos de lei e podem ser lidas como tendo três objetivos centrais: prevenção, punição e recuperação. Precisamos evitar que os crimes de corrupção aconteça, depois punir conforme a gravidade do crime e que se recupere o dinheiro desviado de modo racional. Na minha perspectiva essas frentes contra a corrupção têm que caminhar juntas. Não é só com uma alteração muito simples na legislação. Precisamos dessa conjuntura mudada. São 20 anteprojetos. Não saberia dizer qual o mais simples de ser aprovado. Mas quando o Congresso quer, o Congresso aprova.
Rafael Mendes Araguari - MG
Cadeia nele (lula).... não entendo a demora da Justiça em abrir processo contra ele, as provas são mais que evidentes... estão esperando o que? Esta faltando agora confessar os crimes porque provas já tem com fartura....
Sr.Rafael, eu acho que estão esperando que ele(lula),faça um pronunciamento em rede nacional no horario nobre,confessando dos os crimes,ect,só pode ser isso..
O raposao e muito esperto...vivo e escorregadiu...por isto eu acho que quem esta investigando o faz com muita correcao..vai cercando..apertando para nao deixar escorregar e sair da teia...