Rios barrentos mostram falhas na cobertura de solo
A falta de infiltração tem sido um problema nas áreas agrícolas do país. A dificuldade na absorção da água atinge tanto as regiões com grandes volumes de chuvas, quando as localidades com menos precipitações.
Nesta safra, o fenômeno climático El Niño trouxe realidades diferentes às regiões produtoras do Brasil. No Sul o grande volume de chuvas causou o escorrimento superficial nas lavouras, lavando os nutrientes do solo e conseqüentemente reduzindo a produtividade das plantas.
Já no Centro-Oeste, as pancadas de chuva retornaram a pouco tempo - e mesmo passando por um grande período de estiagem - as lavouras ter apresentado grandes poças em meio às plantações.
De acordo com o pesquisador do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), Dr. Afonso Peche, esse cenário é reflexo da baixa agregação do solo que reduz a capacidade de infiltração, retenção de água, nutrientes e desenvolvimento das raízes.
"A agregação do solo interfere bastante na capacidade e velocidade de infiltração. Quando a planta é colhida, aumenta a porosidade, mas se tem muitos finos em superfície eles descem no macroporo e criar uma camada compacta em baixo, que é praticamente irreversível", explica o pesquisador
Segundo ele, só é possível realizar a correção desse tipo de solo com a agregação através de raízes que são capazes de perfurar a terra. No Mato Grosso, por exemplo, quando a expansão agrícola avançou, substituindo as matas por plantações, "foi imposto um comportamento ao solo diferente, e nesses anos todos de ocupação foi causando uma perda de agregação.
A agregação resulta das forças de aproximação e cimentação de partículas orgânicas e minerais no solo. A união de agregados menores forma os macroagregados do solo. Nos solos tropicais a cimentação é resultante principalmente da matéria orgânica e da ação e do metabolismo de organismos vivos sobre essa matéria orgânica gerando substâncias agregantes. Neste sentido, a agregação pode ser considerada um indicador fiel do estado global da saúde e da qualidade do solo. A estabilidade de agregados é um indicador da resistência do solo à erosão e à pressão mecânica do tráfego de máquinas e de implementos.
Para evitar o escorrimento superficial, ou empossamento, é necessário fazer reformas no solo "que passa pela rotação de cultura bem feita, introdução da lavoura pecuária, e conseqüentemente a cobertura do solo, que é fundamental em terras tropicais", explica Peche.
De acordo com o pesquisador, para realizar uma boa cobertura de solo são necessárias em média 60 plantas por metro quadrado, o equivalente a aproximadamente 20 quilos de semente por hectare. Além disso, a rotação com o milho e a pastagem é fundamental para esse tipo de correção, e garantir maior infiltração da terra.
Para saber mais confira a primeira entrevista do jornalista João Batista Olivi com o pesquisador Dr. Afonso Peche:
>> Os solos estão "entupidos", perdendo infiltração. Causa das enchentes, inundações e lixiviação...
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Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR
Vou iniciar este comentário com esta máxima, de autoria da banda musical alemã "Einstürzende Neubauten": " O que é // é // O que não é // é possível // Apenas o que não é // é possível... Após provocar mais um progresso na civilização humana, a Agricultura tem, nos seus 10 milênios de existência, exigido mudanças de técnicas de cultivo e aplicações de novas tecnologias, pois a demanda por alimentos é crescente e uma constante. Sempre estaremos diante de novos desafios, pois a interferência humana sempre recebera "respostas da natureza", ou seja, buscamos "O que não é"... E ... "vivemos no mundo de possibilidades" !!!