País perde US$ 15 bi com queda no preço da soja e do minério de ferro, por MAURO ZAFALON

Publicado em 04/01/2016 17:37
O milho foi o destaque positivo (na coluna vaievem das commodities, por Mauro Zafalon, da Folha de S. Paulo).

O ritmo das exportações de commodities foi bom em 2015. O problema foram os preços internacionais. Os dois carros-chefes da balança comercial mostram bem esse cenário. As exportações de soja em grão devem ter ficado em 54 milhões de toneladas, 17% mais que em 2014. As receitas obtidas com esse produto, no entanto, recuaram para US$ 21 bilhões no ano passado, 10% menos do que no anterior.

Outro grande desfalque na balança comercial de commodities veio do minério de ferro. A Secex (Secretaria de Comércio Exterior) aponta que saíram dos portos brasileiros 349 milhões de toneladas em 2015, volume praticamente igual ao de 2014 -344 milhões. As receitas obtidas nesses dois anos têm uma grande diferença. Em 2015, o minério rendeu US$ 14,1 bilhões, 45% menos do que o valor financeiro atingido em 2014.

Essa perda de divisas dos dois produtos para o país vêm se acentuando, mas não terá espaço para novas quedas tão intensas como as verificadas recentemente.

Em janeiro de 2014, a Secex registrou que as exportações de soja em grãos foram feitas a US$ 582 por toneladas. A demanda mundial pelo produto continua aquecida, mas supersafras nas principais regiões produtoras e recuperação de estoques derrubaram os preços para US$ 385 no mês passado. O recuo foi de 34% no período.

A situação do minério de ferro é ainda pior. Negociado a US$ 100 por tonelada no início de 2014, o valor médio do produto esteve em US$ 32 em dezembro último. A queda no período é de 68%.

As exportações do complexo soja -que inclui, além do grão, o farelo e o óleo de soja- recuaram para US$ 28 bilhões no ano passado, ante US$ 31,3 bilhões em 2014.

As carnes, também importantes no saldo da balança comercial, perderam receitas em dólar no ano passado.

As exportações desse item recuaram para US$ 12 bilhões, 15% abaixo do valor de 2014, segundo dados da Secex. Os dados do órgão federal incluem apenas as carnes "in natura", não considerando o produto industrializado e salgado.

Apesar da queda em dólar, as carnes tiveram receitas maiores em reais, devido à alta da moeda dos Estados Unidos, em relação à brasileira.

As receitas dos dez principais produtos do agronegócio renderam US$ 70 bilhões no ano passado, 9% menos do que em 2014.

O açúcar também cooperou para essa queda. Com estoques mundiais elevados e consumo abaixo da oferta mundial, os preços perderam força de 2014 para 2015.

O resultado foi que as exportações renderam US$ 7,6 bilhões em 2015, 19% menos do as do ano anterior.

O cenário para esse produto deverá ser outro neste ano. A demanda mundial por açúcar voltou a ser superior à produção, o que já se reflete nos preços internacionais.

O milho, ao atingir o recorde de 27 milhões de toneladas exportadas no ano passado, foi um dos pontos positivos da balança comercial. As receitas, que haviam somado US$ 3,9 bilhões em 2014, subiram para US$ 4,9 bilhões no ano passado.

O milho também teve queda no preço médio de negociações -de 9% em 12 meses-, mas o aumento no volume comercializado permitiu receitas maiores.

O aumento da produção da safrinha e o dólar favorável às exportações brasileiras fizeram o país ganhar mercado com o cereal.

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Recorde no mês O Brasil nunca exportou tanto milho como em dezembro. Foram 6,3 milhões de toneladas, 84% acima do volume de igual período de 2014.

Recorde no ano Com o bom desempenho do mês passado, o volume total de 2015 subiu para 27 milhões de toneladas. O maior volume até então era o de 2013, com 26,6 milhões de toneladas, segundo dados da Secex.

Petróleo As exportações do produto bruto recuaram para US$ 11,8 bilhões no ano passado, 28% menos do em igual período do ano anterior.

Celulose As exportações do ano passado renderam US$ 5,6 bilhões, 6% mais do que em 2014. Os preços médios da tonelada subiram de US$ 444, em dezembro de 2014, para US$ 483 no último mês do ano passado. 

 

Com recessão, Balança comercial tem superávit de US$ 19,6 bilhões em 2015

A balança comercial encerrou 2015 com superávit – quando as exportações são maiores que as importações, de US$ 19,681 bilhões. O saldo anual foi divulgado nesta segunda. O saldo representa uma recuperação frente a 2014, quando a balança comercial brasileira terminou negativa em US$ 4 bilhões, primeiro déficit registrado desde 2000.

O superávit resulta de US$ 191,1 bilhões em exportações e US$ 171,4 bilhões em importações. Foi informado ainda o saldo de dezembro, que ficou positivo em US$ 6,24 bilhões. O resultado superou a previsão do governo, de superávit de US$ 15 bilhões, e é o melhor desde 2011, quando a balança fechou o ano superavitária em US$ 29,7 bilhões.

Apesar do resultado positivo da balança, 2015 foi um ano de queda das vendas do Brasil para o exterior. As exportações registraram retração de 14,1% na comparação com 2014. Nas importações, a queda foi de 24,3%. O superávit da balança comercial deveu-se à queda das importações em ritmo mais acentuado que as exportações. O país desacelerou a compra de bens no exterior devido a fatores como a queda na atividade econômica e o dólar em alta.

Soja

Em 2015, os embarques do complexo somaram 70.704.889 toneladas, um aumento de 16,7% ante o ano anterior (60.588.600 toneladas). A receita totalizou US$ 27,860 bilhões em 2015, 10,9% inferior aos US$ 31,276 bilhões de 2014.

Em dezembro, as exportações somaram 1.937.600 toneladas e US$ 774,6 milhões. Em relação a igual mês do ano anterior, o aumento foi de 80,6% em volume e 45,4% em receita. Na comparação com novembro, as vendas externas diminuíram 27,7% em volume e 26,6% em receita.

Os embarques de soja ao exterior continuam diminuindo com o pico das exportações de milho. A partir de fevereiro, as exportações devem voltar a crescer, com o começo da colheita da safra 2015/2016. No acumulado do ano, o bom desempenho em volume é resultado de uma produção recorde de soja e de um câmbio favorável para exportação. Por outro lado, os preços em dólar diminuíram de um ano para outro.

Em 2015, os embarques de soja em grão somaram 54.324.300 toneladas, 18,9% acima dos 45.692.000 toneladas de um ano antes. Em receita, as exportações somaram US$ 20,983 bilhões no ano passado, queda de 9,9% ante as US$ 23,277 bilhões de 2014. Em dezembro, foram 731.400 toneladas, aumento de 427,7% ante as 138.600 toneladas embarcadas um ano antes. A receita com as vendas externas do grão atingiu US$ 281,7 milhões, crescimento de 282,7% na comparação com dezembro de 2014 (US$ 73,6 milhões). O preço médio do produto exportado foi de US$ 385,2/tonelada em dezembro, ante US$ 530,9/tonelada há um ano. Os dados indicam retração das vendas na comparação com novembro. Enquanto o volume recuou 49,3%, a receita diminuiu 48,9%.

No farelo de soja, as vendas externas somaram 14.826.800 toneladas e US$ 5,821 bilhões, aumento anual de 8,1%, mas queda de 16,9% em receita. Em dezembro, o volume exportado aumentou 20,0%, mas a receita caiu 5,3% na comparação com dezembro de 2014. Os embarques somaram 1.042.700 toneladas, ante 869.100 toneladas em igual período do ano anterior, e a receita chegou a US$ 386,6 milhões, ante US$ 408,2 milhões há um ano. Em relação a novembro, as exportações cederam 7,5% em volume e 11,3% em receita.

Já em óleo de soja, as exportações totalizaram 1.553.789 toneladas em volume, 31,7% acima do ano anterior, enquanto a receita atingiu US$ 1,055 bilhão, crescimento de 5,7% ante 2014. Em dezembro atingiram 163.500 toneladas, 151,2% acima das 65.100 toneladas de dezembro de 2014. A receita somou US$ 106,3 milhões, incremento de 108,8% ante os US$ 50,9 milhões registrados em igual mês do ano passado. Na comparação com novembro, há queda de 46,3% no volume e aumento de 54,4% na receita.

Milho

As exportações brasileiras de milho voltaram a crescer em dezembro e bateram um novo recorde no acumulado do ano, segundo dados do Mdic. Entre janeiro e dezembro de 2015, as exportações brasileiras somaram 28,901 milhões de toneladas, volume 40,1% maior que os 20,635 milhões de toneladas apurados no acumulado de 2014. Em receita, o resultado foi 31,4% superior, de US$ 4,937 bilhões, ante US$ 3,759 bilhões apurados de janeiro a dezembro de 2014.

Em dezembro de 2015 foram exportadas 6,267 milhões de toneladas, volume 84,1% superior ao apurado em igual mês em 2014, de 3,405 milhões de toneladas, e 31,7% maior que os 4,757 milhões de toneladas de novembro de 2015. O resultado foi impulsionado pela desvalorização do real ante o dólar, que tornou o milho brasileiro mais competitivo no mercado internacional.

A receita, de US$ 1,036 bilhão, foi 67% superior ante a de US$ 620,6 milhões de toneladas de dezembro de 2014 e 29,7% maior do que os US$ 799,1 milhões de toneladas arrecadadas em novembro de 2015. O preço médio da tonelada exportada foi de US$ 165,40, menor que os US$ 168 registrados em novembro de 2015 e do que os US$ 182,20 de dezembro de 2014.

Café

 No acumulado de 2015, a exportação brasileira de café em grão teve queda de 7,2% na receita cambial. O Brasil faturou US$ 5,132 bilhões em comparação com US$ 5,532 bilhões no mesmo período de 2014. O volume embarcado avançou 12%, de 30,021 milhões de sacas para 33,532 milhões de sacas entre janeiro e dezembro deste ano.

No mês de dezembro (22 dias úteis) alcançou 2,977 milhões de sacas de 60 kg, o que corresponde a uma queda de 2,2% em relação a igual mês do ano passado (3,045 milhões de sacas). Em termos de receita cambial, houve queda de 27,8% no período, para US$ 449,8 milhões em comparação com os US$ 623,1 milhões registrados em dezembro de 2014.

Quando comparada com o mês anterior, a exportação de café em dezembro apresenta redução de 4,5% em termos de volume – em novembro os embarques somaram 3,116 milhões de sacas. A receita cambial foi 2,5% menor, considerando faturamento de US$ 461,3 milhões em novembro passado.

Suco de laranja

A receita com exportação de suco de laranja do Brasil em 2015 alcançou US$ 1,893 bilhão, 3,7% abaixo do US$ 1,965 bilhão de 2014. Em volume, as exportações do segmento avançaram 5,2% entre os períodos e atingiram 2,029 milhões de toneladas no ano passado, ante 1,928 milhão de toneladas embarcadas em 2014. Em dezembro de 2015, o faturamento com as vendas externas despencou 55,87% na comparação com dezembro de 2014, de US$ 264,2 milhões para US$ 116,6 milhões. Houve recuo também em relação a novembro de 2015, de 39,71% sobre os US$ 193,4 milhões registrados naquele mês. O volume de suco de laranja exportado em dezembro foi de 137.200 toneladas, 50,75% menor do que as 278.600 toneladas embarcadas em dezembro de 2014 e ainda queda de 35,28% ante as 212 mil t de novembro de 2015.

As fortes variações positivas e negativas entre os meses são comuns no mercado exportador de suco de laranja. Elas ocorrem principalmente por causa das escalas dos navios cargueiros utilizados para o envio da bebida ao exterior.

O preço médio da tonelada de suco exportada em dezembro foi de US$ 850,10 ante US$ 948,30 em dezembro de 2014 e US$ 912,30 por tonelada em novembro de 2015. 

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Fonte:
Assessoria Codesp + Folha

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