Bovespa fecha em leve alta após rebaixamento pela Fitch e elevação dos juros nos EUA

Publicado em 16/12/2015 17:08

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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa encerrou em alta nesta quarta-feira, mesmo após a agência de classificação de risco Fitch retirar o grau de investimento do Brasil e com os ajustes de fechamento refletindo as reações iniciais à primeira alta dos juros nos Estados Unidos em quase uma década.

O Ibovespa subiu 0,32 por cento, a 45.015 pontos.

O volume financeiro somou 22,45 bilhões de reais, inflado pelas operações relacionadas aos vencimentos de opções sobre o Ibovespa e do índice futuro.

O índice de referência do mercado acionário brasileiro tocou a mínima do dia, em queda de 1,7 por cento, logo após a Fitch cortar o rating do país em um degrau, de 'BBB-' para 'BB+', com perspectiva negativa, citando recessão mais profunda do que o antecipado, dificuldade no quadro fiscal e aumento das incertezas políticas.

O impacto da notícia, porém, foi efêmero, com o Ibovespa logo retomando os níveis pré-anúncio e passando ao território positivo na sequência até pouco antes do fechamento, quando voltou a oscilar ligeiramente no vermelho.

Na visão de profissionais da área de renda variável, a reação foi contida pois o rebaixamento já estava no preço, em grande parte devido às últimas decisões do governo federal ligadas às contas públicas, com a alteração da meta de superávit primário para 2016.

A questão agora entre agentes financeiros é sobre o efeito nos fluxos de capital, uma vez que a perda do grau de investimento por uma segunda agência da rating --a S&P rebaixou o Brasil em setembro-- pode obrigar gestores a retirar recursos do país, embora o fato de muitos fundos já estarem com posições "underweight" possa atenuar uma pressão vendedora mais forte.

"Era apenas uma questão de tempo mesmo", resumiu o gestor Eduardo Roche da Canepa Asset Management, referindo-se ao rebaixamento da nota brasileira.

No ajuste de fechamento, o Ibovespa recuperou o fôlego, reagindo à decisão do banco central dos Estados Unidos de elevar a faixa para sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para entre 0,25 e 0,50 por cento ao ano, dando fim a um longo debate sobre se a economia dos EUA estaria forte o suficiente para aguentar custos de financiamento maiores.

DESTAQUES

=VALE fechou com as ações ordinárias em alta de 2,87 por cento e as preferenciais com ganho de 1,95 por cento, amparadas na alta dos preços do minério de ferro na China .

=BRADESCO subiu 0,87 por cento, revertendo perdas iniciais e corroborando o fechamento positivo do Ibovespa, apesar da preocupação relacionada aos bancos após a decisão da Fitch, uma vez que as empresas do setor tendem a ser as primeiras a terem as notas ajustadas após mudança do rating soberano. ITAÚ UNIBANCO caiu 0,67 por cento.

=CEMIG saltou 5,51 por cento, no segundo dia de forte alta. O Supremo Tribunal Federal (STF) agendou para 16 de fevereiro nova audiência de conciliação entre a estatal mineira de energia e a União, na qual se tentará chegar a um acordo sobre o destino da hidrelétrica Jaguara, cuja concessão venceu em agosto de 2013.

=TIM PARTICIPAÇÕES avançou 4,59 por cento, após reportagem da agência Bloomberg dizer que a OI estaria trabalhando para ter uma proposta de fusão com a TIM até janeiro. As preferenciais da Oi fecharam com ganho de 6,25 por cento, impulsionadas também por expectativa de que seja anunciado até o fim da semana empréstimo 1,2 bilhão de dólares obtido com banco de fomento chinês.

=PETROBRAS encerrou com as preferenciais em queda de 1,75 por cento e os papéis ordinários em baixa de 1,65 por cento, na esteira do declínio dos preços do petróleo, também pesando na ponta negativa do índice.

=QUALICORP caiu 5,4 por cento, com operadores atribuindo o tombo à nova etapa da operação Acrônimo da Polícia Federal. Um dos alvos de busca foi o empresário Elon Gomes, sócio da Aliança Administradora de Benefícios de Saúde, comprada pela Qualicorp em 2012. Procurada, a Qualicorp afirmou que não tinha nenhuma relação com as operações conduzidas pela PF nesta quarta-feira e que não foi alvo de nenhum procedimento de busca e apreensão.

=USIMINAS caiu 4,76 por cento, renovando cotação mínima desde março de 2003, a 1,6 real, e guiando as perdas do setor siderúrgico no Ibovespa, em meio a novos dados fracos do segmento. O papel ordinário da companhia, que não está no índice e mostra liquidez reduzida, desabou quase 18 por cento. CSN, que caiu 2,72 por cento, está avaliando medidas para reduzir produção de aço no próximo ano.

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Fonte:
Reuters

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