Pobres terão que comer arroz sem carne durante crise, diz Lula

Publicado em 10/12/2015 18:45
No EL PAÍS (+ Folha de S. Paulo + REINALDO AZEVEDO, DE VEJA.COM)

Em entrevista ao jornal espanhol "El País", o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em relação à atual crise econômica no Brasil, não temer que voltem à pobreza aqueles que haviam saído dela durante seu governo.

"Não voltarão", disse. "Em vez de comer carne todos os dias, pois um dia vão comer arroz, por assim dizer. Isso é passageiro."

"Quando cheguei ao poder, tinha medo de terminar como [o ex-presidente polonês] Lech Walesa. Eu dizia a meus companheiros: não posso falhar, porque, se falhar, jamais outro trabalhador será presidente", disse. A entrevista foi publicada nesta quinta (10).

Questionado sobre uma possível candidatura, respondeu que "nem sim, nem não". "Eu gostaria que fosse outro. Mas, se tenho que me apresentar para evitar que alguém acabe com a inclusão social conseguida nesses anos, farei isso", disse Lula.

Boa parte da conversa teve como mote o impeachment da presidente Dilma. O pedido, afirmou, "não tem nenhuma base legal ou jurídica".

"O que a presidente fez foi o que todos os presidentes fazem alguma vez: financiar projetos sociais e pagar depois mediante o Estado."

 

Lula espalha bobagens mundo afora (REINALDO AZEVEDO)

Como ele acabou com a fome que nunca houve e como tirou a carne dos brasileiros

Lula conta mentiras sobre famintos e sobre pançudos

“Não tem carne, brasileiro? Coma o arroz que o PT lhe dá e não encha o saco”, por REINALDO AZEVEDO

Luiz Inácio Lula da Silva já não se contenta em dizer as suas asneiras ao público nativo. O mundo também precisa saber de suas ignomínias.

Em entrevista ao jornal espanhol “El País”, afirmou não ter receio de que aqueles que saíram da pobreza nos governos petistas à pobreza voltem.

Disse: “Não voltarão. É como se disséssemos que, em vez de comer carne todos os dias, vão comer arroz. Isso é passageiro”.

Bem, já voltaram. Até porque a saída da pobreza, qualquer que seja a linha de renda que se adote, depende das condições da economia. Milhões já estão lá de novo.

Ele foi adiante:
“Quando cheguei ao poder, tinha medo de terminar como [o ex-presidente polonês] Lech Walesa. Eu dizia a meus companheiros: não posso falhar, porque, se falhar, jamais outro trabalhador será presidente”.

O paralelo com Walesa, que sucedeu a um governo comunista na Polônia, é um despropósito absoluto.

Ao chegar ao poder, Lula inventou que havia uma fome no país que há muito tinha sido vencida. Ele, assim, atribuiu-se o mérito de ter posto fim a um flagelo que não existia para, agora, dizer: “Comam esse arroz aí que o PT dá para vocês e não encham o saco!”.

Indagado se será candidato em 2018, disse: “Eu gostaria que fosse outro. Mas, se tenho que me apresentar para evitar que alguém acabe com a inclusão social conseguida nesses anos, farei isso”.

Lula segue mentindo sobre as pedaladas fiscais. Disse: “O que a presidente fez foi o que todos os presidentes fazem alguma vez: financiar projetos sociais e pagar depois mediante o Estado”.

Falso! R$ 20 bilhões dos R$ 40 bilhões das pedaladas de 2014 são recursos emprestados pelo BNDES a alguns empresários escolhidos a dedo pelo governo.

Lula conta mentira sobre os famintos e sobre os que estão com a pança cheia.

Pobre Brasil! Tão perto do rebaixamento, tão longe da matemática

Por REINALDO AZEVEDO

O Brasil está a um passo, bem pequeno, de ter rebaixada a sua nota pelas duas outras grandes agências de classificação de risco nas quais ainda está na condição de grau de investimento, mas na linha de corte: Moody’s e Fitch. 

No governo, já há quem dê isso como certo. Aí as coisas podem se complicar bastante. A outra gigante da área, a Standard & Poor’s, já mandou o país para o primeiro nível do grau especulativo. Talvez já não haja mais nada a fazer. Imaginem, então, se for dado um empurrãozinho.

E há quem queira dar esse empurrão. Alas do PT e do governo Dilma querem reduzir a zero a meta de superávit do ano que vem. Huuummm… Facilitaria para a presidente, né? Ela poderia dobrá-la sem correr o risco de causar alterações, hehe…

O busílis é o seguinte: o ministro Joaquim Levy, da Fazenda, já avisou. Se fizerem isso, ele está fora do governo. Levy defende para 2016 um superávit de pelo menos 0,7% do PIB. Vamos ver com que dinheiro. A arrecadação do ano que vem tende a repetir a baixa performance deste ano em razão da recessão.

Informa a VEJA.com:
“O líder do governo na CMO, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), garantiu que apresentará uma emenda para ser votada a fim de contemplar a chamada “meta zero”. O petista disse que se essa alteração for aceita — na parte da União referente ao superávit (0,55% do PIB) — permitirá a liberação de 34 bilhões de reais em recursos. Desse total, 24 bilhões de reais serviriam para bancar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e outros 10 bilhões de reais para impedir um eventual corte nesse valor do Bolsa Família. Essa é a intenção do relator-geral do Orçamento de 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR), para fechar as contas.”

No fim das contas, se Levy estiver mesmo disposto a cumprir a ameaça, talvez esteja até torcendo para que a bobagem seja feita: aí ele poderá pular fora da roubada em que se meteu.

Parte do petismo e do próprio governo Dilma ainda trabalha com a suposição estúpida de que superávit é coisa que se faz só para ninar banqueiros e de que a economia para pagar juros da dívida é capricho de neoliberais.

Imaginem que porre não deve ser ter de enfrentar essa gente todo dia. E tendo, adicionalmente, de enfrentar as suspeitas de que serve a interesses menores.

Esquerdas
Ora vejam: no dia 16 de dezembro, uma quarta-feira gorda, as esquerdas prometem tomar o país com uma manifestação em favor de Dilma, contra Eduardo Cunha e, ora vejam, em oposição à política econômica — que é atribuída a Levy, não a Dilma.

Por que ter de passar por isso, não é? Levy deveria puxar o carro. Há muito Lula quer nomear Henrique Meirelles. Quem sabe as esquerdas fiquem contentes, né?

 

Na FOLHA: Desgraça pouca é bobagem?

Por VINICIUS TORRES FREIRE

Quando desgraça pouca passa a ser bobagem? Qual o efeito extra de uma desgraça adicional tal como, por exemplo, o Banco Central aumentar os juros no dia 20 de janeiro?

A presidente da República pode ser deposta; Eduardo Cunha continua solto. Tratar dos juros do Banco Central parece, portanto, preciosismo diversionista ou alheamento da realidade. Mas a vida continua, continua a ir para o brejo, alheia ao universo marginal de Brasília.

Mais juros, mais descrédito do país, mais deficit, tudo isso resulta em dívida pública cada vez maior. Quanto maior a dívida, maior o sofrimento social necessário para reduzi-la, maior o conflito político pelas sobras dos fundos públicos, mais comprida a crise. Não se trata pois de ninharias.

A inflação dita "oficial", medida pelo IPCA, foi a 10,5% em um ano, soube-se ontem. Na estimativa mediana dos economistas do setor privado, deve chegar perto de 7% em 2016 e, chuta-se de modo informado, ainda seria de 5,1% em 2017. E daí?

Daí que a turma do Banco Central quer que se acredite em inflação menor que o teto da meta no ano que vem (menos que 6,5%) e que o IPCA baixará a 4,5% até o final de 2017. Como as expectativas dos povos dos mercados tendem apenas a piorar até o final de janeiro, ou bem o BC eleva os juros ou então terá renunciado a qualquer pretensão de que seja levado em consideração, o que também terá consequências.

Note-se que, aqui, não vem muito ao caso o debate da necessidade de taxas de juros ainda mais altas. O problema é que o BC se ensanduichou entre a cruz e a caldeirinha. Enfim, como se pode notar, nada de bom vai resultar dessa situação, seja qual for a decisão.

Há outros moinhos a estraçalhar as esperanças da economia.

Por exemplo, outra dessas empresas que dão nota ao crédito de governos e empresas ameaçou ontem rebaixar o Brasil, talvez entre o Carnaval e a Semana Santa, o que vai causar algum estrago extra na quantidade e no preço de crédito para empresas e governo do Brasil.

Tudo isso, meio ponto de juros aqui, um descrédito adicional ali, vai fazer diferença? De imediato, vai parecer que não. Caso o espírito da santidade e da razão baixe de súbito sobre a política brasileira, esses danos extras à economia podem ser compensados.

Afora essa hipótese, as degradações extras, que não parecem lá grande coisa, deixarão mais sequelas, até porque o déficit do governo continua também a aumentar. Para trocar em miúdos, déficits, degradação de crédito e juros mais altos vão fazer com que a dívida pública cresça com ainda mais velocidade.

Quanto maior a dívida, maior o esforço, maior a contenção de gastos públicos e/ou privados, necessário para reduzi-la, o que não apenas implica mais sacrifício social, mas também mais risco de confronto político com "p" maiúsculo.

Além da barafunda dos desclassificados em Brasília, haverá disputa social feia pelos fundos recolhidos pelo Estado ou mais inflação, que é um modo de derrotar um dos lados desse conflito, os mais pobres. A "Ponte para o Futuro", o suposto programa liberal do pós-Dilma, e a reação que se forma entre alguns movimentos sociais são os primeiros sintomas dessa doença ruim do Brasil que vem por aí. 

"E se der a alternativa Temer, como ficam as reformas?"

Stuhlberger faz as perguntas (certas) sobre o impeachment (por GERALDO SAMOR,  de VEJA)

Nas cartas mensais aos investidores do fundo Verde, Luis Stuhlberger, amplamente considerado o melhor gestor brasileiro, costuma fazer um exercício de bom senso sobre como alocar capital.

Luis StuhlbergerEm sua gestão e nas cartas, Stuhlberger combina observações empíricas sobre a economia (frequentemente colhidas em seu contato diário com empresários, muitos dos quais seus clientes) com um rigoroso acompanhamento macroeconômico e uma dose obsessiva de prudência, produzindo documentos que descrevem a anatomia e a fisiologia de cada encruzilhada na economia e nos mercados — e resultados que consagraram o Verde.

Um investidor que tivesse aplicado mil reais no Verde em 1997, teria hoje 120 mil reais (e apenas 16 mil se tivesse aplicado no CDI no período).

Mas, no ambiente conflagrado da crise tríplice que consterna o Brasil de hoje — a política, a econômica e a de valores — talvez seja significativo que a melhor análise política da situação também seja feita por um gestor de investimentos.

Na carta que enviou aos clientes para explicar a performance de novembro — quando o Verde rendeu 2,48%, contra um CDI de 1,06% — Stuhlberger e sua equipe dedicaram um capítulo ao impeachment. (No ano, o Verde rende 27,35%, e o CDI, 11,93%.)

Trata-se de uma análise desapaixonada, crítica e apartidária do momento atual. Em vez de chutar respostas, o time do Verde apenas faz as perguntas certas — o que já é muito para este momento epicamente confuso.

Abaixo, o terceiro capítulo da carta, que ajuda a refletir sobre os desafios do Brasil no pré- e no pós-impeachment.

3. O impeachment

3.1. Quase na categoria da perplexidade, quem poderia imaginar que com menos de 1 ano de 2o mandato, se acolheria um pedido de impeachment, por pedaladas fiscais, que a rigor, vinham ocorrendo há anos, desde pelo menos o início da Nova Matriz Econômica? Mas dada a relevância, merece um capítulo à parte.

• 3.2. As motivações “não aparentes” do impeachment são o desejo de parte do sistema político de “administrar melhor a Lava Jato”, aproveitando-se da baixa popularidade do Governo. São bem menos nobres do que aparentam, embora há que se reconhecer que parte da sociedade brasileira apoia o impeachment por não suportar mais paralisia, incompetência e recessão e os articuladores do impeachment sabem bem disso. Curiosamente, o PMDB está no poder indiretamente há 30 anos e é sócio do PT no que tem aparecido de ruim, menos na questão ideológica. Seu único mérito, então, foi não ter permitido que nos tornássemos um misto de Argentina com Venezuela, o que não é pouco…

• 3.3. Vai ou não vai? Como dizia Magalhães Pinto, “política é como a nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”. Por essas e outras, é difícil ter convicção de qualquer lado. A definição estará dada na véspera, de acordo com o que os parlamentares entendem sobre o que será mais provável. Sem manifestações populares maciças, com uma base pós-reforma ministerial renovada (como citou um político: “camarote no Titanic”), Dilma parece ter mais chances, mas o tempo trabalha contra, com o aprofundamento da recessão e do desemprego. Há nuances, e muito mais perguntas do que respostas.

• 3.4. A primeira nuance é: como explicar para um “popular” que o impeachment foi acolhido por causa de “aberturas de créditos extraordinários sem previsão na LDO”. Acolhida pelo presidente da Câmara, numa suposta reação à admissão da sua própria cassação por fatos ligados à Lava Jato.

• 3.5. Será que mais fatos virão à tona até a votação, implicando eventualmente o partido do vice? Isso comprometerá a sucessão? A central de dossiês voltará à produção em grande escala…

• 3.6. Não há espaço para qualquer medida impopular no curso do impeachment. O que o Governo precisa agora é de uma base unida, e não dividida pela defesa de alguma tese fiscal impopular. Isso durará até o final do processo, dure o quanto durar. Atenção: esse ponto é bem negativo para o fiscal.

• 3.7. E se der a alternativa Temer, como ficam as reformas? Poderá um governo não-eleito, em ano eleitoral, aprovar medidas extremamente impopulares e necessárias (como a desindexação do salário mínimo e a reforma da previdência), com uma economia em frangalhos e o desemprego na lua, tendo o PT na oposição e a Lava Jato em pleno funcionamento, eventualmente se abastecendo de informações novas colhidas dentre potenciais petistas enfurecidos, supostamente com conhecimento de causa? É possível que a CPMF possa ser aprovada, ganhando um certo tempo para não mexer nos problemas estruturais, fazendo uma ponte até 2018.

• 3.8. Em relação ao item anterior, apesar do que escrevemos, as expectativas dos agentes econômicos deverão ser positivas por algum tempo, pois eles entenderão que é o fim do PT “as we know it”. Achamos que essa interpretação pode estar equivocada, pois dado que ainda faltarão três anos, o PT pode renascer das cinzas eventualmente reencontrando um discurso com apelo eleitoral, dado que haverá um certo cheiro de golpe no ar e a economia demorará para se recuperar, de modo que todo o processo poderá ser um tiro pela culatra.

• 3.9. Conseguirá o governo do PMDB efetivamente fazer uma União Nacional, em torno de princípios? Como disse Groucho Marx: “Esses são meus princípios, mas se você não gosta deles, eu tenho outros”. Como se dará a aliança? Qual será o papel do PSDB? Como colocar um político como o Serra para tocar o governo (Fazenda ou Casa Civil), sem que isso signifique necessariamente que o sucessor já esteja escolhido? Como chamar outras alianças, se a sucessão está definida? Consideramos um risco significativo para o PSDB embarcar num governo PMDB e perder, com isso, a substância eleitoral fortíssima que o partido tem hoje como oposição e colocar em risco a percepção de seus princípios. Esse é um conundrum que o PSDB terá que desvendar. A Marina já se posicionou muito claramente e muito bem, apoiando a impugnação da chapa Dilma-Temer, o que lhe dará uma enorme consistência eleitoral para 2018.

• 3.10. De um jeito ou de outro, parece que os problemas fiscais brasileiros devem ficar muito piores antes que possam ser solucionados.

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Fonte:
EL PAÍS + Folha de S. Paulo/VEJA

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1 comentário

  • Carlos Massayuki Sekine Ubiratã - PR

    Se não têm pão, que comam brioches! Ou na versão tupiniquim: se não tem carne, que comam arroz!

    Lula não vai para a guilhotina como Maria Antonieta, mas a cadeia já seria um bom destino. Depois de roubar para si (com a anuência dos tucanos) os méritos pela estabilização da economia e a conseqüente melhoria nas condições de vida dos brasileiros, principalmente dos pobres, lula ainda se diz autor dos programas de transferência de renda que na verdade nasceram na era FHC. A lula só se pode atribuir a criação do fome zero, fiasco retumbante do qual ele nem fala mais.

    Quem pôs a carne no prato do pobre não foi Lula, ou pelo menos não foi só ele, mas quem está tirando é ele e a sua quadrilha.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Carlos, dentro da minha insignificância, julgo que o Lula esteja desempenhando literalmente o seu "papel", que é: PAPEL HIGIÊNICO!!

      Quando ele estava no poder, sempre esteve no meio das "sujeiras", mas não foi visto nem uma vez tocando-as. Agora estão esfregando a "merda" no "PAPEL HIGIÊNICO", ou seja, estão sujando-o bastante, até ele ficar bem fedido, aí ninguém vai querer ficar perto, ou tocá-lo. O próximo passo vai ser colocá-lo atrás das grades e, vão aparecer muitos "limpinhos" para dizer que: AGORA VAI SER DIFERENTE !!!

      Enquanto a sociedade não exigir que se estabeleçam premissas, com mecanismos evitando a promiscuidade entre o Capital e o Poder Público, usado em vários países do mundo, vamos ser surpreendidos com denúncias de má gestão dos recursos públicos. A LEI NÃO IMPEDE O CRIME, ELA SIMPLESMENTE O PUNE !!!

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