Soja: Mercado fecha sem direção no Brasil após USDA morno e estabilidade em Chicago

Publicado em 09/12/2015 17:29

Nesta quarta-feira (9), os traders do mercado internacional da soja esperavam por um boletim de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sem muitas novidades e de pouco impacto sobre os preços da soja na Bolsa de Chicago. As expectativas se confirmaram e as cotações da oleaginosa fecharam o dia com leves ganhos entre as posições mais negociadas - de 0,75 a 1 ponto - depois de atuar bem próximas da estabilidade durante toda a sessão. 

O primeiro vencimento - janeiro/16 - fechou o dia cotado a US$ 8,77 por bushel, enquanto o maio/16, referência para a safra brasileira - terminou com US$ 8,86. Ainda assim, segundo o analista de mercado Flávio França Jr., da França Junior Consultoria, acredita que esse tenha sido um relatório neutro para o mercado da soja, típico do último mês do ano, e que as cotações mantêm seu potencial de voltar ao patamar dos US$ 9,00 por bushel. 

Os estoques finais de soja dos Estados Unidos se mantiveram estimados em 12,66 milhões de toneladas, mesmo número de novembro, e ligeiramente abaixo da média esperada pelos traders de 12,68 milhões de toneladas. O departamento manteve ainda as exportações em 46,68 milhões de toneladas e o esmagamento em 51,44 milhões de toneladas. 

No quadro mundial, o USDA reduziu ligeiramente sua estimativa para a produção de soja, a qual passou de 321,02 milhões para 320,11 milhões de toneladas. Os estoques também foram revistos para baixo e passaram de 82,86 milhões para 82,58 milhões de toneladas. 

Para o Brasil, a única alteração veio nos estoques finais, que subiram. O número foi de 18,59 milhões a 19,06 milhões de toneladas, enquantoa projeção para a safra 2015/16 se manteve inalterada em 100 milhões de toneladas. Para a Argentina, um leve aumento dos estoques de 30,30 milhões para 30,36 milhões de toneladas. 

USDA Dezembro - Tabela Soja

"O USDA passou a régua. Agora, o mercado vai se voltar para o desenvolvimento da safra da América do Sul", diz, completando ao afirmar que uma possível quebra na produção brasileira poderia ser o gatilho para uma volta aos US$ 9,00/bushel. E a temporada 2015/16 preocupa, principalmente por conta da irregularidade climática, e já gera incertezas e especulações sobre seu potencial produtivo, fator que, ainda de acordo com o analista, ganha cada vez mais espaço no mercado externo.

"Essa queda recente nos preços lá fora teve uma natureza financeira, não está ligada a fundamentos, principalmente com a forte queda do petróleo e alta do dólar, que provocou uma fuga de capitais das commodities agrícolas", diz. "Pelo lado dos fundamentos, não seria para cair", completa. 

Mercado Brasileiro

No entanto, após algumas altas consecutivas do dólar frente ao real, a moeda norte-americana voltou a cair nesta quarta-feira, o que tirou, novamente, espaço para uma retomada dos preços da soja praticados no Brasil. Essa situação, entretanto, não foi um padrão. 

Enquanto no porto de Paranaguá o produto disponível caiu 2,50% para R$ 78,00 por saca, em Rio Grande subiu 2,27% para R$ 81,00. Para a soja da nova safra, baixa de 0,65% para R$ 76,50 por saca no terminal paranaense e alta de 0,39% para R$ 77,50 no terminal gaúcho. 

O dólar operou em campo negativo durante todo o dia em campo negativo e fechou a sessão com R$ 3,7370, perdendo 1,92%. Segundo relatou o consultor de mercado Vlamir Brandlalizze, da Brandalizze Consulting, essa queda da moeda norte-americana travou ainda mais os negócios internamente, que já apresentam um ritmo mais lento nas últimas semanas. 

"O mercado está focando na leitura de que os acontecimentos de ontem são uma derrota para o governo, o que seria positivo para o mercado financeiro", disse o operador da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa à agência de notícias Reuters. "Mas ainda é muito cedo, muito precoce fazer uma avaliação de médio prazo. A volatilidade vai ser alta".

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Angelo Miquelão Filho Apucarana - PR

    Especulações à parte, pelo jeito em 2016 vamos acertar pela primeira vez com os contratos fechados, pois nos últimos ou desde que me lembro nunca ganhei um centavo com esta prática! Olha a volta que o mundo da soja dá.... vamos ganhar com os contratos... Que coisa, hein! mas eu duvido, duvido muito do que leio e ouço, pois esta gente não dá ponto sem nó, quem tem a chave do galinheiro não pode ter amizade com as raposas, elas são boas de bico, espertas e convincentes! Vejam um exemplo: na colheita do trigo a saca estava em R$ 33.50, e os gerentes das empresas que recebem nossas produções não perdiam tempo, chegavam nas rodinhas de produtores e diziam "olha, quem tiver compromisso, feche o trigo, pois vai sair de mercado até o fim do mês". Muitos, e inclusive este que vos fala, foi lá e mandou bala, vendeu aquela porcaria e mal pagou os custos, arcamos com os custos de diesel, frete e colheita, levamos bucha de novo! E, pasmem, alguns dias depois o trigo foi para R$ 35,00 e logo bateu nos 38,00 reais a saca... Ou seja; 38+1 de ajuste no balcão é igual a 39,00 reais, o que nos deu 6;00 reais a menos por saca, ou 720,00 reais por alqueire que deixamos de ganhar por ir na conversa das raposas. Agora enfiamos o resto do soja no... para pagar as contas que sobraram desta palhaçada que tem sido a triticultura no Brasil. Preço ruim, produção ruim e gente esperta demais no meio, uma receita de prejuízos para nosso furado bolso. Informação é dinheiro, mas depende de onde ela vem e de quem! E vamos indo, vamos esperar para o ano que vem, de novo!

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    • diego fernando spies Novo Sarandi - PR

      Hoje teve contrato de soja para entrega em março de 2017 a 73,00 a saca, será que é um bom preço? Nos patamares de hoje seria mas qual será o custo para o ano que vem plantar a safra de verão?

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    • Marcelo Luiz Campina da Lagoa - PR

      Isto que o Angelo disse já vi acontecer com soja. Fui testemunha quando anos atrás o gerente de cooperativa aconselhava os sojicultores a não vender a safra, que estava com preço excelente. Até oferecia dinheiro através do banco da cooperativa , um EGF, para segurar a safra. Pouco tempo depois , a soja desabou e o que estava estocado não pagou o empréstimo. O gerente, este foi promovido. Lógico que a ordem veio de cima. Quanto a safra nova de soja, as notícias que chegam do Mato Grosso e do Matopiba são estarrecedoras. Imensas áreas perdidas. Outra agência de risco vai baixa a nota do Brasil. O FED americano vai elevar a taxa de juros. Acho que tanto Chicago quanto o dólar irão subir. Além disso, a safra aqui no sul está longe de estar salva. Imagine se chover em fevereiro metade do que choveu em novembro. As variedades intactas não aguentam uma semana de chuva.

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    • Roberto Cadore Cruz Alta - RS

      Sr. Ângelo, pra mim, não dá pra acertar sempre, mas gerente de cooperativa/cerealista/especialista/analista/e PQP...já me levaram para o buraco algumas vezes, até mesmo o mago da soja, que hoje anda meio sumido, errou, pra ele soja só apontava pra cima e tá aí o resultado. Acho que devemos tomar nossas próprias decisões. Pelo menos, se errarmos, será por nossa própria culpa.

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