Dólar fica quase estável, a R$ 3,76, com certo alívio sobre Fed
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou perto da estabilidade sobre o real nesta quinta-feira, diante de dúvidas sobre a possibilidade de o banco central dos Estados Unidos elevar os juros no mês que vem e após a Comissão Mista do Orçamento (CMO) do Congresso impedir abatimento na meta de superávit fiscal em 2016, aumentando a rigidez fiscal em um momento de intensas desconfianças sobre as conta públicas.
O dólar recuou levemente 0,06 por cento, a 3,7672 reais na venda. A moeda norte-americana chegou a subir mais de 1 por cento na máxima da sessão, a 3,8270 reais, reagindo às persistentes preocupações com a política e a economia brasileira.
"Elementos pontuais aqui e lá fora trouxeram alguma tranquilidade na parte da tarde, tanto em relação ao Fed quanto em relação ao cenário fiscal (no Brasil)", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo. Ele ressaltou, no entanto, que as perspectivas de médio prazo são desfavoráveis nesses dois campos.
Várias autoridades do Federal Reserve vieram a público nesta quinta-feira adotando um tom mais cauteloso do que vinham fazendo nas últimas semanas. O presidente do Fed de Nova York, William Dudley, por exemplo, afirmou que o banco central precisa "pensar com cuidado" sobre quando dar início ao aperto monetário.
Em discurso no início da tarde, a chair do banco central norte-americano, Janet Yellen, não comentou sobre o assunto.
Boa parte dos investidores vinha apostando que o Fed elevaria os juros em dezembro, o que pode atrair para a maior economia do mundo recursos atualmente aplicados em países como o Brasil.
Operadores também afirmaram que a notícia de que a CMO derrubou a possibilidade de abatimento de até 20 bilhões de reais da meta de superávit primário do ano que vem foi encarada como positiva e ajudou a trazer alívio ao mercado.
Incertezas políticas e econômicas no Brasil, porém, mantinham a moeda norte-americana sob pressão, com muitos investidores evitando ativos denominados em reais. "O cenário ainda está muito difícil e há motivos para cautela", disse o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
Ao longo do dia, o dólar chegou a subir mais de 1 por cento, movimento que ofuscou parcialmente a perspectiva de mais entradas de recursos com a aprovação do projeto de lei que abre espaço para regularização de ativos não declarados de brasileiros no exterior, parte das medidas de ajuste fiscal enviadas pelo governo ao Congresso Nacional.
O mercado também minimizou o leilão de venda de até 500 milhões de dólares com compromisso de recompra pelo BC nesta tarde, a quarta operação desse tipo promovida neste mês. Segundo a assessoria de imprensa da autoridade monetária, a operação não serve para rolar linhas já existentes.
Operadores entendem que a atuação tem como fim atender à demanda por dólares típica de fim de ano, da parte principalmente de exportadores.
O BC também deu continuidade, nesta manhã, à rolagem dos swaps cambiais que vencem em dezembro. Até agora, a autoridade monetária rolou o equivalente a 4,732 bilhões de dólares, ou cerca de 43 por cento do lote total, que corresponde a 10,905 bilhões de dólares.
Operadores vêm ressaltando ainda que o baixo volume de negócios, que tem sido a regra nas últimas semanas, deixa o mercado mais sensível a operações pontuais. Por isso, não descartam a possibilidade de mais uma onda de volatilidade.
O mercado também continuou atento aos rumores de que Meirelles possa, eventualmente, substituir Levy. "A conclusão é que (a ida de Meirelles à Fazenda) seria algo positivo e os preços já refletem isso. Agora é esperar para ver as próximas notícias", afirmou o operador de uma corretora internacional.
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