Documentos contrariam versão de Cunha para dinheiro na Suíça
Documentos enviados pelas autoridades da Suíça à ProcuradoriaGeral da República contrariam a versão do deputado Eduardo Cunha (PMDBRJ) de que ele nunca movimentou o dinheiro depositado em uma de suas contas na Suíça por um lobista investigado na Operação Lava Jato.
Extratos das contas mostram que os recursos foram movimentados duas vezes no ano passado. Uma parte foi aplicada em ações da Petrobras e o restante foi transferido para uma conta de uma empresa de Cingapura que tem Cunha como beneficiário.
Em junho de 2011, o lobista João Augusto Henriques depositou 1,3 milhão de francos suíços (o equivalente a R$ 4,8 milhões hoje) numa conta de Cunha após intermediar a venda de um campo de petróleo na África para a Petrobras.
A Procuradoria aponta o depósito como evidência de que o deputado participou do esquema de corrupção na Petrobras e conseguiu autorização do STF (Supremo Tribunal Federal) para investigálo.
Em entrevistas à Folha e outros veículos na semana passada, Cunha disse que os administradores da conta o informaram da transferência em 2012 e ele os orientou a manter o dinheiro intocado até que alguém o reclamasse.
Os extratos contam outra história. O dinheiro depositado Henriques ficou parado na conta Orion até janeiro do ano passado, quando 328 mil francos suíços foram convertidos em dólares para cobrir um investimento em ações da Petrobras na Bolsa de Nova York, no valor de US$ 362 mil.
Leia a notícia na íntegra no site Folha de S.Paulo.
Cunha diz que pedido de afastamento do PSDB não muda processo de impeachment de Dilma
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), garantiu nesta quarta-feira que a decisão do PSDB de pedir seu afastamento do cargo por causa das acusações de corrupção não altera sua decisão sobre os pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
"(Mudança) nenhuma. Minha decisão vai ser dada de forma técnica. Tenho de proferir decisões que eu consiga chegar aqui e explicar as razões técnicas. Não é uma decisão de motivação política, não haverá nenhuma mudança", disse o deputado, reiterando a previsão de manifestar-se sobre a questão do impeachment até o fim do mês.
Cabe a Cunha, como presidente da Câmara, aceitar ou não pedidos de impedimento da presidente.
O PSDB afirmou, em nota publicada em seu site, que "formalizou nesta quarta-feira posição favorável ao afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do comando da Casa". A bancada do PSDB na Câmara ainda considerou "um desastre" a defesa apresentada por Cunha relativa às acusações de envolvimento e corrupção.
Cunha disse não considerar a manifestação um rompimento, já que não havia uma alianção dele com o PSDB.
"O PSDB não me apoiou na eleição para presidente (da Câmara). O PSDB, aliás, teve um candidato, que foi o Júlio Delgado (PSB-MG), que está investigado na Lava-Jato, acusado de de ter recebido recursos do delator Ricardo Pessoa", disse.
Cunha referiu-se a acusação de Pessoa, que afirmou em depoimento a procuradores da operação que Delgado teria recebido 150 mil reais em doação de sua construtora. Delgado já negou a denúncia, afirmando que se encontrou apenas uma vez com Pessoa e que o dinheiro foi doado de maneira lícita ao diretório do PSB em Minas Gerais.
A bancada do PSDB na Câmara considerou nesta quarta-feira "um desastre" a defesa apresentada por Cunha relativa às acusações de envolvimento e corrupção.
REPATRIAÇÃO
Em entrevista na Câmara, Cunha disse ainda que espera que os deputados concluam ainda nesta quarta-feira a votação do projeto de lei de regularização de bens não declarados no exterior, que faz parte das medidas de ajuste fiscal enviadas pelo governo ao Congresso.
O governo tenta chegar a um acordo em torno de detalhes do projeto, como a divisão dos recursos oriundo das multas a serem cobradas na entrada dos recursos do país, mas o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), acredita que apesar disso a base "está unida para votar" o projeto.
A oposição já anunciou que fará obstrução à votação do projeto.
(Reportagem de Leonardo Goy)
PSDB classifica defesa de Cunha de "desastre" e pede seu afastamento do comando da Câmara
SÃO PAULO (Reuters) - A bancada do PSDB na Câmara dos Deputados considerou nesta quarta-feira "um desastre" a defesa apresentada pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em relação as acusações de envolvimento em corrupção e pediu em nota que ele se afaste do comando da Câmara.
Os tucanos justificaram a decisão de defender o afastamento de Cunha ao afirmar que bancada não irá "transigir com a ética". O PSDB também é favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, e cabe a Cunha, como presidente da Câmara, aceitar ou não pedidos de impedimento da presidente.
Cunha foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de receber pelo menos 5 milhões de dólares em propina do esquema de corrupção da Petrobras.
Ele é também alvo de um inquérito no Supremo por causa de contas bancárias em seu nome e de sua mulher na Suíça e há uma representação no Conselho de Ética da Câmara que pede sua cassação por quebra de decoro por ter supostamente mentido ao negar ter contas no exterior em depoimento à CPI da Petrobras.
No fim de semana, Cunha disse que não é o dono do dinheiro depositado no país europeu, mas sim beneficiário desses recursos. Disse ainda que os recursos que estão nessas contas são legais e resultado de negócios de exportação para a África e de aplicações realizadas em bolsas de valores antes de iniciar sua carreira política.
“Ele precisava provar o que vinha falando. Ele apresentou a defesa, o que acabou sendo um desastre. Não se explicou e não convenceu nem a bancada do PSDB nem o país", disse o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), em entrevista coletiva segundo o site da bancada tucana.
"Não posso prejulgá-lo, pois o responsável por isso é o Conselho de Ética, mas o sentimento da bancada é de que as alegações apresentadas são, até aqui, absolutamente insuficientes para absolvê-lo", acrescentou.
Presentes na entrevista coletiva, os dois integrantes tucanos do Conselho de Ética --Betinho Gomes (PE) e Nelson Marchezan Junior (RS)-- garantiram que seus votos no conselho levarão em conta as provas apresentadas e defenderam um julgamento rápido do presidente da Câmara.
“As provas são bastante contundentes e os partidos de oposição têm o entendimento de que ele não possui mais legitimidade", disse Marchezan.
"Mas, é preciso que fique claro que as provas devem ser analisadas de acordo com o conjunto probatório. O certo é que prevalece o desejo de que isso seja investigado, queremos que a decisão seja rápida e esse é também o desejo da sociedade.”
Também nesta quarta, o deputado Mendonça Filho (PE), líder do DEM, partido que apoiou a eleição de Cunha à presidência da Câmara, disse que reiterava a posição pelo afastamento do presidente da Casa, manifestada em nota conjunta da oposição em outubro.
"Não mudamos de posição", disse Mendonça.
O líder avaliou que as explicações dadas por Cunha tinham vários "furos" e por isso o partido manteve a posição de pedir o afastamento dele do comando da Câmara.
(Por Eduardo Simões)
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