Dólar reduz queda por ajustes, após cair a R$ 3,70 com rumores sobre Fazenda
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar reduziu a queda e voltou a operar acima de 3,75 reais nesta quarta-feira, corrigindo exageros vistos pela manhã, quando o bom humor provocado por rumores de que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles poderia substituir Joaquim Levy no Ministério da Fazenda levou a moeda norte-americana ao menor nível intradia em dois meses.
Operadores entendem que, embora a mudança pudesse facilitar o ajuste fiscal no Brasil, está longe de ser a solução definitiva para os problemas brasileiros. Pela manhã, alguns já haviam afirmado que o recuo do dólar era acentuado pelo baixo volume de negócios e tendia a desaparecer em breve, em meio à perspectiva ainda difícil no país.
Às 15:04, o dólar recuava 0,26 por cento, a 3,7816 reais na venda. A moeda dos Estados Unidos atingiu 3,7057 reais na mínima do dia, menor cotação no intradia desde 2 de setembro (3,6953 reais). O dólar futuro, que havia reagindo com força a esses rumores após o fechamento do mercado à vista na véspera, avançava cerca de 0,9 por cento.
Segundo fontes ouvidas pela Reuters, Levy teria "prazo de validade" no cargo, onde deve ficar até o final do ano, no máximo início de 2016, e crescem as pressões sobre a presidente Dilma Rousseff para escolher Meirelles para substituí-lo.
"Nada garante que isto materializará o ajuste fiscal necessário. Neste contexto, a reação positiva dos mercados pode durar pouco. No entanto, se os novos nomes conseguirem melhorar o apoio político da equipe econômica, poderemos ver algum ponto de inflexão nos mercados locais", escreveram analistas da Guide Investimentos em nota a clientes.
Meirelles comandou o BC durante os dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e adotou política monetária considerada mais ortodoxa, o que costuma agradar aos mercados financeiros. Além disso, investidores consideram que ele teria mais facilidade para dialogar com o Congresso em um momento de intensos atritos entre o Executivo e o Legislativo.
Operadores ressaltavam que a perspectiva para o Brasil continua bastante difícil e a mudança na equipe econômica, no melhor dos casos, apenas atenuaria esse quadro. Segundo eles, o movimento forte visto pela manhã foi exagerado pelo baixo volume de negócios, reflexo das profundas incertezas no Brasil.
"A questão do mercado como um todo é a falta de liquidez... O investidor estrangeiro entra vendendo dólar e acaba que o investidor local, já machucado, segue o embalo", disse o especialista de câmbio da corretora Icap, Italo Abucater.
O BC deu continuidade, nesta manhã, à rolagem dos swaps cambiais que vencem em dezembro. Até agora, a autoridade monetária rolou o equivalente a 4,141 bilhões de dólares, ou cerca de 38 por cento do lote total, que corresponde a 10,905 bilhões de dólares.
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