Dólar cai e vai abaixo de R$ 3,80 por atuação do BC, apesar de Fed
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou abaixo de 3,80 reais nesta quinta-feira, com a atuação do Banco Central compensando os temores de que possível alta dos juros norte-americanos neste ano reduza a atratividade de ativos brasileiros.
O dólar recuou 0,53 por cento, a 3,7765 reais na venda. Na mínima do dia, a moeda norte-americana atingiu 3,7656 reais e, na máxima, foi a 3,8183 reais.
Na véspera, a moeda norte-americana havia avançado 0,69 por cento, reagindo a dados fortes sobre a economia dos Estados Unidos e declarações da chair do Federal Reserve, Janet Yellen, indicando que os juros nos Estados Unidos poderiam subir em dezembro.
"Parece que o BC está deixando um recado para o mercado com estes novos leilões de linha, de que não se sente confortável com um dólar acima dos 3,80 reais", disse o operador da corretora Correparti Jefferson Luiz Rugik.
O BC realizou nesta tarde leilão de venda de até 500 milhões de dólares com compromisso de recompra. Segundo a assessoria de imprensa da entidade, a operação não teve a finalidade de rolar contratos já existentes.
É a segunda vez que o BC promove uma intervenção desse tipo nesta semana, mesmo após um mês de alguma tranquilidade no câmbio.
O BC também deu continuidade, nesta manhã, à rolagem dos swaps cambiais que vencem em dezembro. Até agora, a autoridade monetária rolou o equivalente a 1,780 bilhão de dólares, ou cerca de 16 por cento do lote total, que corresponde a 10,905 bilhões de dólares.
A intervenção do BC trouxe alívio aos investidores, que têm se mostrado preocupados com a possibilidade de que o Fed eleve os juros em dezembro. O temor, que impulsionava o dólar em relação a moedas como os pesos chileno e mexicano é de que juros mais altos nos EUA atraiam à maior economia do mundo recursos aplicados em outros países.
Nesta manhã, o próprio BC reconheceu essa possibilidade, com o diretor de Política Econômica, Altamir Lopes, afirmando que há indícios de que o início do processo de normalização da política econômica nos EUA pode ser em dezembro.
O presidente do Fed de Atlanta, Dennis Lockhart, afirmou nesta tarde que a alta de juros continua indefinida e sujeita a dados econômicos, mas é possível defender que a economia está pronta para o fim da era da crise econômica global.
"É bom apertar os cintos porque parece cada vez mais claro que os juros vão subir no mês que vem", disse o operador de uma corretora internacional. Ele ressaltou, no entanto, que números muito fracos sobre a geração de emprego nos EUA, que serão divulgados na sexta-feira, podem mudar essas apostas.
Mesmo com o alívio recente, economistas consultados pela Reuters ainda esperam que o dólar volte acima de 4 reais nos próximos meses. A moeda atingiria 4,03 reais em janeiro e 4,12 reais daqui a um ano, segundo a mediana das projeções de 24 instituições na pesquisa.
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