CNC: Em outubro, preços das variedades arábica e robusta apresentaram tendências divergentes
Boletim Conjuntural do Mercado de Café
— Outubro de 2015 —
Em outubro, os futuros do arábica, negociados na ICE Futures US, acumularam discreta queda, após um mês de intensa volatilidade. O mercado climático e as oscilações no câmbio brasileiro foram os principais fatores que influenciaram essa tendência.
Durante a primeira quinzena de outubro, as cotações do contrato C apresentam significativa valorização, com o vencimento mais líquido atingindo a máxima de US$ 1,3465 por libra-peso, maior patamar desde meados de agosto. Esse comportamento resultou principalmente do clima quente e seco que predominou sobre o cinturão produtor brasileiro. O atraso no retorno das chuvas nesta primavera já impactou o potencial produtivo do parque cafeeiro nacional para 2016. Porém, com o retorno das chuvas sobre as principais origens nacionais, os futuros do arábica devolveram os ganhos acumulados nas duas primeiras semanas do mês.
O comportamento do dólar ajudou na sustentação das cotações do café arábica, pois encerrou outubro a R$ 3,8628, com desvalorização mensal de 2,4% ante o real. Além das incertezas políticas e econômicas do Brasil, o movimento do câmbio foi influenciado pelas expectativas de manutenção dos juros nos Estados Unidos em nível próximo a zero.
Diante desse cenário, o vencimento dezembro do contrato C acumulou queda de 40 pontos, sendo cotado a US$ 1,2095 por libra-peso no último dia de outubro. A cotação média mensal, de US$ 1,2513, foi 39% inferior à do mesmo período de 2014. Ainda que convertidas para reais, as cotações de Nova York foram 3,4% inferiores ao patamar médio de outubro do ano passado, mês em que ultrapassaram os US$ 2 devido à estiagem prolongada no Brasil.
Os estoques certificados de arábica da bolsa nova-iorquina apresentaram queda de 90,7 mil sacas, encerrando o mês em 1,9 milhão de sacas. O volume estocado encontra-se em patamar 20% abaixo do observado no mesmo período do ano anterior, de 2,37 milhões de sacas.
O mercado futuro da variedade robusta, negociado na ICE Futures Europe, seguiu tendência oposta à observada em Nova York. O vencimento janeiro/2016 foi cotado a US$ 1.643 por tonelada no último dia de outubro, com valorização de US$ 79 em relação ao fechamento de setembro. A cotação média mensal, de US$ 1.600/t, foi 23,9% inferior à do mesmo mês de 2014.
Os estoques certificados de robusta monitorados pela Bolsa de Londres não vêm apresentando oscilação significativa, mantendo-se ao redor dos 3,4 milhões de sacas desde agosto. No final de outubro, somavam 3,36 milhões de sacas, 66% superiores ao volume contabilizado no mesmo período do ano passado.
A preocupação com o aperto da oferta de robusta sustentou seus preços no mercado internacional e doméstico. No Brasil, os preços do café conilon renovaram máximas ao longo de outubro, reduzindo os diferenciais em relação à variedade arábica. Além da quebra da safra 2015/16, o real desvalorizado e o menor volume exportado pelo Vietnã favoreceram as vendas externas do robusta brasileiro, reduzindo sua disponibilidade interna. Ademais, a situação atual de falta de chuvas no Espírito Santo e na Indonésia afeta o potencial produtivo da variedade no próximo ciclo.
O indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para o café conilon foi cotado, no final de outubro, a R$ 373,88/saca, acumulando alta de 5,8% no mês. Já o indicador da saca de arábica não apresentou variação significativa em relação a setembro, encerrando outubro a R$ 471,99/saca. O diferencial de preços entre as variedades ficou abaixo dos R$ 100/saca.
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